Indagações, perplexidade, supresa resultam da reunião do Ministério em 22 de abril passado..
Vale começar pela indagação de qual o objetivo de Jair Bolsonaro ao convocá-la? Seria para estimular e oferecer diretrizes para seus ministros na árdua missão de dirigir o país face à atual crise? Ou como planejar a retomada post-epidemia, tanto social quanto econômica? Seria para que o Presidente oferecesse orientação e estimulasse o debate sobre as prioridades mais imediatas exigidas pela nação?
A reunião de 22 de maio revestiu-se de um clima emocional, pouco indutor à reflexão e à moderação. Mais pareceu ser um ambiente onde a clara insegurança psicológica do líder se trasformava em necessidade de afirmação, o da imposção de uma autoridade inconteste. Como exemplo, a ameaça de demissão dirigida ao Ministro Sergio Moro, que poderia ter sido feita na discreção de seu gabineta, foi exibida perante todos.
O Presidente parece se exaltar com suas própias palavras, atropelando os limites da prudência e da educação. Sua preferência pelo palavrão, recurso desagregador, não substitui a clareza da palavra bem escolhida. Incontidamente, revelou interferir nas operações da Polícia Federal, conforme por ele ele mesmo explicitado, para proteger filhos e amigo. Levado pelo arroubo, defendeu "armar o povo" não sendo capáz de esclarecer o que entende por povo. Será o homem comum que se vê na rua ou terá ele em mente um "povo" para-militar?
Os ministros presentes, serviram não só como testemunhas mas, também, como cúmplices. Os ministros militares não exibiram qualquer restrição à visão de armamento popular. Weintraub, Salles, Araujo e até mesmo Guedes revelaram ter-se contaminado pelo virus da impropriedade. Assim, concedeu-se à Bolsonaro explícita anuência à sua visão de governo, onde o Presidente pode tudo e onde eventual obstáculo à suas pretenções revela conspiração oriunda dos demais poderes da república.
Contudo, liderança exibida no grito não é legítima. Esta emana de uma personalidade destacada, de uma superioridade moral, intelectual ou técnica. E não de um tom desmedido eivado de violência.. A asserção de autoridade (aqui quem manda sou eu) bem como o uso de palavrões constituem alicerces pouco sólidos para uma liderança política. O clima de intimidação deve ser evitado para melhor governar..
Há quem diga que o Presidente se vale do conflito para estimular a radicalização, o que lhe traria crescente apoio popular. Tal tese é defendida por setores próximos ao governo. Será?
A instabilidade gerada pelo esgarçamento político tem consequência econômicas da maior gravidade. Perante conflitos institucionais, as fontes de investimento, tanto nacionais quanto internacionais, se iníbem e postergam decisões. Ainda, o conflito que se torna cada vez mais ideológico e emocional reduz a eficácia das medidas sanitárias contra a epidemia.
Ainda o alijamento dos tradicionais parceiros no comércio internacional acentua os erros que vem sendo cometidos pela política externa atual. Fica, assim, comprometida a geração de divisas internacionais essenciais à`economia brasileira.
Quanto poderá durar esta configuração política sem grave dano? Parece ser essencial a revisão de rumo, em harmonia com os três Poderes. Será a influência dos demais poderes da República, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal suficiente para o retorno à normalidade? E qual a contribuição das Forças Armadas, poder moderador e garantidor da Constituição? Todos são necessários para compor-se um bom governo. Cabe ao Presidente mobilizá-las.
2 comentários:
Ola Pedro.
É sem duvida a pergunta que tem feito eco...
Quanto poderá durar esta configuração politica sem grave dano?
Enquanto isso a realidade é que a nação vem num estardalhaço tragi- cômico.
Abs
Elenice Milani
Toda a razão, Nice. Estamos numa nau de rumo duvidoso, onde o capitão perdeu (ou nunca teve) o juizo. Qual o preço que teremos que pagar? Nãosei, mas temo que seja alto.
Abraço
Pedro
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