terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Cinema e História

Para aqueles que se interessam nas artimanhas das grandes nações, seja em tempos de paz, seja em tempos de guerra, vale a pena ir ao cinema. Mais especificamente, assistir dois filmes, “Dunquerque” de Christopher Nolan e “Churchill” de Joe Wright, recém exibidos no circuito.

Do que se trata? Nada mais nada menos do que o milagre ocorrido em 1940 quando o exército inglês, cercado e derrotado pela máquina militar nazista, consegue escapar ao seu destino. Em vez de aprisionados nos campos de detenção de prisioneiros de guerra no interior da Alemanha, eis que os soldados britânicos, todos os 300.000 deles, conseguem voltar para casa.


Quais os fatos relevantes? Durante a guerra, a propaganda liderada pela industria cinemática atribuia a a salvação ao heroísmo dos pequenos e anônimos ingleses, lançando-se mar afora em seus pequenos barcos, enfrentaram o mal humorado Canal da Mancha. Este milhar de pequenas embarcações teriam, para espanto e admiração geral, resgatado seus concidadãos em armas. Todos eles. Com poucas baixas, considerando o implacável cerco. Esta versão, mais uma vez foi recém apresentada em 2017, no excelente filme Dunquerque. 

Oitenta anos após o heróico evento, graças à um outro filme, intitulado Churchill, e sem desmerecer a notável coragem da frota solidária, os fatos determinantes de tal “milagre” vêm à tona.

Adolfo Hitler, um dos maiores carniceiros da história global, achava-se em plena satisfação. Seus exércitos, após derrotarem as forças polonesas partilharam com a Rússia o domínio do país conquistado. Resolvida a questão à Leste, voltou-se para o Ocidente. Em maio de 1940 já tinha derrotado os exércitos francês e inglês, este último refugiado na diminuta praia francesa de Dunquerque. Explorando sua supremacia, Hitler propõe a paz aos ingleses. Entendia que, uma vez a França e Grã Bretanha neutralizadas e não mais hostis, seria-lhe permitido o mais importante de seus objetivos: a conquista da Rússia.

Ainda, segundo o filme, as negociações iniciaram-se com a intermediação de Mussolini a mando do ditador alemão. O governo inglês acolheu a ideia. A iniciativa prosperou.

Nestas negociações Hitler não passava de um amador, cujos poderes de persuasão limitavam-se ao uso da força. Seus interlocutores eram profissionais, treinados durantes os séculos estes manobravam e dominavam os inimigos do Império Britânico. Mantendo Hitler na expectativa de atingir seu objetivo, este ordena seus exércitos à poupar o inimigo. Obtida esta leniência, abre-se a porta para a salvação do exército britânico. A retirada concluida, o proposto tratado foi para o lixo. Infenso à sutilezas e levado pela ingênua percepção de tratativas de boa fé, Hitler amargou, em Dunquerque, sua primeira derrota.

Outras se seguiriam.


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