Em recente eleição presidencial, o Irã elegeu Hassan Rohani.
Substitui o radical Ahmadinejad, de triste memória. As chancelarias
internacionais parecem concordar que a ascenssão
deste moderado clérigo/político poderá
abrir o caminho para o arrefecimento do
contencioso nuclear que prevalece faz anos.
Interessa, tanto ao
Irã como aos Estados Unidos encontrar formula conciliatória, porém posições
anteriormente assumidas tornam difícil o êxito da missão. Rohani já manifestou
desejo de negociar apesar de Teerã defender seu direito de enriquecer urânio.
Tem por base o Tratado de Não Proliferação Nuclear, do qual é contratante e que
lhe veda, tão somente, a fabricação de
armas nucleares. O governo Barack Obama
também já manifestou interesse em
re-encetar negociações, porém exige o término do enriquecimento, de acordo com
Resolução das Nações Unidas.
No entanto ambas as partes vêem seu caminho tolhido por feroz
resistência de Israel, que alega ser intenção do Irã enriquecer seu urânio a 90%, e
não os 20% declarados, permitindo assim, a construção da bomba nuclear. Como
medida visando o colapso de qualquer negociação, foi mobilizada a mais relevante
associação de interesses israelenses nos Estados Unidos, a AIPAC. Esta,
desprezando a significativa mudança na cúpula Iraniana, agiu diretamente junto à Câmara de Deputados
obtendo resolução (400 votos a favor contra 20) postulando o aumento de sanções
a Teerã, o que equivaleria ao estrangulamento econômico daquele país.
A se perder esta oportunidade, onde negociações diplomáticas
possam explorar as varias formulas para um entendimento permanente, em ambiente
de respeito mútuo, resvalaremos, novamente para as relações pautadas pela
hostilidade e preconceitos, onde o círculo vicioso de ação e retaliação levará
a região a novo conflito.
Em exercício hipotético sugiro algumas alternativas possíveis:
1.
A capitulação de Teerã, abandonando o
enriquecimento do urânio. Provavelmente outras exigências seriam impostas, tais
como que tipo de armamento convencional seria permitido ao arsenal Iraniano e,
ainda, a manutenção de certas sanções. Pode-se prever inconformidade em setores
relevantes.
2.
Manutenção e, possivelmente, aceleração velada do
programa nuclear. Tal decisão visaria assegurar a segurança e soberania do
país, ameaçadas pelo violento constrangimento econômico decorrente das sanções.
Opção de altíssimo risco, prevendo-se
ataques pontuais por forças Israelenses e Norte Americanas, às quais Teerã oporia
ação hostil indireta junto às populações
xiitas do Oriente Médio, vide Iraque, Síria, Bahrein e outros. Ainda, como
retaliação e manobra para futura negociação, exerceria influência adversária no Afeganistão.
3.
Substituição de estratégia, mantendo o programa
nuclear dentro dos limites atuais, buscando segurança através de concessões
especiais à Rússia e à China, na tentativa de atrair países cujo contencioso
com os Estados Unidos tende a crescer.
Certamente outras opções existem, porém nenhuma parece tranqüilizadora.
A tendência impositiva da diplomacia de Washington, atiçada, e por vezes
controlada, pelos interesses de Tel Aviv, parece dificultar o início de diálogo. Vale, também, lembrar a natureza autoritária e inflexível do Aiatolá Khamenei, líder supremo do Irã, cuja intervenção poderá inviabilizar qualquer acordo.
O jogo é de altíssimas apostas, pois um conflito no Irã
poderá transbordar, insuflando, ainda mais, o mar revolto do Oriente Médio. Nem
Beijing nem Moscou estarão alheios às alterações géo-políticas que advirão de conflagração
naquela região, sendo o Irã de direto interesse Russo, e o Golfo Pérsico,
importante para a China.
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