sexta-feira, 28 de junho de 2013

O preço dos princípios


O caso em questão trata de crime cometido por dois jovens profundamente honestos, que nenhum ganho visavam, senão o de sacrificar seu bem estar pela defesa de princípios os mais fundamentais da nação Norte Americana.

Defendem estes jovens os valores que formaram sua infância e juventude. Um deles, Bradley Manning,  foi criado sob a égide do “fair play”, da  excepcionalidade moral de seu país. Aprendeu na escola os perigos e armadilhas  que George Washington e Benjamin Franklin vislumbravam no uso da diplomacia secreta. O jovem Bradley acreditou.

Já Edward Snowden acredita nos preceitos que nortearam sua educação,  onde a liberdade do cidadão, livre da invasão de sua privacidade pelo Estado, é direito inquestionável defendido pelos “Founding Fathers”, os fundadores da notável nação Americana.
                                                                                                                                                                                                                         
No entanto, estes dois rapazes são hoje criminosos, sujeitos à prisão perpétua, execrados pelo Estado e por boa parte da Nação. Tanto um como outro são acusados de revelar segredos de Estado da mais alta relevância, assim colocando a Nação sob perigo.

Mas fala-se de que perigo? O já famoso massacre de inocentes Iraquianos por helicóptero Apache, exibido em vídeo, em nada inova, pois a imprensa vem revelando, através dos anos de luta naquele país, sucessivos massacres que, por ambos os lados do conflito, marcaram aquela guerra cruel. Violaria confidencia, também, pela publicação de centenas de telegramas, quando a duplicidade da diplomacia de Washington em nada difere da duplicidade das demais Chancelarias que povoam o planeta. Bradley Manning cometeu o crime de indignar-se com a banalidade. Todos já conheciam seu segredo.

Edward Snowden, por sua vez, também desvendou o óbvio.
Quanto aos segredos por ele descortinados, os são de “polichinelo”. Publicado faz anos, o livro intitulado “Body of Secrets”, por James Bamford, descreve detalhadamente tudo aquilo, e muito mais, sobre a Agência de Segurança Nacional. Nada indica que o autor tenha sido perseguido e prêso pela sua indiscrição.

Convicto em seus ideais, não pôde Snowden ignorar o perigoso caminho que ora trilha o país, sob a justificativa da Guerra ao Terror, na derrubada das fronteiras da privacidade e da liberdade. Até que ponto esta guerra 
sem fim existe, dentre outros fatores, por inépcia de uma imprudente política externa auto proclamada como determinante dos destinos do mundo?

Observamos, assim, que dois homens puros nos seus ideais, obedientes aos princípios que lhes foram incutidos nos bancos escolares, conceitos  que dignificaram sua Pátria, encontram-se expostos à execração pública e legal. Suas vidas, sua liberdade, postas em jogo por convicção sincera, colocam-nos, quais cordeiros aquiescentes, às portas do abate. São vitimas da contradição entre os conceitos elevados defendidos nas carteiras escolares e os atos rasteiros da “realpolitik”.

* Crédito das fotos: Bradley Manning- Rafffazanata.blogspot.com
                                 Edward Snowden - Businessinsider.com

terça-feira, 25 de junho de 2013

A resposta...e mais perguntas.


A Senhora Presidenta Dilma deu sua resposta à Rua. Como seria de se esperar, manifestando sua admiração pelo protesto da juventude,  pretende não ser dele o alvo. Contudo, difícil será enganar os nossos jovens.

Um alerta é necessário. Como poderá o atual Congresso, maculado por anos de incúria, desvios  e até criminalidade, poderá, com a força moral que se impõe, comandar o processo que resgate da Nação, conforme  proposto no discurso?

A seqüência oferecida no discurso presidencial, tendo por início o Plebiscito, seguido por uma Comissão Redatora de alteração Constitucional, e, finalmente votada pelo Congresso que aí está, parece sofrer de vício na sua gênese. Poderão os parlamentares, objeto que são da justa rebeldia popular, receber, de súbito, os feixes iluminados do conhecimento, da  prudência, da lisura, e do desprendimento patriótico?

