David Miranda e Glenn Greenwald (foto do O Globo)
David Miranda,
brasileiro, companheiro de Glenn Greenwald, britânico, foi detido, por nove
horas, no aeroporto de Heathrow, na Inglaterra. Foi submetido a interrogatório,
teve todos seus pertences detidamente examinados e tudo que era eletrônico,
computador, pen drive, e telefone celular, confiscados. A detenção teve por
base o combate ao terrorismo! Nada mais remoto da verdade.
Por mais que
façamos uso da imaginação, não há como ligar o Sr. Miranda a qualquer atividade
terrorista. Nem sua relação afetiva com o Sr. Greenwald, jornalista do diário
inglês The Guardian nem seu
comportamento privado e público o liga a qualquer fato que remotamente possa
ser ligado a terrorismo. Quando muito, a única atividade fora do comum é sua
amizade com o jornalista que divulgou os segredos de Mr. Snowden, que, por sua
vez, em nenhum momento manifestou apoio nem
conivência com o terrorismo.
Conclui-se,
pois, que a detenção, embasada tão sómente em lei anti-terrorista, foi injustificada. Um cidadão brasileiro
foi submetido a intenso, impiedoso e
profundamente estressante interrogatório, tornando a intervenção britânica em
nítida crueldade psicológica. Para quem duvidar, coloque-se sob interrogatório
ininterrupto de sua mulher por uma hora, multiplique por nove e substitua a
irada esposa por seis interrogadores profissionais que dispõem de pouco tempo para
arrancar-lhe tudo que sabe, e que não sabe.
Hoje, David
Miranda já estará no Brasil, este querido país que, apesar dos desmandos e
trapalhadas, livrou-se desta neurose que acomete os países de consciência
pesada. Sim, pesada por terem, mediante suas políticas externas agressivas, por
um histórico de colonialismo para uns, e neo-colonialismo para outros, engendrado
ódios e incompreensões que se
transformaram em perene ameaça. A outrora majestosa Grã Bretanha curva-se à
vontade de sua ex-colônia, fazendo-lhe as vontades que vão desde às guerras ao
atropelo da própria lei. Sim, porque a prisão do Sr. Miranda, solicitada pelos
canais de inteligência Yankee, foi
nitidamente ilegal.
E como fica o
Brasil? Presumo que,
respeitando a secular prática diplomática, exercerá seu direito, não de
retaliação mas de reciprocidade. Não é de nosso feitio imitar a detenção, por
nove horas, de um cidadão britânico que chegue às nossas praias. Certamente não.
Mas seria apropriado convocar o embaixador de Sua Majestade Britânica para
esclarecimento e promessa de respeitar suas próprias leis quando tratando com
os brasileiros que por lá aportarem.
O senhores David Miranda e Jean Charles de Menezes, ambos vítimas de desrespeito das leis Britânicas pelos Britânicos, agradeceriam.
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