Um Domingo na Saint Sulpice
Crentes,
cépticos, ateus, fases pelas quais muitos, senão todos, passam pela vida.
Existem momentos, porém, que a presença do divino, autentica ou não, se apossa
de nosso espírito, enchendo-nos da profunda essência do sobrenatural.
As altas
colunas que nos cercam, a luz atravessando os vitrais, feixes de claridade que esparsam
a escuridão, e a consciência dos muitos séculos que nos antecedem naquele mesmo
lugar em que nos ajoelhamos, nos impele ao julgamento do nosso ser.
Os seis
padres, em alvas vestes, unidos guiam os fiéis na oração, no canto, na meditação.
Às vibrações musicais do enorme órgão se mistura o odor sagrado do incenso, conduzindo-nos
para a reflexão, à critica de nossos atos.
Quem somos
nós? Para que, para onde? Porque? De onde? Envoltos na força límpida que nos pesa,
cedemos à humildade e à constatação da
futilidade do ansiado. Só Deus nos abraça, naquele momento profundamente solitário.
É um
domingo ensolarado. A igreja de Saint Sulpice acolhe os fiéis, injustos,
avaros, poltrões, e ladrões e aqueles que buscam salvar senão a alma, a
consciência. Não existem bons, mas apenas aqueles que tentam sê-lo, que afastam
com frágil força a força da tentação.
Chegada a
bendição, libertam-se os presentes de sua perplexa indagação, e num sentimento
de perda e expiação voltam ao habitual, ao corriqueiro, ao dia a dia que faz e
desfaz nossas almas.
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