Quem votará pela redução dos salários, do numero infindável de assessores, das aposentadorias milionárias? Quem abolirá os senadores sem voto, restabelecendo o processo democrático no Senado? Quem expulsará os parlamentares de ficha suja? São perguntas que não se calam.

Serão estes os senhores que darão novo rumo à Pátria?

Melhor será iniciar, de imediato, e sob a vigilância da Rua ainda alerta, a votação das  diversas medidas para o saneamento do arcabouço político brasileiro. O plebiscito nada mais é do que jogar areia nos olhos do povo.


domingo, 23 de junho de 2013




esportes r7.com


Ainda a  Passeata

É novo, aquilo que agora ocorre no Brasil. Mais de milhão nas ruas, simultaneamente, com o intuito cívico (apesar da presença minoritária de baderneiros) de constitui-se em  novo fator político em nosso país, fator de imensa importância, fator que pode regenerar a Nação.

Sem o Face Book, esta rebelião contra o atual descalabro nos corredores do poder, não teria acontecido, não existiria sem a sua  condição congregadora e difusora. Para que ocorresse foi necessário o continuo acumulo de fatos frustrantes e  degradantes trazidos à atenção  atônita da juventude brasileira.

O desnudar da corrupção que conspurca o país foi o julgamento do Mensalão. Os detalhes sórdidos revelados na intimidade de políticos ligados ao poder, retiraram do povo a venda que lhe impedia ver, com clareza, a cruel injustiça social que decorre da corrupção, aquela que favorece uma casta em detrimento dos que trabalham para o seu sustento. Aquela que subtrai a riqueza de todos em benefício de impune quadrilha.

A inflação crescente agulhou o ânimo dos protestos, que teve por catalisador o aumento das passagens de ônibus. Mas houve outras tais como a perda do poder de compra e o conseqüente empobrecimento que  contradiz o discurso do Executivo, aquele que promete crescente prosperidade às classes menos favorecidas.

E, ainda, o descalabro administrativo e moral que fragiliza a Educação e a Saúde, divida ainda não paga pelo governo que promete mas não cumpre.

Esta rebelião está sendo feita pelos jovens, que identificam, nos atos do Governo,  a destruição do ideal Republicano, que reconhecem  a perda de rumo da Democracia.

A presidente Dilma se manifestou, apoiando as manifestações (como deixar de fazê-lo?), tentando co-optála.  Prometeu reforma política, impossível enquanto na eleição o dinheiro pesa mais do que o voto. Prometeu reformar a educação, com os longínquos  recursos do Pré-Sal, ainda adormecido a sete mil metros sob o mar. Quanto à Saúde, pouco falou...Quanto aos estádios, os contratos firmados não parecem validar suas palavras.

Sua sinceridade será constantemente aferida, medida pela neutralização da PEC 37/11, pelo apoio à conclusão do julgamento do Mensalão, pelas medidas eficazes para reverter a inflação, pela reforma eleitoral proibindo doações milionárias às campanhas eleitorais a troco de benefícios solertes. Aí, sim, o país começa a mudar, a melhorar. Tudo mais é conversa fiada.


Talvez seja essa é a hora de cessar as manifestações que prejudicam o andamento da economia bem como os jovens que delas participam porém sem que descurem da Vigilância. Certamente não cabe o vandalismo nem o extremismo, que desagregam a união que deve reinar no seio desta força inigualável que é a esperança determinada da juventude brasileira.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Uma alternativa

Primeiro passo: capturar duas pombas. Já as tenho em mira, pois freqüentam o jardim do meu prédio. Uma é, na realidade, um. Machão despudorado que passa o dia comendo e correndo atrás das meninas pombas. Dei-lhe o nome de Pablo (estava vendo um filme da Guerra Civil Espanhola). É  grandão, arrogante, mas bonitão. Acaba conseguindo o que quer, depois de hipócritas fugas das meninas pombas. Já a outra, a moça que escolhi dei-lhe o nome de Carmem. Era tão feminina como uma pombinha pode ser. Uma graça.

