Dois protagonistas
irados, raivosos foram escolhidos por seus respectivo partidos para
disputar a presidência dos Estados Unidos.
Já nas discussões entabuladas durante as
primárias, a aspereza dos debates iniciais prenunciava a perda de
civilidade que haveria de dominar a campanha. A deterioração foi
inevitável; já nos últimos dias os insultos não mais eram
velados. Hillary Clinton e Donald Trump, quais serpentes venenosas,
atacavam-se com fúria e peçonha.
Graças às
surpreendentes regras antidemocráticas que regem a eleição
presidencial norte americana, Hillary, a vencedora no voto popular
amargou a derrota enquanto Trump tornava-se vencedor graças aos
votos dos Delegados do Colégio Eleitoral. Assim, todo um sistema
construído pelos “founding fathers” para evitar que um
desqualificado empolgasse a presidência dos Estados Unidos,
tornou-se responsável pela eleição de um Trump. Em vez de permitir
aos delegados a livre escolha de seu voto, o livre arbitrio foi
substituído pela matematização do proceso; o pretenso filtro
tornou-se ineficaz. Elegeu-se o aventureiro.
E agora?
Perdedor no processo eleitoral, o Comitê Eleitoral Democrata decidiu
impugnar o vencedor através da montagem de um dossiê que
comprovasse um conluio do Republicano vitorioso com a nação que
mais o norte-americana adora detestar: a Rússia. Para tal foi
contratado um duvidoso espião inglês, Christopher Steele, já desligado do MI6 (Foreign
Intelligence Office), para buscar elementos incriminadores contra
Trump e sua equipe. A prosperar a acusação, o impeachment seria a
conclusão lógica.
De fato,
as denuncias, verdadeiras ou falsas, atingiram o objetivo de inocular
a nação americana com a “febre Russa”. Viralizada com a
incessante ajuda da imprensa* ao partido democrata, posição esta
formalmente assumida pelo New York Times no início do pleito
eleitoral. Diariamente novas acusações e editoriais anti-Rússia
enfeitam suas páginas. A reportagem dos fatos, que deveria ser
imparcial, parece politizada.
Fast
forward. Encostados à parede pelo Investigador Especial Robert
Mueller e pelas intrusivas iniciativas do FBI, Trump e seu
partido Republicano resolvem contra atacar. O Comitê Parlamentar de Inteligência, de maioria Republicana, promove a divulgação de
documento que revela as origens politizadas do processo que ora busca
comprometer a equipe do presidente com os desígnios de Moscou. Identifica vazamentos que revelam o ânimo anti-Trump de membros
destacados do FBI. Alegam, tanto o Comitê
quanto Donald Trump que, havendo tal partidarismo, a investigação
estaria comprometida e, portanto, seria
inválida.
Panos para
mangas e intermináveis discussões. Acusações e demissões no
horizonte, incluindo o comando do Department of
Justice e do FBI. E no fervor e calor do debate, a verdade
torna-se a maior vítima. Um ponto parece destacar-se: até o momento
não parece existir o “smoking gun”, a evidência inconteste da
propalada interferência russa nas eleições norte-americanas.
* New
York Times, Washington Post, CNN, e outros
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