domingo, 31 de dezembro de 2017

Prestando contas...





Minha foto
 Em 11 de maio de 2012 dei início a esta coluna, ou blog para os modernos (prefiro a primeira). De lá até este 31 de dezembro de 2017 quinhentos artigos foram publicados com intuito de dar, ao leitor uma opinião, e não raro uma provocação, sobre os assuntos que dominam nossas vidas. Foram 60 mil "visitas" aqui recebidas nestes quase cinco anos. Deram elas sentido à minha "aposentadoria", deram-me uma "raison d"être" ao sentir a companhia interativa destes bons e pacientes leitores que não pouparam sinceras e bem vindas discordâncias ou generosas adesões.

O desafio continua. O ano que se avizinha representará, a meu ver, uma bifurcação histórica. O retorno ao populismo, seja de direita ou esquerda, prolongará o rumo descendente da economia esgarçando o tecido social e fragilizando as instituições democráticas. À tudo isto o mundo estará observando, prestes a  perder a confiança em nosso futuro, contendo os investimentos essenciais ao desenvolvimento brasileiro.

Assim, neste difícil cenário, torna-se necessária a união dos partidos de centro, sustentada pelo empresariado, pelas associações de classe, pelas redes sociais e pelos demais formadores de opinião visando a eleição de candidato probo e competente e o resultante reequilíbrio político e econômico.

Feliz 2018 !


quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Bitcoin, ainda.


São tormentosos os ventos que insuflam o Bitcoin, levando-o aos píncaros para depois, em queda vertiginosa encontrar sua sustentação. Neste momento os ventos contrários tornam-se cada vez mais fortes, mas serão eles permanentes ou a cripto-moeda  retomará sua ascensão?

O afluxo de capitais para a cripto-moeda parece resultar de, entre outras, três fortes razões. A primeira tem a ver com a enorme liquidez que assaltou o planeta após o desastre de 2008, onde a banca norte-americana faliu. Faliu, mas socorrida pelo Tesouro americano, recebeu o oxigênio que lhe salvou a vida. Desde então,  os programas de Quantitative Easing iniciado pelo Federal Reserve Bank e seguido por Bruxelas e Tókio, criaram uma catarata de dinheiro novo. Sufocou a depressão e estimulou a especulação.

Esta enxurrada de meios de pagamento reduziu à quase zero a taxa de juros, frustrando os poupadores, dificultando-lhes a condição de proteger e remunerar seu capital. Por consequência, e de um modo geral, a tolerância por risco aumentou refletida no aumento da volatilidade nos mercados financeiros. Hoje, a remuneração da renda fixa recebe minúscula taxa de retorno enquanto o mercado acionário supera todos os recordes. 

Neste cenário, a busca de remuneração compensatória atravessou as barreiras da prudência, beneficiando os produtos especulativos onde desponta o Bitcoin.

A segunda razão para a expansão de seu mercado veio da guerra ao terrorismo! Seguindo a tese do ”follow the money”, os Estados Unidos iniciaram o rastreamento das operações financeiras realizadas pelos djihadistas e a resultante guerra contra os paraísos fiscais, no que foi seguido por boa parte da comunidade internacional. Ao reduzirem-se as opções de ocultação do dinheiro ilegal, este, ao buscar formas alternativas encontra o anonimato da cripto-moeda, assim aumentando sua demanda e seu preço. 

Um terceiro fator, menos óbvio mas relevante, é de cunho psico-cultural. Cresce o culto à inovação tecnológica. O frenesi que acompanha lançamento de cada novo iPhone bem espelha a ansiedade pelo inédito. Automóveis elétricos, energia eólica, drônes, relógios inteligentes e milhares de novos produtos capturam a imaginação dos consumidores mais jovens, estes fascinados pela inovação e refratários ao que “era de ontem”. E, acompanhando e prosperando nesta nova preferência observa-se a expansão das cripto-moedas.

