Há poucas horas atrás, Donald Trump.
Presidente dos Estados Unidos da America reconhece Jerusalém como a
capital de Israel. Ao fazê-lo, afronta as Nações Unidas, seus
aliados europeus, seus aliados árabes. Parece sepultar,
definitivamente, a criação do Estado Palestino ao desqualificar-se
Washington de sua condição de mediador.
Inicialmente, ao apoiar a pretensão
Israelense de ter Jerusalém por capital alija-se, simultaneamente, a
validade da Autoridade Palestina como interlocutor. Cria-se um
momentum político interno e externo favorável à absorção
definitiva das terras e população palestinas por Israel. À
prosseguir neste caminho, corre o Estado Judeu o risco de tornar-se-á um Estado
Apartheid(1), onde aos palestinos serão dadas as opções
entre a submissão ou o êxodo. Noutra dimensão, ao retirar-lhes a
última chispa de esperança, não poucos buscarão na resistência
armada a sua razão de ser.
No entorno geográfico e confessional,
tem-se o imenso impacto desta decisão junto aos governos do Oriente
Médio. Confrontados com a perda de uma de suas tres cidades
santas(2) os governos Muçulmanos sofrerão de suas bases imensa pressão anti Israelense.
Tanto o Egito quanto a Jordânia,
signatários de paz com Israel, terão dificuldade pela frente em
conciliar a opinião nacional com a expansão israelense. A
possível violenta contestação Palestina em suas fronteiras
imporá revisão em suas prioridades geo-políticas.
A Turquia já se manifestou contraria à
iniciativa norte-americana, ampliando o contencioso com Washington,
este já prejudicado pela questão Curda. Ao esticar-se a corda
diplomática entre Ancara e Washington tem-se por resultado uma
aproximação crescente entre russos e turcos, a despeito de sua
participação na OTAN.
Especial atenção deve ser dada à
embrionária aliança anti-xiita da Arábia Saudita com Israel tendo
o Irã por objetivo principal. Face à oficialização de uma Jerusalém
judaica e ao intransigente Wahabismo, difícil será manter-se o
lastro de interesses comuns entre Tel Aviv e Riade. O mesmo dilema
enfrentarão os reinos subsidiários do Golfo Pérsico.
Tal constrangimento será do interesse
da Síria, do Líbano e do Irã, beneficiários da provável onda anti
Israelense. Teerã poderá tranquilizar-se caso ocorra a retirada de
Israel da equação hostil montada pelo príncipe Mahommad bin
Salman.
Na Europa a repulsa parece ser unanime.
De seu ponto de vista um Israel em expansão será favorável à
perpetuação dos conflitos no Oriente Médio e que tal condição
resulta em ameaça à segurança Européia. O apoio de Washington a
tal expansão, acentua, pela sua aliança européia, a animosidade
das facções radicais e terroristas. Ainda, vitima de incontáveis guerras e ocupações territoriais, o europeu relembra na expansão israelense o famigerado lebensraum e uma langsam krieg.(3)
Em terras mais distantes, tanto a
Rússia quanto a China já manifestaram sua oposição à decisão de
Donald Trump.
Porém não só o Oriente Médio é
afetado. Face a esta desastrada iniciativa, os Estados Unidos revela
um preocupante falta de previsibilidade e estabilidade. Pelo que
indica a mídia, a decisão de Trump parece ter sido autocrática,
desprezando aconselhamento das áreas diplomáticas e militares.
Assim sendo, perde-se confiança na prudência das decisões da maior
potencia planetária quando confrontada em próximas crises.
(1)Aproxima-se, assim, a avaliação
do ex presidente norte americano, Jimmy Carter, em seu notável livro
“Palestina: paz, não apartheid”.
(2)As outras: Meca e Medina
(3)Espaço vital e o oposto da blitz krieg, a lenta guerra.
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