quarta-feira, 15 de maio de 2013


Um Domingo na Saint Sulpice


Crentes, cépticos, ateus, fases pelas quais muitos, senão todos, passam pela vida. Existem momentos, porém, que a presença do divino, autentica ou não, se apossa de nosso espírito, enchendo-nos da profunda essência do sobrenatural.

As altas colunas que nos cercam, a luz atravessando os vitrais, feixes de claridade que esparsam a escuridão, e a consciência dos muitos séculos que nos antecedem naquele mesmo lugar em que nos ajoelhamos, nos impele ao julgamento do nosso ser.

Os seis padres, em alvas vestes, unidos guiam os fiéis na oração, no canto, na meditação. Às vibrações musicais do enorme órgão se mistura o odor sagrado do incenso, conduzindo-nos para a reflexão, à critica de nossos atos.

Quem somos nós? Para que, para onde? Porque? De onde? Envoltos na força límpida que nos pesa,  cedemos à humildade e à constatação da futilidade do ansiado. Só Deus nos abraça, naquele momento profundamente solitário.

É um domingo ensolarado. A igreja de Saint Sulpice acolhe os fiéis,  injustos,  avaros, poltrões, e ladrões e aqueles que buscam salvar senão a alma, a consciência. Não existem bons, mas apenas aqueles que tentam sê-lo, que afastam com frágil força a força da tentação.

Chegada a bendição, libertam-se os presentes de sua perplexa indagação, e num sentimento de perda e expiação voltam ao habitual, ao corriqueiro, ao dia a dia que faz e desfaz nossas almas. 

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