O filme Moonlight que
agora recebeu o maior prêmio de excelência, o Oscar, é notável
exemplo na luta pela aceitação das demais opções, não mais
contidas pela dita “normalidade”. Assim, produziu-se um belo
filme onde ótimos atores levam a platéia atraves de uma estória
sofrida, imersa na pobreza, contida nos limites das barreiras
raciais, onde o protagonista busca seu caminho intimista e
sobrevivência econômica.
É aí que a coisa se
complica. Respeitando o direito do individuo, à sociedade não cabe
censurar-lhe as preferências sexuais. Pelo contrário, tal qual
movimento pendular, o estigma de outrora hoje se manifesta em
torrente cultural, substituindo o opróbio pela compreensão e até
mesmo pela valorização. Atribui-se à este liberto, não sem razão,
acentuada sensibilidade bem distinta daquela habitualmante atribuida
ao macho alfa, não raro acusado de prepotência, agressividade,
insensibilidade, etc...
Neste momento, o
diretor do filme encontra-se numa encruzilhada. O herói, confrontado
pela decepção, escolherá o caminho da “normalidade”, ou
seja, dentro dos limites da ética e da moral, ou bem optará pela
trilha mais fácil, emulando seu protetor?
Não cabe, aqui,
comprometer o espetáculo, revelando seu final. Não, melhor deixar
ao espectador o beneficio da surpresa, sabendo, no entanto, que na
primeira opção o filme tornar-se-ia, talvez, vítima do lugar
comum, arriscando a indiferença. Por outro lado, emergindo o
protagonista como herdeiro do crime, teria ele demonstrado não ser
tão sensível assim, pois de sua faina colher-se-iam vidas
destruidas.
Será que o embroglio
ao final do espatáculo refletiu, sublinarmente, esta dúvida...
*Faz parte do jogo
Nenhum comentário:
Postar um comentário