Depois de uma semana de suborno desavergonhado, indo da   crosta de pão aos restos de croissant e torta, consegui que o casal me seguisse até a jaula.  Jaula, não. Trata-se de enorme gaiola, situada na cobertura, que, em futuro breve estará povoada por um monte de pombinhos.

Mas porque tudo isso? Muito simples; meu plano é o de adotar o  mais auto-sustentável, mais orgânico e mais ecológico sistema de comunicação. Um sistema longe dos olhos eletrônicos que de tanto ler nossas mensagens terminarão por ler as nossas mentes. No uso dos meus pombos enviarei pequenos papeis contendo meus escritos aos amigos. Divulgarei minhas opiniões, sobre o cinema, a política, e as barbaridades que assolam o mundo sem que as ubíquas siglas, DAS, CIA, FBI, MI5 e 6, NKVD, GPU, MOSSAD possam atropelar  a intimidade de meu pensamento. Se meu exemplo frutificar, teremos os céus do Rio repleto de mensageiros, pousando nas mais diversas janelas, trazendo em suas frágeis  pernas o nosso carinho, a nossa indagação, a nossa opinião. 


Sim, Pablo e Carmen, e sua futura prole, longe das antenas e cabos da vigilância digital, devolver-me-ão o luxo do pensamento livre, livre da intrusão alheia.  

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Passeatas

20 centavos não parece grande coisa. Afinal o aumento do ônibus é de, mais ou menos, 7%. Mas como se explica tão enorme mobilização nas ruas do Rio e de São Paulo? Como interpretar a violência de sentimentos, onde a indignação é tamanha?

Melhor seria compreender este enorme protesto como repulsa à coisa mais ampla, mais abrangente, mais profunda. A pequena moeda de 20 centavos representaria, em estranha simbologia,  o acumulo de repulsa face aos desmandos que os governantes impõem aos cidadãos? Inflação em alta, educação carente, saúde desleixada, transportes sádicos na sua ineficiência, e, pairando sobre a enorme insuficiência, a corrupção que desmantela a Nação.

Não creio que 20 centavos leve tantos brasileiros à rua. Há mais, por traz disso.




sexta-feira, 14 de junho de 2013

ONDE SE ESCONDE A OPOSIÇÃO

Em qualquer reunião entre amigos, a conversa resvala para a inevitável  crítica ao governo.  Não faltam tópicos que afligem até aqueles, que num momento de desconcentração, tentam se divertir. Dentre as inúmeras críticas que pairam sobre o governo podemos destacar a incontida corrupção na execução (ou falta de) obras contratadas,  os gastos bilionários do legislativo e do executivo (sem esquecer benesses concedidas ao judiciário), a enorme maquina do Executivo,  a manipulação da taxa da inflação, que mesmo assim ainda não parece domada, o imprudente despejo de recursos estatais em benefício de grupos privados, e muitos outros...

Estas conversas entre amigos terminam sempre da mesma forma: não há jeito! Não há vontade política para colocar o Brasil no bom caminho. Nada a fazer... Este desânimo cívico é coisa nova, pois faz tempo, a esperança contra um governo rejeitado era o apelo à oposição. Mas esta não mais parece existir,  não sob a forma de expressão partidária engajada na denuncia do malfeito, e na proposta de correção de rumo.

O que se observa no lado oposto ao da maléfica aliança PT/PMDB é uma paralisia política. O PSDB passa seu tempo em picuinhas internas, procurando saber quem será o melhor candidato; Serra ou Aécio? E o Sr. Eduardo Campos passa seu tempo em manobras pré-eleitorais, onde não parece preocupado com os destinos da Pátria, mas sim o de sua candidatura. E Da. Marina. Que faz ela? Só adivinhando, pois sua voz não nos chega. A apatia parece dominá-los.


