quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Embaixador controverso

Resultado de imagem para fotos do itamaratyNovamente Israel tenta impor sua vontade, atropelando o comportamento que se espera de países respeitáveis. Conhece, perfeitamente, as regras da diplomacia, que determina que o pedido de agrément seja feito em sigilo assim permitindo a ambas as partes melhor sintonizarem o processo sem que resulte em embaraço publico entre os países envolvidos. 

Contudo, Tel Aviv insiste no erro ao deixar vazar o nome do novo candidato a embaixador no Brasil, Sr. Yosi Sheli, cujo currículo parece não recomendá-lo por não possuir ficha limpa. No episódio vislumbra-se em Bibi Netanyahu uma obsessão, refletida em outras esferas, em ter sua vontade cumprida.

Age certo o Itamaraty ao hesitar na concessão do”aprovo” por ser a atitude israelense propositalmente desrespeitosa aos nossos já consagrados costumes diplomáticos.

Porém, este episódio é uma gota d'água quando comparado às continuas provocações e atropelos que seu governo comete no campo interno e internacional. Num quadro de flagrante violação dos Direitos Humanos e da Lei Internacional, esta outrora terra heroica mantêm uma continua expansão dos assentamentos judaicos em terras reconhecidamente palestinas assim inviabilizando a criação dos dois estados determinada quando do reconhecimento de Israel pelas Nações Unidas.

Contudo, qualquer tentativa de exercer influência internacional para que Israel adote comportamento concetaneo com as leis internacionais e decisões das Nações Unidas, é jogada por terra face ao incondicional apoio que recebe de Washington. A recente concessão de 38 bilhões de dólares ao Estado Judeu (como Israel prefere ser chamado) pelo governo norte-americano bem espelha a dissintonia que prevalece entre discurso e realidade. 


Ora, semelhante aumento de poderio bélico merece questionamento. Israel é militarmente inexpugnável. Nenhum país no seu entorno geopolítico oferece o menor perigo às suas fronteiras. O maior perigo é composto por um grupo de guerrilheiros, o Hezbollah, cujo poderio bélico não lhe permite a ofensiva. Alem da proteção nuclear que possui, o exército Sabra tem demonstrado, inequivocamente, sua superioridade nos conflitos passados. Nem o Egito, nem a Arábia Saudita, separados ou em conjunto, sequer se comparam com o poderio de seu vizinho.

Já, o Irã, bem mais afastado, carece de qualquer capacidade de projetar sua modesta força militar. Se força tiver, esta limita-se a sua capacidade defensiva graças à sua demografia. A Turquia, não compartilhando da solidariedade árabe, está distante do contencioso israelense, distância esta acentuada por ser membro da OTAN, inibidora de aventuras autônomas.

O upgrade do equipamento financiado por este novos bilhões terá por objetivo potencialisar a capacidade de Israel projetar, bem além de suas fronteiras, seu poder militar. Amplia-se, assim, o espectro da guerra no Grande Oriente Médio  que, hoje, tem o Irã por principal objetivo.

No ocaso de sua administração, o presidente Obama curva-se perante o inevitável. Paga o alto preço que a vitória politica lhe exige. Apesar do inegável risco de manter acesa a fogueira da discórdia armada na região mais conflagrada do planeta, oferece à Israel, leia-se ao voto judeu, as escusas por reticências passadas na esperança de assegurar os votos que coloquem Hilary Clinton, fiel aliada de Tel Aviv, na Casa Branca.


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