Depois de longa decadência
fisiológica sob o comando de Aécio Neves, o PSDB se depara com a
janela da redenção face à opinião pública. Graças à
disseminação do movimento anti-corrupção no país as lideranças
partidárias sofrem revisão, ajustando-se à nova realidade
moralizadora. Assim foi na convenção partidária, onde Geraldo
Alckmin empolgou a presidência do partido, com a missão implícita de
tornar-se o candidato do Centro nas próximas eleições.
Até aí, caminha-se na boa direção.
Mas não basta. Ao partido é essencial ampliar sua base política, na arena popular e pela cooptação dos demais partidos refratários aos desmandos
passados e às promessas populistas irrealizáveis. Não será tarefa
fácil.
Mas para que isto aconteça, será
necessário assumir a liderança não apenas política mas, também
moral. Isto abrange não tão somente habilidade negociadora mas,
sobretudo, a conquista de uma imagem diferenciada, onde, no trato
politico das questões parlamentares, a prioridade deixe de ser os
interesses eleitoreiros e pontuais na manobra de plenário, para
instaurar, de forma visível, a primazia do interesse nacional.
A votação pela reforma da Previdência
é um destes momentos onde se coloca na urna os destinos da Nação.
Ainda que longe da perfeição, o texto a ser votado terá o
benefício de, senão estancar, de reduzir a irreversível sangria do
erário. Cumpre ao PSDB fechar questão ao determinar seu apoio ao
projeto. Ainda, deve o partido afastar-se do ambiente de barganha que
avilta a reputação do Congresso. Deverá postar-se como
intransigente e transparente defensor do interesse público; no
tempo, seu ganho eleitoral será bem superior às vantagens e
migalhas recebidas nos cochichos de bastidores.
Pari-passu, torna-se essencial que
Geraldo Alckmin transforme seu discurso para que atinja, não apenas
as classes economicamente confortáveis, mas, também, a classe
trabalhadora. Traduzir benefícios de suas propostas mediante
estatísticas econômicas esbarra na incompreensão da maioria
composta pelos menos versados em tais matérias. Os benefícios de
suas propostas devem igualmente ser traduzidos em fatos e exemplos que
demonstrem melhorar a vida diuturna daqueles que compõem a maioria
do eleitorado.
Às portas da eleição presidencial,
confrontado com o retorno do populismo empobrecedor, ao PSDB cabe
colocar o país na direção da prosperidade e da justiça social. Sem
ambos, não haverá a argamassa necessária à construção do
edifício.
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