Lembro-me dos tempos de Carlos Lacerda, quando a voz da indignação levantava-se no rádio, na televisão, não poupando os erros e descaminhos dos governantes .  Aqui fica o apelo ao notável Fernando Henrique Cardoso e ao arguto Aécio Neves para que empunhem, virilmente, a bandeira da contestação, do repudio e da redenção do processo político que  ora conspurca o país.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A degradação da liberdade

A história da humanidade se entrelaça com movimentos positivos, ou civilizatórios, e tendências negativas onde as conquistas do primeiro são anuladas pelo segundo. Com as significantes contribuições de pensadores franceses e britânicos a prática política evoluiu para a crescente representatividade do povo, em detrimento das oligarquias. Montesquieu instruiu muito do pensamento criador dos Estados Unidos, influindo na separação dos poderes que permitissem a sua auto-limitação,  daí, sua perenidade. Já a Revolução Francesa inovou, sobretudo,  no conceito de igualdade dentre os cidadãos, incutindo no seu povo o principio de equidade no trato do cidadão. A seguir os povos no Velho e no Novo Mundo seguiram o rumo da maior liberdade, ainda que com intensidade bem variável e, por vezes, com penosas distorções.

Já do lado das tendências maléficas, vemos o comportamento das nações, que em muito diferem dos balizamentos que norteiam seus cidadãos. Temos a ação dos Impérios e das Grandes Nações,  que guiados pela necessidade de ampliar seu poder econômico, lastreado em crescente poder militar, impõem sua vontade sobre as nações mais fracas, assim carreando vantagens comerciais, buscando consolidar, expandir e perpetuar seu poder e prosperidade doméstica.  Não que buscam a guerra, mais guerra haverá se necessário.

Enquanto o homem ostensivamente se civiliza, as nações conservam os impulsos primários na busca do poder. Esta dicotomia talvez se explique pelo conceito de nacionalismo. Se o respeito mútuo é reconhecidamente necessário no trato entre indivíduos que se freqüentam, esta solidariedade raramente ultrapassa as fronteiras. O cidadão, pacífico dentre seus limites, regride à condição tribal sob a égide do “interesse nacional ameaçado”. Transformam-se ao confrontar povos e culturas diferentes e tornam-se defensivos e inflexíveis quando não hostis, no trato com os “outros”.

Se até os anos oitenta do Século passado estas transgressões internacionais davam-se com impunidade para com os transgressores, tal já não mais ocorre no nosso Século XXI. A imensa migração dos pobres do mundo em direção aos países ricos ao longo do Século XX alterou a solidez monolítica das nações “puras”. A internet e a continua adição de instrumentos de comunicação social, embasada na transferência de idéias, conceitos, esperanças e decepções, de solidariedade e revolta, rompeu as barreiras do Nacionalismo tradicional, protegidas que foram pela força física, material, táctil. Tal nitidez não mais ocorre, e esta internacionalização, anárquica e livre pensante atua como antídoto contra  o onipotente Leviatã.  A agressão em país distante, não mais é desapercebida; gera conseqüência no âmago do agressor, seja de origem externa, seja de interna. Estas, conscientização e reação, assumem mutações onde o protesto político se estende desde o  whistle blower, às manifestações, até o condenável terrorismo.


Mas o Estado luta para conservar seu poder. O presidente mais democrático do país mais democrático não hesita em declarar que a o preço da segurança é a perda parcial de sua privacidade. Nem cabos, nem ondas, nem redes estarão livres da incansável curiosidade das “agências de informação”.  Pois é na privacidade que reside a liberdade; sua perda resulta em intervenção na vida intima do cidadão. Quantas listas estão sendo criadas,  quantos cidadãos inocentes são capturados pelos algoritmos do maniqueísmo digital? Que conseqüências trarão estas listas. Hoje será por combate ao terrorismo, amanhã por razões fiscais e administrativas, e por fim, infiltrar-se-ão os  objetivos políticos sem que o cidadão se aperceba.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Aumento da taxa SELIC      

Bom sinal. O aumento para 8% na taxa SELIC reflete a seriedade técnica do Banco Central. Do ponto de vista político, parabéns ao Executivo por não ter impedido opção contraria aos interesses eleitoreiros. Esta decisão deverá ter efeito interno na contenção do consumo, do custo mais alto de estoques especulativos, e fortalecimento do real, todos tendentes a reduzir a excitação inflacionária. No campo externo presume-se ganho de credibilidade bem como aumento de fluxo de moeda forte, ainda que, potencialmente nossas exportações possam sofrer.

