No caso, o exemplo não é bom. Num episódio que lembra as agruras do Mensalão e nossas dúvidas sobre as conseqüências finais que recairão sobre os condenados, recebemos da Eterna Roma um exemplo edificante de como é julgado um político que saiu dos trilhos da decência.
Trata-se do Commendatore Berlusconi, nosso conhecido de
outros carnavais. Pelas estrepolias financeiras e sexuais, sem dúvida o homem
mais importante da Itália, acaba de ser condenado à 4 anos de prisão por evasão fiscal explicita.
Bem, não é bem assim... De fato a Côrte Italiana condenou o
agitado magnata/político, porém a severidade da condenação sofreu gradual e incontida
atenuação nos dias que se seguiram ao veredíto. De prisão carcerária, passou-se
a prisão domiciliar, e de domiciliar para trabalhos comunitários. Sabe-se lá
que abrandamento adicional poder-se-á esperar? Tem mais! Parece que o Senador
Berlusconi poderá manter o seu mandato, revelando que lá, como aqui,
parlamentares condenados continuam mandando no país. Sim, nosso trêfego show-man,
empresário e político, demonstra ter pelo menos três vidas, uma para cada uma
de suas vocações acumuladas.
O partido “Povo da Liberdade”, do qual o ex Premiê é o
expoente, promete encetar profunda reforma do Judiciário, evidentemente
despreparado para julgar. Esta singular agremiação defende que só uma revisão
profunda do Léxico Jurídico, em prol dos
condenados, poderá salvar a democracia Italiana. Caso não tenha sucesso,
promete jogar tudo para o alto, retirando-se da coalizão que governa uma Itália
aflita e combalida.
Em que difere o
grasnar destes corvos Romanos dos uivos dos lobos em terra nostra, no plenário democrático que deveria ser o nosso Parlamento? Em nada. O que comprova que certas
coisas são Universais, e a corrupção é uma delas. Os que a defendem, seja qual
for a cultura que os impele, acabam por seguir os mesmos sombrios corredores
que visam perpetuar o estrangulamento da Ética.
Resta agora, a conclusão do julgamento dos acusados do
Mensalão. Dois possíveis efeitos opostos advirão da experiência Italiana. O
primeiro será o de demonstração, onde, afinal, o crime no topo do monte
político (pirâmide seria palavra por demais nobre) não merece severidade. O
segundo efeito seria o de alertar “as Ruas” caso leniência indevida se instale no seio do Supremo
Tribunal Federal.
Agosto, mês de desgosto. O será para o povo Brasileiro, ou para
os réus?
Nenhum comentário:
Postar um comentário