Não se pode brincar de Democracia quando o resultado
eleitoral é ignorado. Barack Obama ajudou a plantar as sementes da Primavera
Árabe cujas flores murcharam cêdo.
A visão de um Norte da África Islâmico causa arrepios e
insônia no mundo Judaico e Cristão. Os Europeus temerosos da influência que
chega a seus imigrantes árabes; os Estados Unidos apavorados com o terrorismo;
Israel, temeroso pelo cerco de suas fronteiras. Assim, as potencias Ocidentais
e Israel foram unânimes em rejeitar,
ainda que in pecto, a vitória Islâmica no Egito.
Preocupação legítima, dada a hostilidade que as massas
Muçulmanas devotam aos Estados Unidos, por elegeram Israel como seu aliado incondicional,
abandonando qualquer pretensão de tratamento equitativo entre nações e povos da região. Ainda, apesar de apelos à moderação,
os Estados Unidos não conseguem se desvencilhar do apoio obrigatório que dedica
às ditaduras do Oriente Médio. É difícil conquistar a simpatia de povos
oprimidos.
Faltava, no entanto, o pretexto para invalidar a eleição
cuja legitimidade não foi contestada. Este chegou graças à inabilidade do presidente
Mursi, demonstrando autoritarismo sem, contudo, desrespeitar a Constituição,
aprovada em plebiscito. Teve por oposição as classes abastadas e a minoria
Cristã, aliados à ditadura deposta e os chamados liberais laicos, hoje
arrependidos.
Foi o bastante para o General Sissi, premido por incontida saudade
do poder militar, estimulado indiretamente por um Israel inquieto com a
vizinhança da Irmandade Muçulmana, e por um desviar de olhar distraído de
Washington (apesar de seu inigualável serviço de espionagem), para trair seu
criador. Quem acredita que o General não recebeu sutil aprovação?
Daí ao massacre dos últimos dois dias foi um passo. Hoje
chega a mais de 600 mortos e milhares de feridos. Mortos desarmados em
manifestação pacífica. O novo governo, sai fortalecido pelas declarações
Européias e Americanas, que recomendam diálogo com a oposição, porém sem
condenar o Golpe de Estado, sem condenar a prisão e defender a recondução do presidente
deposto, sem criticar o encarceramento dos dirigentes do seu partido, sem se
opor ao fechamento das estações de rádio e televisão, ou seja um atentado à
imprensa livre.
Com os civis executados morreu também a esperança de democracia na
região, pois uma nova regra de vitória seletiva foi estabelecida: ganha só quem convier. Qual o valor do voto, perguntar-se-á o futuro eleitor Egípcio? Cria-se nova zona de
instabilidade, valorizando o discurso radical néo-Salafista e condições para a
proliferação terrorista. A solução encontrada pelos perpetrantes diretos e
indiretos deste Golpe de Estado não parece boa.
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