quinta-feira, 5 de maio de 2016
Semeando tempestade?
Importante saber-se qual o rumo que o PSDB pretende trilhar. Por um lado, o Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declara-se a favor de vir o seu partido participar do eventual Governo Temer.
D'outro lado, as declarações recentes do seu presidente deixam séria dúvidas. Recusar participar do eventual governo Temer poderá ser uma “boa jogada” política, mas não, necessariamente uma medida destinada a fortalecer um recém instituído governo.
Perguntar-se-ia, valerá a pena fortalecê-lo? O governo que viria substituir àquele de Dilma, não terá opção senão acertar, ainda que os sinais de reincidência de más práticas pelo PMDB sejam visíveis. Mesmo com estas imperfeições, a falta de governo capaz de encetar reformas essenciais para a retomada do bom rumo poderá redundar no retorno das forças populistas em 2018.
Sendo a premissa verdadeira, a união de forças políticas, desde o Centro Esquerda à Direita, interessadas em seguir os bons procedimentos político-administrativos, teriam por missão a urgente correção das fragilidades e incertezas que agora ameaçam a estabilidade econômica e social da Nação.
Apesar da lúcida intervenção de Fernando Henrique Cardoso propugnando aliança com o PMDB, a recusa de Aécio Neves a participar do eventual governo Temer, descartando qualquer ministério, por si só não impediria o bom andamento do futuro governo Temer.
A não ser que tal distanciamento vise uma “independência” que decorra da ambição de ganhar as próximas eleições, inclusive se opondo, se assim julgar necessário, à medidas de interesse coletivo.
Convêm levar-se em mente que, para recolocar o país em ponto de equilíbrio econômico, necessárias serão medidas de contenção e prudência cujos efeitos penosos encontrarão forte resistência em setores da sociedade.
A recente decisão da liderança do PSDB, ainda presente na memória, contrária à renovação do Fator Previdenciário, peça essencial na luta pelo ajuste fiscal, exemplifica como manobras de curto prazo, contrariam uma política pautada por princípios.
Ora, a não participar do eventual governo Temer, lícito será esperar-se comportamento oportunista de certas lideranças do PSDB, valorizando a busca de vantagens tópicas às expensas do objetivo maior do interesse nacional.
Como exemplo, a ousada, e, para muitos, descabida proposta do Sr. Aécio, propugnando a instauração do Parlamentarismo, parece acentuar o clima de desconfiança que envolve aquele politico.
Pretendendo ignorar a extrema sensibilidade institucional que se atravessa, onde até mesmo o instituto constitucional do Impeachment é questionado, tão mais desestabilizador será propor-se, no rescaldo da destituição de um presidente da República, a convocação das forças políticas para alterar-se a Constituição e a forma de governar-se o país.
Ainda, o desenrolar dos acontecimentos após a renuncia de Jânio Quadros remete à curta existência do Governo Parlamentarista sob Tancredo Neves (será coincidência?), repudiado pela esmagadora maioria do eleitorado.
Ousada e descabida a proposta, a não ser que, por de traz dela busque o Sr Neves uma herança politico-eleitoral ao inviabilizar a eficacia do governo Temer. Permitiria ao PSDB alcançar a vitória nas eleições de 2018?
Talvez o Sr Aécio atinja seu objetivo, mas a que preço? Quem pagará a conta, senão a sociedade?
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