segunda-feira, 27 de maio de 2013




Meditações Asiáticas



A primeira reação de um brasileiro quando perguntado sobre a Ásia será provavelmente, num primeiro memento, de pouco interesse. Afinal, neste planeta, nada nos é mais distante do que aquele Continente.

Mas é só arranhar a superfície deste descaso, para nos depararmos com a enorme influência das decisões que nos chegam do Oriente. A economia brasileira é quase refém da chinesa, tanto nas exportações de grãos  como na de minérios, as quais representam a parte mais significativa de nosso comércio exterior. Para o nosso consumo de qualidade, o Japão é importante fornecedor, seja através de importações, seja, ainda mais importante, seja pelos investimentos Nipônicos por nós recebidos

Assim, fica bem claro que alterações políticas ou econômicas que afetem aqueles países longínquos trarão conseqüências no desdobrar de nossa prosperidade.

No campo econômico já se verifica uma inflexão do ritmo de crescimento chinês, causado, externamente, pela dificuldade de expansão acelerada de suas exportações, pelo dano ambiental já considerado excessivo e, ainda, pelo gradual aumento de custos internos. Uma melhoria de produtividade e qualidade será o próximo passo bem como a  inclusão dos 600 milhões de chineses ainda afastados da China moderna. Assim, o Império do Meio tenderá, provavelmente, a priorizar a expansão de seu mercado interno, sem descurar das conquistas no mercado internacional.

Já o outro gigante econômico Asiático, o Japão, apresenta uma economia madura, de alta eficiência e qualidade de sua produção, seja para o mercado interno, seja para o externo.  Por outro lado, o acentuado envelhecimento de sua população revela tendência secular negativa no aumento do consumo impondo a necessidade de crescimento de suas exportações. Contudo, o deságüe de suas exportações continuará a ser protegido pela aliança com Washington.

No campo geopolítico pode-se prever crescente fricção entre as duas potencias. A China acompanhará a sua expansão econômica na Ásia como nas rotas Africanas, com o crescimento de sua capacitação militar. Esta garantirá os canais de abastecimento e exportação, bem como exercerá pressão política quando do surgimento de contencioso. Sua condição de potencia nuclear servirá para afastar qualquer ameaça a seu território sem, contudo, inibir-lhe  conflitos rápidos e localizados. Seu calcanhar de Aquiles é a crescente necessidade de combustível, porem, é improvável que se repetirá o seqüestro que levou o Japão à Pearl Harbour.

Já o Império do Sol Nascente, diminuto territorial e demograficamente face à China, reforça sua aliança com os Estados Unidos, a maior potencia militar do planeta, pronta a suprir o “guarda chuva” nuclear a Tókio se ameaçada por Pequim.. No entanto, o tempo conta contra o Japão no seu latente confronto com o  Leviatan na outra margem do Mar do Japão.Será “fight them or join them”...

Não cabe ao Brasil a preferência por um ou outro. No entanto, a força de atração gravitacional da China será irresistível, em eventual detrimento do Japão. Para escapar à submissão econômica que tanto preocupa setores nacionais quando se trata dos Estados Unidos, recomendável será reforçarmos nossos laços comerciais com Washington, assim atenuando futura e excessiva dependência de Pequim,  condição nociva ao equilíbrio  de  nosso comercio internacional e, em última análise, à nossa soberania.

P.S. Atenção para a reunião Obama e Xi na semana entrante





Nenhum comentário: