segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Arrogância Britânica, resposta Brasileira.


David Miranda (esquerda) e o jornalista Glenn Greenwald, no Rio de Janeiro. David foi detido por autoridades inglesas no aeroporto de Heathrow
Foto: Arquivo Pessoal

David Miranda e Glenn Greenwald (foto do O Globo)


David Miranda, brasileiro, companheiro de Glenn Greenwald, britânico, foi detido, por nove horas, no aeroporto de Heathrow, na Inglaterra. Foi submetido a interrogatório, teve todos seus pertences detidamente examinados e tudo que era eletrônico, computador, pen drive, e telefone celular, confiscados. A detenção teve por base o combate ao terrorismo! Nada mais remoto da verdade.

Por mais que façamos uso da imaginação, não há como ligar o Sr. Miranda a qualquer atividade terrorista. Nem sua relação afetiva com o Sr. Greenwald, jornalista do diário inglês The Guardian  nem seu comportamento privado e público o liga a qualquer fato que remotamente possa ser ligado a terrorismo. Quando muito, a única atividade fora do comum é sua amizade com o jornalista que divulgou os segredos de Mr. Snowden, que, por sua vez, em nenhum  momento manifestou apoio nem conivência com o terrorismo.

Conclui-se, pois, que a detenção, embasada tão sómente em lei anti-terrorista,  foi injustificada. Um cidadão brasileiro foi submetido a intenso, impiedoso  e profundamente estressante interrogatório, tornando a intervenção britânica em nítida crueldade psicológica. Para quem duvidar, coloque-se sob interrogatório ininterrupto de sua mulher por uma hora, multiplique por nove e substitua a irada esposa por seis interrogadores profissionais que dispõem de pouco tempo para arrancar-lhe tudo que sabe, e que não sabe.

Hoje, David Miranda já estará no Brasil, este querido país que, apesar dos desmandos e trapalhadas, livrou-se desta neurose que acomete os países de consciência pesada. Sim, pesada por terem, mediante suas políticas externas agressivas, por um histórico de colonialismo para uns, e neo-colonialismo para outros, engendrado ódios e incompreensões  que se transformaram em perene ameaça. A outrora majestosa Grã Bretanha curva-se à vontade de sua ex-colônia, fazendo-lhe as vontades que vão desde às guerras ao atropelo da própria lei. Sim, porque a prisão do Sr. Miranda, solicitada pelos canais de inteligência Yankee, foi nitidamente ilegal.

E como fica o Brasil? Presumo que, respeitando a secular prática diplomática, exercerá seu direito, não de retaliação mas de reciprocidade. Não é de nosso feitio imitar a detenção, por nove horas, de um cidadão britânico que chegue às nossas praias. Certamente não. Mas seria apropriado convocar o embaixador de Sua Majestade Britânica para esclarecimento e promessa de respeitar suas próprias leis quando tratando com os brasileiros que por lá aportarem.

O senhores David Miranda e Jean Charles de Menezes, ambos vítimas de desrespeito das leis Britânicas pelos Britânicos, agradeceriam.

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