domingo, 19 de maio de 2013


Comparações e conclusões

                                                      
Parece estranho lembramos que um presidente da FIFA e um presidente do Brasil teem algo em comum.

João Havelange mostrou o caminho, e, anos mais tarde, Luis Ignácio Lula da Silva seguiu-lhe os passos. Trata-se aqui da conquista daqueles que no Congresso são denominados de Anões. Sim, aqueles países, que no campo internacional pouco peso tem. Ignorados pela sua pobreza e por sua irrelevância na política internacional, são permanentemente esquecidos, e porque não dizê-lo, desprezados. Ao perceber que estes muitos países possuem voto em nada diferenciado daquele dos poderosos, João Havelange buscou-lhes o apoio, assim garantindo sua eleição à presidência da FIFA, uma das mais poderosas organizações multilaterais do planeta.

Dele não diferiu o ex Presidente. Percebendo a força do voto nos forii internacionais decidiu arrebanhá-los, para surpresa da diplomacia tradicional brasileira. Esta, criada e treinada nas décadas que abrangeram a Guerra fria e seu término, deve adaptar-se ao novo equilíbrio geopolítico, que reconhece ter o voto de Angola o mesmo peso que o aposto pelo Reino Unido.

Estima-se em 96 os votos dedicados a Roberto Azevedo para presidente da OMC, dentre os 159 membros da organização internacional. Ainda, se considerarmos ter sido derrotado o candidato mexicano, aliado dos Estados Unidos nesta disputa, conclui-se que a maioria dos países desenvolvidos, sob influência de Washington, teve que conceder a vitória ao Brasil. É razoável supor-se que esta maioria de países que formam a “banda pobre” do mundo já não acredita serem os interesses norte americanos e de seus aliados necessariamente coincidentes com os seus. Já não temem a represália que outrora, tal desafio provocaria.


No momento em que as organizações multilaterais assumem crescente importância na determinação da política internacional, onde a crescente globalização político-econômica  torna-se cada vez mais visível, observa-se a diluição do voto qualitativo. Deixa, assim, aos países mais poderosos a escolha de, ou aceitar as novas regras do jogo no convívio internacional, ou atropelá-lo através do uso crescente das decisões unilaterais ou de pequenas alianças. Ainda, recairá sobre o Conselho de Segurança das Nações Unidas tensões crescentes, onde o realinhamento de interesses soberanos far-se-ão sentir.

Tais tensões poderão colidir com os interesses do Brasil, pois sua interdependência com as nações poderosas não se extinguirá no tempo. Pelo contrário, deverão se acentuar. É, portanto,  razoável concluir-se que, apesar de ter o Brasil atingido uma vantagem no tabuleiro,  verá, também,  o aumente de sua responsabilidade. Sem desdenhar a política de agregação das nações menores, a maturidade no trato com as grandes nações é essencial, sem o que os avanços ora conquistados serão exauridos em tentativas pouco realistas no jogo de  poder internacional.

Caberá ao Itamaraty e ao Sr. Roberto Azevedo, no seu campo específico,  consolidar este passo a frente bem como a gradual expansão de nossa influência mundo afora.

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