Ainda que muito pressionada pela “banda podre” e majoritária do PT, os fatos parecem indicar que Dilma Rousseff tenta apontar o Brasil para o caminho certo. Indicações para o Supremo Tribunal, desonerações fiscais e trabalhistas permanentes, iniciativas na melhoria da infra-estrutura vem ocorrendo, estas últimas a passo lento.   Falta-lhe, contudo,  por vezes, habilidade e experiência na gestão, por chamar a si, erroneamente, decisões que melhor seriam tomadas (com seu consentimento) por equipe ministerial de melhor qualidade. Mas não se pode menosprezar a hercúlea tarefa que lhe cabe: a de neutralizar as interferências  partidárias maléficas que lhe tolhem a missão.

Em vez de oposição, por vezes dogmática, talvez  mais construtivo e útil ao país seria a  aproximação das entidades empresariais junto ao Executivo,  na tentativa de criar uma cunha política que atenuasse as imposições retrógradas que ora lhe afligem.


A considerar. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Nós não somos assim.

Não foram poucas as afirmativas deste gênero que já li na imprensa norte-americana. Vieram de pessoas de projeção, políticos e jornalistas. Nós não somos assim: mas como somos, perguntam-se eles?

O medo gera surpreendentes reações, que raramente são admiráveis. Somente um arraigado sentimento de justiça, calcado em profundos alicerces institucionais podem evitar o malefício que o medo sabe construir. Nos países mais relevantes da Europa Continental, vitimas que já foram do terrorismo, o procedimento judicial não sofreu alterações substanciais. Capturado o suspeito, este é investigado, indiciado, julgado e, eventualmente,  condenado.Por vezes o encarceramento por vários meses sem direito a advogado precede o inicio do procedimento judicial, mas, vale levar-se em consideração, o suspeito acaba por ser julgado por tribunal apropriado.

Já, os Estados Unidos, ao longo de sua “guerra ao terrorismo” inovou de forma dramática. Lançando-se em guerras, declaradas ou não, procedeu à captura dos  inimigos, fossem eles combatentes ou não, fossem eles culpados ou não. Colocaram-nos na base naval de Guantánamo, situada em Cuba, portanto, graças à cortina da exegese jurídica, fora da jurisdição constitucional americana. Em outras palavras, ali tudo vale, da tortura à displicência legal de negar-lhas o status de ser humano.

Neste momento, Guantánamo abriga 166 prisioneiros, que jamais foram acusados de crime nem, portanto, condenados. Lá estão há mais  de dez anos, sem perspectiva de liberdade, pois, na realidade, não existem. Como não existem, cem dentre eles querem acabar, formalmente, com sua existência, através da greve de fome. Porém, por raciocínio labiríntico, não se lhes permite a morte. O general comandante, daquele campo de vivos semi mortos pela desesperança, impõe-lhes a alimentação forçada que se adiciona à tortura psicológica que hoje sofrem. Tubos enfiados a força pelas narinas e gargantas tornam mais aguda a busca da libertação definitiva, do negro deixar de ser.

Mas nós não somos assim! Apesar da esmagadora maioria do Capitólio aprovar explicita ou implicitamente o que ocorre na distante baía cubana. Apesar do liberal presidente, face à resistência parlamentar, abandonar suas promessas de campanha, de dar fim a esta  mancha que macula toda uma história do bem contra o mal. Não, não somos assim! Mas como somos, afinal?