Talvez o único benefício do Novo Corona Virus, além do estímulo à introspecção, tanto pessoal quanto política, seja o apaziguamento das disputas internacionais. Neste raro momento de inimigo único universal, o objetivo de sobrevivência trazida à tona pela pandemia torna contraditório qualquer conflito entre nações.
Os esforços internacionais em busca de coordenação e interação na busca de vacinas acentua a importância do globalismo virtuoso, onde tanto barreiras culturais quanto econômicas devem ceder ao bem da humanidade.
Porém armadilhas existem.
Talvez nenhum produto tenha tanta influência
no comportamento das nações quanto o petróleo. A precipitosa queda
na demanda levou os preços do barril a níveis impensáveis e
anti-econômicos, provocando revisões táticas e estratégicas,
tanto para os produtores quanto para os consumidores.
Os Estados Unidos,
perdem o acréscimo marginal de poder que lhe traz o “fracking”.
A Rússia tem reduzida sua principal fonte de receita, assim contendo
sua estratégia agressiva de fatos consumados. No Grande Oriente
Médio o efeito é épico; a Arábia Saudita é levada, por falta de
recursos, a suspender sua guerra ao Iémen e a adiar a reforma
social que pretendia o Principe bin Salman. O Irak e o Irã se aproximam do colapso fiscal. E mesmo Israel, com
sua incipiente produção de petróleo, vê adiada sua independência
energética. Os prejuizos se alastram pelos países produtores da
Africa, Ásia e Ámerica latina.
Porém, neste quadro
sombrio, a União Europeia, a China e o Japão, importadores permanentes,
se beneficiam da queda dos preços, dando novos matizes às relações
internacionais.
Dentre as nações de relevância, apenas
os Estados Unidos mantem acesa a chama da discordia. Sua máxima,
“América Primeiro” privilegia o conflito atraves da “permanente
competição”, lembrando a já defunta “revolução permanente”
de Trotsky.
Entendendo o mundo como se fosse um imenso porém
finito mercado imobiliário Nova-Yorquino, Donald Trump não concebe
o conceito onde a prosperidade do seu vizinho resulta em prosperidade
própria. Assim, vê como ameaçadora à sua hegemonia a expansão
economica e política da China, como se jogo de soma “0” fosse.
Hoje, alem da guerra
comercial deflagrada contra Pequim, onde os canhões, em vez de
obuses, arremessam tarifas destrutivas, tem-se, também, vindo de
Washington, uma singular e surpreendentede questão de paternidade do
novo coronavirus, onde a China é acusada de gerar o virus maléfico
com o intuito de....não se sabe. Considerando que todos os países,
amigos e inimigos, revelam-se vulneraveis à epidemia, difícil
entender-se as vantagens decorrentes de tal tese.
Mas, se durante o flagelo viral as prioridades são mórmente pacificas, o mesmo não parece
ser provável no período post-pandemia. Talvez ingênuaente, prepondera a visão onde
tamanha mortandade levaria o homem e a sociedade à uma reflexão
solidária, onde as premências de riqueza e poder seriam atenuadas
em favor de ampla revisão de valores e prioridades, onde se destaca a profunda desigualdade na distribuição da riqueza. Também, poderá observar-se um novo impulso civilizatório do Iluminismo e seu desdobramento humanista aliado às religiões que codifiquem e disseminem a generosidade e a solidariedade.
Como exemplo marcante vê-se a União Europeia criar um fundo de auxílio de Eur$500 bilhões em benefício das nações associadas. Já a China promete 2 bilhões de dólares à Organização Mundial de Saúde. As entidades multinacionais tais com a ONU e Fundo Monetário Internacional preparam planos de combate à pobreza e recessão.
No campo scientífico, ganha força a visão globalista da vacina, onde a troca de informação se sobrepõe à hermeticidade das pesquizas individualizadas. Onde o seu custo, o de salvar vidas, seja integralmente absorvido pelos tesouros nacionais assim como, paradoxalmente, ocorre com o custo das armas, cujo objetivo é o de ceifar vidas.
Por outro lado,
razoavel supor-se que o duplo imperativo que rege a espécie humana,
a Procriação e a Sobrevivência, leva o Homo Sapiens à
constatação que sobreviver exige Poder para dominar o meio ambiente
do qual o Homem-rival faz parte. E Poder dependeria do
binômio Força (física e psiquica) e Riqueza, os quais exigem, por
sua vez, o Egoismo.
Quais serão os vetores a reger a renascença post-virus? Ver-se-á o embate entre a Razão e a Pulsão?
Quais serão os vetores a reger a renascença post-virus? Ver-se-á o embate entre a Razão e a Pulsão?
2 comentários:
Ola Pedro.
Pensando Pulsão como "Pulsão de morte", a serviço do principio do prazer, fica para o principio de realidade a possibilidade da "Razão". Freud pensou essa dualismo como difícil jogo para os sujeitos e consequentemente para a humanidade. Bem colocado a questão "Razão e Pulsão" nesse caso.
Abs
Elenice Milani
Graças aos seus ensinamentos, NIce.
Forte abraço
Pedro
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