Pallas Athenas |
No
entanto, não existe na França um ministério unicamente dedicado à
cultura. A formulação administrativo-política daquele país faz
com que a Cultura e a Comunicação compartilhem as atenções do
poder num só ministério.
Não
se observa na imprensa internacional manifestações iradas de
artistas, pintores, poetas contra este formato gerencial. Pelo
contrário, o estamento cultural parece plenamente satisfeito com as
atuais condições, que lhes permitam produzir obras de notável
valor.
No
entanto, no Brasil, a rebelião artístico-intelectual contra a junção
da Cultura com a pasta da Educação (que será a Educação senão o início da Cultura?), fez com que retrocedesse o governo
Temer. Confrontado com a ira de um segmento importante como formador de opinião, intimidado por manifestação claramente classista
e corporativista, Brasília não resistiu.
Uma vez que Educação e Cultura estão intimamente ligados razoável será perguntar-se qual a causa de tais protestos; não será uma angustia quanto aos destinos dos recursos da Lei Rouanet? Ora,
teriam os intelectuais, autores e demais artistas, temido a perda das fontes
de generosa receita que lhes concede aquela lei? Deixariam de fluir as centenas de milhões de Reais para
o setor cultural? Talvez.
Assim,
ao isolar e preservar a identidade única do Ministério da Cultura
mais fácil seria, a quem interessasse, permitir aos segmentos interessados exercer preponderante
influência sobre o comando do órgão, e garantir a consequente fonte de recursos para as
mais diversas atividades. Desde a publicação de livros laudatórios
ao próprio autor à projetos de indiscutível relevância.
Preservando-se
a estrutura revista pelo governo Temer, cabe, em contrapartida, implementar-se total transparência na alocação dos recursos decorrentes da
renuncia fiscal permitida pela Lei Rouanet. Parece
claro que este subsidio, vista sua longevidade, merece reanálise visando otimizar a eficiência do projeto cultural brasileiro.
Certa
liberalidade nas concessões no passado recente, se aceitável em
tempos de fartura orçamentária, não pareceriam razoáveis neste
momento. Importante ampliar-se a capacidade do governo de
analisar e redimensionar os gastos, sejam eles deste ou daquele
setor, encontrando-se um justo equilíbrio dentro de um quadro fiscal
deteriorado. Se nas demais áreas a ordem é de contenção, o mesmo
deveria aplicar-se ao subsidio à Cultura.
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