sábado, 3 de agosto de 2013

O exemplo que vem de longe



Faça sua legenda: terça-feira (8)No caso,  o exemplo não é bom. Num episódio que lembra as agruras do Mensalão e nossas dúvidas sobre as conseqüências finais que recairão sobre os condenados, recebemos da Eterna Roma um exemplo edificante de como é julgado um político que saiu dos trilhos da decência.

Trata-se do Commendatore Berlusconi, nosso conhecido de outros carnavais. Pelas estrepolias financeiras e sexuais, sem dúvida o homem mais importante da Itália, acaba de ser condenado à  4 anos de prisão por evasão fiscal explicita.

Bem, não é bem assim... De fato a Côrte Italiana condenou o agitado magnata/político, porém a severidade da condenação sofreu gradual e incontida atenuação nos dias que se seguiram ao veredíto. De prisão carcerária, passou-se a prisão domiciliar, e de domiciliar para trabalhos comunitários. Sabe-se lá que abrandamento adicional poder-se-á esperar? Tem mais! Parece que o Senador Berlusconi poderá manter o seu mandato, revelando que lá, como aqui, parlamentares condenados continuam mandando no país. Sim, nosso trêfego show-man, empresário e político, demonstra ter pelo menos três vidas, uma para cada uma de suas vocações acumuladas.

O partido “Povo da Liberdade”, do qual o ex Premiê é o expoente, promete encetar profunda reforma do Judiciário, evidentemente despreparado para julgar. Esta singular agremiação defende que só uma revisão profunda do Léxico Jurídico,  em prol dos condenados, poderá salvar a democracia Italiana. Caso não tenha sucesso, promete jogar tudo para o alto, retirando-se da coalizão que governa uma Itália aflita e combalida.

Em que difere o grasnar destes corvos Romanos dos uivos dos lobos em terra nostra,  no plenário democrático que deveria ser  o nosso  Parlamento? Em nada. O que comprova que certas coisas são Universais, e a corrupção é uma delas. Os que a defendem, seja qual for a cultura que os impele, acabam por seguir os mesmos sombrios corredores que visam perpetuar o estrangulamento da Ética.

Resta agora, a conclusão do julgamento dos acusados do Mensalão. Dois possíveis efeitos opostos advirão da experiência Italiana. O primeiro será o de demonstração, onde, afinal, o crime no topo do monte político (pirâmide seria palavra por demais nobre) não merece severidade. O segundo efeito seria o de alertar “as Ruas” caso  leniência indevida se instale no seio do Supremo Tribunal Federal.

Agosto, mês de desgosto. O será para o povo Brasileiro, ou para os réus?

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