sábado, 3 de fevereiro de 2018

Os Estados (Des)Unidos

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Dois protagonistas irados, raivosos foram escolhidos por seus respectivo partidos para disputar a presidência dos Estados Unidos. Já nas discussões entabuladas durante as primárias, a aspereza dos debates iniciais prenunciava a perda de civilidade que haveria de dominar a campanha. A deterioração foi inevitável; já nos últimos dias os insultos não mais eram velados. Hillary Clinton e Donald Trump, quais serpentes venenosas, atacavam-se com fúria e peçonha.

Graças às surpreendentes regras antidemocráticas que regem a eleição presidencial norte americana, Hillary, a vencedora no voto popular amargou a derrota enquanto Trump tornava-se vencedor graças aos votos dos Delegados do Colégio Eleitoral. Assim, todo um sistema construído pelos “founding fathers” para evitar que um desqualificado empolgasse a presidência dos Estados Unidos, tornou-se responsável pela eleição de um Trump. Em vez de permitir aos delegados a livre escolha de seu voto, o livre arbitrio foi substituído pela matematização do proceso; o pretenso filtro tornou-se ineficaz. Elegeu-se o aventureiro.

E agora? Perdedor no processo eleitoral, o Comitê Eleitoral Democrata decidiu impugnar o vencedor através da montagem de um dossiê que comprovasse um conluio do Republicano vitorioso com a nação que mais o norte-americana adora detestar: a Rússia. Para tal foi contratado um duvidoso espião inglês, Christopher Steele, já desligado do MI6 (Foreign Intelligence Office), para buscar elementos incriminadores contra Trump e sua equipe. A prosperar a acusação, o impeachment seria a conclusão lógica.

De fato, as denuncias, verdadeiras ou falsas, atingiram o objetivo de inocular a nação americana com a “febre Russa”. Viralizada com a incessante ajuda da imprensa* ao partido democrata, posição esta formalmente assumida pelo New York Times no início do pleito eleitoral. Diariamente novas acusações e editoriais anti-Rússia enfeitam suas páginas. A reportagem dos fatos, que deveria ser imparcial, parece politizada.

Fast forward. Encostados à parede pelo Investigador Especial Robert Mueller e pelas intrusivas iniciativas do FBI, Trump e seu partido Republicano resolvem contra atacar. O Comitê Parlamentar de Inteligência, de maioria Republicana, promove a divulgação de documento que revela as origens politizadas do processo que ora busca comprometer a equipe do presidente com os desígnios de Moscou. Identifica vazamentos que revelam o ânimo anti-Trump de membros destacados do FBI. Alegam, tanto o Comitê quanto Donald Trump que, havendo tal partidarismo, a investigação estaria comprometida e, portanto, seria inválida.

Panos para mangas e intermináveis discussões. Acusações e demissões no horizonte, incluindo o comando do Department of Justice e do FBI. E no fervor e calor do debate, a verdade torna-se a maior vítima. Um ponto parece destacar-se: até o momento não parece existir o “smoking gun”, a evidência inconteste da propalada interferência russa nas eleições norte-americanas.


* New York Times, Washington Post, CNN, e outros





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