A supremacia explicita
saiu de moda a partir do termino da Segunda Guerra Mundial. A
internacionalização do movimento Comunista propugnando a inter
relação dentre os países aderentes ao bloco, senão na prática,
na aparência diluia o nacionalismo extremado.
A política
norte americana, com fortes matizes isolacionistas na pré guerra,
tornou-se a após a vitória, numa política interativa e solidária,
sem que para isto, tenha abandonado seus interesses nacionais, tanto
políticos como econômicos.. Liderando a criação das grandes instituições internacionais, como as Nações Unidas, o Fundo
Monetário Internacional, o Banco Mundial e outras, completou esta
notável política com o Plano Marshall, ajudando a Europa a
livrar-se do comunismo, e possibilitando um desenvolvimento econômico
que deu, à ambas as partes, imensa riqueza.
Assim, a nova Alemanha foi levada a abandonar a estrofe contendo a exclamação Deutschland Über Alles em seu hino nacional. Pressionada pelos Aliados abandonou-se o conceito “a Alemanha acima de todos” sendo substituído pela terceira estrofe, de teor mais congenial.
“America First” não
difere em muito do espirito de excepcionalidade tão caro à cultura
norte-americana. Donald Trump, contudo,
retornando ao início do Século XX, pretende
transformar este sentimento de superioridade
étnico-cultural a novo patamar, o da
superioridade mercantilista. Ao
colocar-se como se fosse o Chief Executive
Officer empresarial da nação norte-americana pretende, no trato
com as demais nações, em tudo levar vantagem imediata.
Ora, são
muitos os que concordam com o
espirito patriótico, porém não às expensas do
respeito devido à outras nações. Enquanto respeito não signifique
liberalidade, é justo que, na escolha de negociações bilaterais,
os interesses imediatos não atropelem as conveniências de longo
prazo. Conquistar alguns bilhões ao longo de alguns anos na balança
comercial pode não compensar uma incipiente hostilidade ou uma perda
de lealdade em nações cuja relevância estratégica possam afetar, a prezo mais longo, a segurança dos próprios Estados Unidos.
Internamente,
o Donald procura inimigos afim de conquistar apoio popular. Encontrou
os imigrantes. Despreza a imensa contribuição econômica e cultural
destes milhões que, em boa parte executam tarefas que os próprios nativos
rejeitam. Não obstante, a ordem é expulsá-los.
Ainda,
o abandono por Washington do campo multilateral, dando preferencia ao one on one nos negócios externos leva as demais nações a
negociar em evidente inferioridade. O resultado de tais confrontos
parece sugerir uma forte queda do “soft power” norte-americano,
aumentando exponencialmente o esforço diplomático para a obtenção perene de vantagens pretendidas.
Como
defesa contra a ofensiva que se anuncia ter-se-á uma tendência de
maior aglutinação de nações com interesses convergentes quando enfrentando o desafio Trump, Daí resultaria, possivelmente, o enrijecimento nas posições dos polos econômicos que dominam o
planeta. Novamente, o resultante aumento da fricção e tensão
internacional poderá traduzir-se em perda de eficiência comercial e financeira, aumento
dos custos de transação e, até mesmo introduzindo uma expansão
de potencialidades militares antagônicas.
Em
suma, o homem levado à presidência pelo processo democrático
norte-americano não deixa de lembrar ocorrências passadas, onde o
povo ingenuo culturalmente torna-se refém de
promessas oblíquas sob a bandeira “America First”, cuja implementação promete alto custo.
Em
1933, Adolf Hitler subiu ao poder democraticamente, sob a promessa de
maior emprego e prosperidade econômica. Prometeu, também, revisar
tratados e renegar pagamentos. Iniciou o maior programa anti-étnico
da história. Impôs sua vontade sobre vizinhos. Era a época de Deutschland Über Alles.
O
povo norte-americano saberá proteger-se.
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