Mas Caveat Emptor! Parece claro que o Bitcoin de “moeda” nada tem. Não tem lastro, é de baixíssima liquidez, exígua capacidade de troca por produtos e serviços, de duvidosa documentação que lhe legitime. Sua negociação tem se revelado vulnerável à malicia dos ubíquos hackers. Ainda, em caso de conflito inexiste recurso à autoridade monetária superior. Chamá-lo de commodity não seria correto uma vez que o ouro, a prata, o minério, a soja, todos têm uma utilidade econômica final. Nenhuma utilidade terá a prova física de sua propriedade. O Bitcoin não passa de uma convenção (vide o inocente “monopólio”) celebrada entre algoritmos, nerds, e espertalhões. Que o comprador se precavenha.


sábado, 23 de dezembro de 2017

Embraer

Resultado de imagem para fotos embraer

A polêmica está instaurada. Deve-se, ou não, permitir a anunciada “fusão” da Embraer com a Boeing Corporation. Uma complexa associação entre o colibri e a águia. Deve o Brasil renunciar ao notável sucesso alcançado, para, timidamente, reconhecer que foi além de suas pernas?  

Não poucos consideram esgotada a trajetória vitoriosa, os sucessos alcançados coisa do passado, a capacidade empresarial insuficiente face aos novos desafios,  a tecnologia hoje limitada. Os argumentos derrotistas se repetem: "os grandes vão nos esmagar, não temos como vender nossos aviões face a incipiente concorrência da China, a Airbus já comprou a Bombardier (o que é falso)*, a Boeing vai suprir tecnologia de ponta....(pois sim!). E seguem os argumentos dos que defendem o casamento cuja disparidade na dimensão dos nubentes promete inevitável conflito de interesses.

Melhor vale lembrar que o custo do Embraer 195 (US$ 40MM) é inferior ao de seu competidor direto, o Boeing 737-600 (US$ 57MM) em preço e eficiência. Ainda, o custo do Bombardier CS 100 (US$ 60MM) é 50% superior ao concorrente brasileiro apesar da mesma capacidade de assentos. No setor civil, o avião brasileiro é competitivo, projetando constante sucesso no mercado internacional.

Resultado de imagem para Emb kc 390 vs hercules 130Já no campo militar, não se deve menosprezar o Tucano, sem paralelo no mercado internacional. Este veio preencher uma lacuna no cenário da aviação ligeira nas guerras assimétricas que hoje se travam mundo afora. O Emb KC-390, em vias de certificação,  atende premente necessidade de inúmeros países por um de transporte de tropa, veículos e abastecimento aéreo, até hoje dependentes do obsoleto Hercules 130 norte-americano. Seu mercado potencial é excepcional e seu impacto na flexibilização e otimização estratégica das forças armadas brasileiras é incontestável. Ainda, parece inconteste a necessidade de ter o Brasil integral posse e controle de sua indústria de armamentos, onde a Embraer desponta.

Uma "joint venture" da Embraer com a imensa Boeing, não poderá prosperar sem que a indiscutível preponderância desta última se faça sentir, e, no tempo, tornar-se determinante. Ainda, a "business mission" ou doutrina operacional de uma e outra diferem fundamentalmente. A empresa americana, habituada a fonte inesgotável de recursos, torna-se adiposa face à uma Embraer “lean and mean”**. Acresce que a política de vendas seguida pela Embraer não é contida por preferencias ideológicas ou políticas; o mesmo não ocorre com a Boeing, sujeita às limitações, sanções e proibições emanadas de Washington em suas desavenças. Ocorrendo a fusão, a Embraer tornar-se-ia prisioneira da política externa norte-americana.

Isto dito, nada impede que a Boeing, seguindo os passos de sua concorrente européia, a Airbus, venha ela tornar-se parceira neste ou naquele projeto de interesse mútuo, sem que a plena independência industrial e comercial da Embraer  seja tolhida.

*A Airbus associou-se com a Bombardier para desenvolver, tão somente, o seu modelo CS 100, competidor do Emb 195.
** Enxuta e feroz

domingo, 17 de dezembro de 2017

Brexit e John Bull

A primeira fase nas negociações não terminou bem para o Reino Unido. Nascido sob a égide da discordância interna e externa, o projeto que separa a ilha do Continente enfrentou uma dura realidade, ao constatar que a União Europeia pretendia jogar duro.

