quinta-feira, 21 de maio de 2020

The Day After...

PADRE REUS: cemitério dos padres - Foto de Padre Reus, São ...


Talvez o único benefício do Novo Corona Virus, além do estímulo à introspecção, tanto pessoal quanto política, seja o apaziguamento das disputas internacionais. Neste raro momento de inimigo único universal, o objetivo de sobrevivência trazida à tona pela pandemia torna contraditório qualquer conflito entre nações.

Os esforços internacionais em busca de coordenação e interação na busca de vacinas acentua a importância do globalismo virtuoso, onde tanto barreiras culturais quanto econômicas devem ceder ao bem da humanidade.

Porém armadilhas existem.

Talvez nenhum produto tenha tanta influência no comportamento das nações quanto o petróleo. A precipitosa queda na demanda levou os preços do barril a níveis impensáveis e anti-econômicos, provocando revisões táticas e estratégicas, tanto para os produtores quanto para os consumidores.

Os Estados Unidos, perdem o acréscimo marginal de poder que lhe traz o “fracking”. A Rússia tem reduzida sua principal fonte de receita, assim contendo sua estratégia agressiva de fatos consumados. No Grande Oriente Médio o efeito é épico; a Arábia Saudita é levada, por falta de recursos, a suspender sua guerra ao Iémen e a adiar a reforma social que pretendia o Principe bin Salman. O Irak e o Irã se aproximam do colapso fiscal. E mesmo Israel, com sua incipiente produção de petróleo, vê adiada sua independência energética. Os prejuizos se alastram pelos países produtores da Africa, Ásia e Ámerica latina.

Porém, neste quadro sombrio, a União Europeia, a China e o Japão, importadores permanentes, se beneficiam da queda dos preços, dando novos matizes às relações internacionais.

Dentre as nações de relevância, apenas os Estados Unidos mantem acesa a chama da discordia. Sua máxima, “América Primeiro” privilegia o conflito atraves da “permanente competição”, lembrando a já defunta “revolução permanente” de Trotsky.

Entendendo o mundo como se fosse um imenso porém finito mercado imobiliário Nova-Yorquino, Donald Trump não concebe o conceito onde a prosperidade do seu vizinho resulta em prosperidade própria. Assim, vê como ameaçadora à sua hegemonia a expansão economica e política da China, como se jogo de soma “0” fosse.

Hoje, alem da guerra comercial deflagrada contra Pequim, onde os canhões, em vez de obuses, arremessam tarifas destrutivas, tem-se, também, vindo de Washington, uma singular e surpreendentede questão de paternidade do novo coronavirus, onde a China é acusada de gerar o virus maléfico com o intuito de....não se sabe. Considerando que todos os países, amigos e inimigos, revelam-se vulneraveis à epidemia, difícil entender-se as vantagens decorrentes de tal tese.

Mas, se durante o flagelo viral as prioridades são mórmente pacificas, o mesmo não parece ser provável no período post-pandemia. Talvez ingênuaente, prepondera a visão onde tamanha mortandade levaria o homem e a sociedade à uma reflexão solidária, onde as premências de riqueza e poder seriam atenuadas em favor de ampla revisão de valores e prioridades, onde se destaca a profunda desigualdade na distribuição da riqueza. Também, poderá observar-se um novo impulso civilizatório do Iluminismo e seu desdobramento humanista aliado às religiões que codifiquem e disseminem a generosidade e a solidariedade. 

Como exemplo marcante vê-se a União Europeia criar um fundo de auxílio de Eur$500 bilhões em benefício das nações associadas. Já a China promete 2 bilhões de dólares à Organização Mundial de Saúde. As entidades multinacionais tais com a ONU e Fundo Monetário Internacional preparam planos de combate à pobreza e recessão.

No campo scientífico, ganha força a visão globalista da vacina, onde a troca de informação se sobrepõe à hermeticidade das pesquizas individualizadas. Onde o seu custo, o de salvar vidas, seja integralmente absorvido pelos tesouros nacionais assim como, paradoxalmente, ocorre com o custo das armas, cujo objetivo é o de ceifar vidas.

Por outro lado, razoavel supor-se que o duplo imperativo que rege a espécie humana, a Procriação e a Sobrevivência, leva o Homo Sapiens à constatação que sobreviver exige Poder para dominar o meio ambiente do qual o Homem-rival faz parte. E Poder dependeria do binômio Força (física e psiquica) e Riqueza, os quais exigem, por sua vez, o Egoismo.

Quais serão os vetores a reger a renascença post-virus? Ver-se-á o embate entre a Razão e a Pulsão?









2 comentários:

Nice disse...

Ola Pedro.

Pensando Pulsão como "Pulsão de morte", a serviço do principio do prazer, fica para o principio de realidade a possibilidade da "Razão". Freud pensou essa dualismo como difícil jogo para os sujeitos e consequentemente para a humanidade. Bem colocado a questão "Razão e Pulsão" nesse caso.

Abs
Elenice Milani

pedro leitão da cunha disse...

Graças aos seus ensinamentos, NIce.
Forte abraço
Pedro