sábado, 23 de dezembro de 2017

Embraer

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A polêmica está instaurada. Deve-se, ou não, permitir a anunciada “fusão” da Embraer com a Boeing Corporation. Uma complexa associação entre o colibri e a águia. Deve o Brasil renunciar ao notável sucesso alcançado, para, timidamente, reconhecer que foi além de suas pernas?  

Não poucos consideram esgotada a trajetória vitoriosa, os sucessos alcançados coisa do passado, a capacidade empresarial insuficiente face aos novos desafios,  a tecnologia hoje limitada. Os argumentos derrotistas se repetem: "os grandes vão nos esmagar, não temos como vender nossos aviões face a incipiente concorrência da China, a Airbus já comprou a Bombardier (o que é falso)*, a Boeing vai suprir tecnologia de ponta....(pois sim!). E seguem os argumentos dos que defendem o casamento cuja disparidade na dimensão dos nubentes promete inevitável conflito de interesses.

Melhor vale lembrar que o custo do Embraer 195 (US$ 40MM) é inferior ao de seu competidor direto, o Boeing 737-600 (US$ 57MM) em preço e eficiência. Ainda, o custo do Bombardier CS 100 (US$ 60MM) é 50% superior ao concorrente brasileiro apesar da mesma capacidade de assentos. No setor civil, o avião brasileiro é competitivo, projetando constante sucesso no mercado internacional.

Resultado de imagem para Emb kc 390 vs hercules 130Já no campo militar, não se deve menosprezar o Tucano, sem paralelo no mercado internacional. Este veio preencher uma lacuna no cenário da aviação ligeira nas guerras assimétricas que hoje se travam mundo afora. O Emb KC-390, em vias de certificação,  atende premente necessidade de inúmeros países por um de transporte de tropa, veículos e abastecimento aéreo, até hoje dependentes do obsoleto Hercules 130 norte-americano. Seu mercado potencial é excepcional e seu impacto na flexibilização e otimização estratégica das forças armadas brasileiras é incontestável. Ainda, parece inconteste a necessidade de ter o Brasil integral posse e controle de sua indústria de armamentos, onde a Embraer desponta.

Uma "joint venture" da Embraer com a imensa Boeing, não poderá prosperar sem que a indiscutível preponderância desta última se faça sentir, e, no tempo, tornar-se determinante. Ainda, a "business mission" ou doutrina operacional de uma e outra diferem fundamentalmente. A empresa americana, habituada a fonte inesgotável de recursos, torna-se adiposa face à uma Embraer “lean and mean”**. Acresce que a política de vendas seguida pela Embraer não é contida por preferencias ideológicas ou políticas; o mesmo não ocorre com a Boeing, sujeita às limitações, sanções e proibições emanadas de Washington em suas desavenças. Ocorrendo a fusão, a Embraer tornar-se-ia prisioneira da política externa norte-americana.

Isto dito, nada impede que a Boeing, seguindo os passos de sua concorrente européia, a Airbus, venha ela tornar-se parceira neste ou naquele projeto de interesse mútuo, sem que a plena independência industrial e comercial da Embraer  seja tolhida.

*A Airbus associou-se com a Bombardier para desenvolver, tão somente, o seu modelo CS 100, competidor do Emb 195.
** Enxuta e feroz

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