Contando, com a inegável excelência de sua diplomacia, Thereza May oscilava entre tranquilizar seu público, e blefar e intimidar o interlocutor. Lançou-se em inúmeras visitas às capitais europeias, promovendo extensas reuniões com os mandatários europeus, a fim de assegurar vantagens sem pagar o preço da separação. Surpreendeu-se ao constatar que “o lado de lá” via sua defecção como um sério perigo para a unidade continental. Qualquer generosidade poderia ser transformada em estímulo àqueles países propensos, ainda que de forma tênua, a abandonar a União.

Assim, gradualmente, verificou-se que o Rei estava nu, despido dos elementos suficientes para fazer valer sua vontade, pois poucas cartas tinha para superar os trunfos do estamento europeu. Para fazer face ao ultimato imposto por de Jean Claude Juncker, Presidente da União Europeia, para a finalização desta primeira fase, May,  em reunião derradeira avançando noite adentro, cedeu.

Foram três os pontos cruciais exigidos por Bruxelas, o pagamento da “conta de Divorcio, onde a Grã Bretanha deverá ressarcir a UE de seus compromissos financeiros chegando à 40 bilhões de Euros, oferecer proteção jurídica aos cidadãos europeus lá residentes, e manter a liberdade de trânsito na fronteira que separa as duas Irlandas, a republicana e a britânica.

A primeira parte das negociações pareceria, desta forma, superada. Contudo, enfraquecida pela derrota além Mancha, Thereza May encontra novo obstáculo, desta vez em seu próprio campo. Ao pretender consolidar sua posição mediante aprovação de suas tratativas, viu-se a Primeira Ministra desautorizada pelo seu próprio partido. A maioria Tory, conservadora, determinou que caberá ao Parlamento a ratificação das negociações com o Continente. Assim, o futuro politico da primeira mandatária parece comprometido, sujeito, a qualquer momento, a substituição, seja por político aliado, seja por representante da oposição.

Fica, portanto, a União Européia sem interlocutor britânico capaz de concluir as etapas de cunho comercial, imprescindíveis ao desmembramento. Por resultado instala-se uma ambiente de aguda instabilidade quanto às consequências financeiras a prevalecer no Reino Unido. Descendo a ladeira das consequências, ter-se-a, na melhor das hipóteses, a interrupção dos investimentos, e na pior, o redirecionamento daqueles já realizados, em busca de novo e estável pouso.

Vale uma meditação sobre aspectos menos concretos mas igualmente válidos. A perda do Império Britânico, vítima das duas guerras mundias, levou à busca de uma nova personalidade para a nação. A adesão à União Européia ofereceu novo formato que lhe permitisse manter uma trajetória de, não apenas crescente prosperidade mas, também, e de inegável importância para o ethos nacional, manter seu protagonismo, ainda que diluído, no palco das relações internacionais. Mas, pelo visto, não bastou.

Assim, a liderança inglesa (e não necessariamente britânica), composta em sua grande maioria por membros de uma elite habituada ao exercício centenário do poder inconteste, viu-se neutralizada e deslocada pela nova distribuição de forças e resultante redução de soberania. Desta situação resultou a improvável mas deletéria união de forças conservadoras, sofisticadas e frustradas, com àquelas populistas, esquecidas, emotivas e despreparadas. Buscam ressuscitar John Bull.(1)


1. O personagem John Bull, determinado, patriota, corajoso, foi criado no Século XVIII. Representa a Inglaterra.


terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O retorno do PSDB


Depois de longa decadência fisiológica sob o comando de Aécio Neves, o PSDB se depara com a janela da redenção face à opinião pública. Graças à disseminação do movimento anti-corrupção no país as lideranças partidárias sofrem revisão, ajustando-se à nova realidade moralizadora. Assim foi na convenção partidária, onde Geraldo Alckmin empolgou a presidência do partido, com a missão implícita de tornar-se o candidato do Centro nas próximas eleições.

Até aí, caminha-se na boa direção. Mas não basta. Ao partido é essencial ampliar sua base política, na arena popular e pela cooptação dos demais partidos refratários aos desmandos passados e às promessas populistas irrealizáveis. Não será tarefa fácil.
Mas para que isto aconteça, será necessário assumir a liderança não apenas política mas, também moral. Isto abrange não tão somente habilidade negociadora mas, sobretudo, a conquista de uma imagem diferenciada, onde, no trato politico das questões parlamentares, a prioridade deixe de ser os interesses eleitoreiros e pontuais na manobra de plenário, para instaurar, de forma visível, a primazia do interesse nacional.

