quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Aula Jurídica

         Ministro Joaquim Barbosa


Parece oportuno  tecer-se  alguns comentários sobre a sessão de ontem no Supremo Tribunal, quando o Embargo Declaratório  do bispo Rodrigues  mereceu o julgamento da Corte.

Importante observar a atuação do Ministro Luis Roberto Barroso. Homem complexo, sutil, cujas primeiras palavras foram de  critica à “severidade” das penas impostas aos malfeitores do Mensalão.  Arguiu que, tivesse ele participado do julgamento desde seu início, não apoiaria a severidade imposta aos réus. Ainda, votaria, diz ele, com o Ministro Levandowski no caso do trêfego evangélico, reduzindo-lhe a pena.

O Ministro Teori Zavascki, por outro lado, revelou-se atento aos parâmetros da Lei. Em curto, porém denso, parecer, deu pleno apoio ao Relator, o Ministro Joaquim Barbosa. Promete, este novo integrante do Tribunal, uma atuação proba e imparcial.

Já, o Ministro Lewandowski demonstra uma fluência admirável. Argumenta bem, reforçando seus pontos de vista com elegância e polidez, ainda que tendendo para a loquacidade excessiva. Será  tática? Seu partidarismo, neste caso em prol do duvidoso Pastor, no entanto, reduz o valor de sua participação. Seguiu-lhe os passos o Ministro Dias Toffoli, procurando a luz que lhe vinha do alto.

Mais uma vez, o Ministro Marco Aurélio surpreende, tomando rumo inesperado ao apoiar a tese do Ministro Lewandowski. Muitos são os que o acusam, talvez injustamente, de buscar sempre no contraditório maior visibilidade.

As Senhoras Ministras Carmem Lucia e Rosa Weber se houveram bem, para aqueles que desejam a pena mais severa, tendo em vista a gravidade do crime, não só de corrupção, mas pelo conteúdo, a ela inerente, visando desvirtuar o processo democrático e o ideal Republicano.

A aula do Ministro Celso Mello foi admirável. Sob os mais diversos ângulos em que avaliou a justeza do Acórdão punitivo,  tornou insofismável a rejeição do Embargo Declaratório. Acentuou, assim, a angustia que a todos assalta face à sua decisão de aposentadoria precoce.

Os Ministros Fux e Mendes, o primeiro com mais brilho, o segundo mais conciso derrubaram a manobra, por muitos visto como protelatória. Ambos revelaram-se guardiães do bom Direito.

Finalmente chegamos ao inconteste Homem Digno, o Ministro Joaquim Barbosa. Num momento de indecisão, quando a poderosa argumentação do Ministro Lewandowski parecia semear dúvidas no plenário, o presidente do Tribunal optou por intervenção decisiva, delineando os elementos que tornavam inconteste a validade do Acórdão contrário ao Réu.


O julgamento que o Brasil assistiu ontem  renova a esperança de um Brasil melhor.

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