Resultado de imagem para fotos psdbA votação pela reforma da Previdência é um destes momentos onde se coloca na urna os destinos da Nação. Ainda que longe da perfeição, o texto a ser votado terá o benefício de, senão estancar, de reduzir a irreversível sangria do erário. Cumpre ao PSDB fechar questão ao determinar seu apoio ao projeto. Ainda, deve o partido afastar-se do ambiente de barganha que avilta a reputação do Congresso. Deverá postar-se como intransigente e transparente defensor do interesse público; no tempo, seu ganho eleitoral será bem superior às vantagens e migalhas recebidas nos cochichos de bastidores.

Pari-passu, torna-se essencial que Geraldo Alckmin transforme seu discurso para que atinja, não apenas as classes economicamente confortáveis, mas, também, a classe trabalhadora. Traduzir benefícios de suas propostas mediante estatísticas econômicas esbarra na incompreensão da maioria composta pelos menos versados em tais matérias. Os benefícios de suas propostas devem igualmente  ser traduzidos em fatos e exemplos que demonstrem melhorar a vida diuturna daqueles que compõem a maioria do eleitorado.

Às portas da eleição presidencial, confrontado com o retorno do populismo empobrecedor, ao PSDB cabe colocar o país na direção da prosperidade e da justiça social. Sem ambos, não haverá a argamassa necessária à construção do edifício.



quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Jerusalem

Há poucas horas atrás, Donald Trump. Presidente dos Estados Unidos da America reconhece Jerusalém como a capital de Israel. Ao fazê-lo, afronta as Nações Unidas, seus aliados europeus, seus aliados árabes. Parece sepultar, definitivamente, a criação do Estado Palestino ao desqualificar-se Washington de sua condição de mediador.

Resultado de imagem para foto jerusalemInicialmente, ao apoiar a pretensão Israelense de ter Jerusalém por capital alija-se, simultaneamente, a validade da Autoridade Palestina como interlocutor. Cria-se um momentum político interno e externo favorável à absorção definitiva das terras e população palestinas por Israel. À prosseguir neste caminho, corre o Estado Judeu o risco de tornar-se-á um Estado Apartheid(1), onde aos palestinos serão dadas as opções entre a submissão ou o êxodo. Noutra dimensão, ao retirar-lhes a última chispa de esperança, não poucos buscarão na resistência armada a sua razão de ser.

No entorno geográfico e confessional, tem-se o imenso impacto desta decisão junto aos governos do Oriente Médio. Confrontados com a perda de uma de suas tres cidades santas(2) os governos Muçulmanos sofrerão de suas bases imensa pressão anti Israelense.

Tanto o Egito quanto a Jordânia, signatários de paz com Israel, terão dificuldade pela frente em conciliar a opinião nacional com a expansão israelense. A possível violenta contestação Palestina em suas fronteiras imporá revisão em suas prioridades geo-políticas.

A Turquia já se manifestou contraria à iniciativa norte-americana, ampliando o contencioso com Washington, este já prejudicado pela questão Curda. Ao esticar-se a corda diplomática entre Ancara e Washington tem-se por resultado uma aproximação crescente entre russos e turcos, a despeito de sua participação na OTAN.

Especial atenção deve ser dada à embrionária aliança anti-xiita da Arábia Saudita com Israel tendo o Irã por objetivo principal. Face à oficialização de uma Jerusalém judaica e ao intransigente Wahabismo, difícil será manter-se o lastro de interesses comuns entre Tel Aviv e Riade. O mesmo dilema enfrentarão os reinos subsidiários do Golfo Pérsico.

Tal constrangimento será do interesse da Síria, do Líbano e do Irã, beneficiários da provável onda anti Israelense. Teerã poderá tranquilizar-se caso ocorra a retirada de Israel da equação hostil montada pelo príncipe Mahommad bin Salman.

Na Europa a repulsa parece ser unanime. De seu ponto de vista um Israel em expansão será favorável à perpetuação dos conflitos no Oriente Médio e que tal condição resulta em ameaça à segurança Européia. O apoio de Washington a tal expansão, acentua, pela sua aliança européia, a animosidade das facções radicais e terroristas. Ainda, vitima de incontáveis guerras e ocupações territoriais, o europeu relembra na expansão israelense o famigerado lebensraum e uma langsam krieg.(3)

Em terras mais distantes, tanto a Rússia quanto a China já manifestaram sua oposição à decisão de Donald Trump.

Porém não só o Oriente Médio é afetado. Face a esta desastrada iniciativa, os Estados Unidos revela um preocupante falta de previsibilidade e estabilidade. Pelo que indica a mídia, a decisão de Trump parece ter sido autocrática, desprezando aconselhamento das áreas diplomáticas e militares. Assim sendo, perde-se confiança na prudência das decisões da maior potencia planetária quando confrontada em próximas crises.

(1)Aproxima-se, assim, a avaliação do ex presidente norte americano, Jimmy Carter, em seu notável livro “Palestina: paz, não apartheid”.
(2)As outras: Meca e Medina
(3)Espaço vital e o oposto da blitz krieg, a lenta guerra.

sábado, 2 de dezembro de 2017

A Águia, o Dragão e ...o carrapato


O planeta tornou-se pequeno demais para as ambições dos povos que o habita. Arregimentados em torno de Nações e alianças, os povos mais poderosos se dividem e se agridem, senão militarmente, ao menos politicamente.

E assim começa fábula da Águia que domina, do Dragão que contesta e do carrapato que irrita. A primeira, habituada a voar sem limites, a impor sua vontade em todos os quadrantes, confronta-se com um insuspeito Dragão.
Resultado de imagem para foto de dragão e águia
__ Mas como, Dragão, porque não te comportas? Não penses em sair longe de seu ninho, pois aonde fores encontrarás meu forte bico e afiadas garras. O que é meu é meu, e não tolero mudanças que reduzam meu horizonte.

__ Nobre Águia, não quero conflito. Porém, minhas asas cresceram muito nestes últimos anos, Minha cauda estendeu-se e não mais cabe no ninho. Assim, meu apetite aumentou e tenho que buscar sustento.

Os anos passam, e Águia e Dragão tornam-se, cada vez mais, inquietos e inseguros.

__Ontem a Águia voou sobre nós, disse um dragãozinho, ouvi o seu grasnar e fiqui com medo.
__Não temas, meu filho, teu pai dá um jeito.

E o Dragão foi, batendo asas e balançando a cauda, para um grande lago que banha seu ninho. Lá fez outro ninho e se instalou, avisando bem alto, “por aqui Águia não passa”

__Passo por onde bem quiser, retorquiu a Águia. Nada me detêm.

Após reflexão, o Dragão que por muito velho muito sabia, concluiu: a Águia é bem mais forte do que eu. Não é hora para confronto. Vamos ver...

Pouco tempo depois Dragão encontra Águia que lhe diz

__ V conhece o Carrapato?
__ Conheço, Águia. É peçonhento. Cuidado
__ Pois imagine V, disse a Águia num espírito de confidencialidade, mordeu-me a bunda e está me incomodando.
__ Pois é. Bicho danado, este carrapato.

Mais algum tempo, a Águia vai ao médico. Olhá aqui Doutor. É sério? Parece que sim, responde. Não mata, mas uma dolorosa cirurgia poderá ser necessária.

Resultado de imagem para picture of dragonCom esta informação à Águia decide convidar o Dragão para visitá-lo em seu ninho. Honras militares são oferecidas. Champagne dourada sorvida. Juras de eterno amor sugeridas.

__Dragão, V sabe que nós águias somos muito práticos. Sei que tivemos nossa rusgas. Mas deixemos isso para trás. V. Tem algum antídoto para carrapato?

O cauteloso Dragão, viu nos olhos da Águia um chispa de súplica, ansiedade e dor. Observou que tinha a traseira inchada.

__Deixa comigo, amigão. Não vai ser fácil. Sei que é meio maluco. Me dá um tempo e vou ver o que consigo...

E em seguida sussurra para seu assessor

--- Lin Pin, chama aquele idiota do Jong-un e diga-lhe para manter mas não exagerar.

E voltando seu melhor sorriso para o anfitrião...

__ Mas como ia dizendo, Águia queridão, e as mulheres, hein, como andam...? Por sinal, vou ter que avançar um pouco na direção das Filipinas, mas nada de grave...