terça-feira, 10 de maio de 2016

Problemas na terra de Sam


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Trump, Hillary e Sanders
Enquanto o Brasil sofre com a realidade política que lhe sufoca as esperanças, não menos problemático se apresenta o cenário político do outro gigante deste hemisfério, os Estados Unidos.

A vitória de Donald Trump na convenção Republicana parece assegurada. Esta vitória parece significar a exaustão do modelo Reaganiano abraçado pelo partido, e, ainda, das aspirações radicais do Tea Party. As teses de Friedrich Hayek, Ayn Rand e outros parecem ter ignorado a realidade politica que, ao longo do tempo, o eleitor acaba por manifestar seu protesto: até onde a classe média apoiaria uma política de preferencial enriquecimento das classes superiores sem que os beneficios prometidos e esperados se realizassem? A classe média e trabalhadora esperou décadas para que as gotas da Trickle Down Economy* e da Supply Economics** lhes chegassem; porém estas ainda não se materializaram.

No entanto, a batalha de Trump ainda não foi ganha. O primeiro obstáculo será o processo de oficialização de sua candidatura pelo Partido Republicano. Existe probabilidade que, mediante manobras flexíveis e extra regulamentares, o vencedor das Primarias não seja consagrado, e sim outro candidato de preferência do estamento.

Caso ungido, Donald Trump deverá enfrentar a candidata do Partido Democrata. Hillary Clinton será a provável candidata por margem pequena no voto popular, porém diferença esmagadora no voto dos Delegados.

Bernie Sanders, uma vez derrotado na Convenção de seu partido, deixará uma grande parcela do eleitorado Democrata frustrada. O eleitor do velho senador identifica-se, em alguns pontos, com o eleitor de Donald Trump. São contra as ingerências armadas no exterior e contra acordos comerciais que “exportem” mão de obra norte-americana. São refratários à globalização. São eles sobretudo brancos e abaixo dos 50 anos de idade; compõem os “blue collars” que povoam os Estados Unidos.

Estes dois grupos, nem tão antagonistas, compartilham a opinião de ser Hillary Clinton pouco confiável e defensora do repudiado status-quo, fonte do mal-estar que ora se manifesta. Como pode ser observado, o jogo, tumultuado pela contestação de boa parte do eleitorado poderá se afastar da tradicional formula bi-partidária, tida como de cartas marcadas. Jogo visto como dominado pela minoria composta pelos grandes interesses, distanciados da base eleitoral.

Como resposta, caso afastado do seio Republicano, restaria ao empresário-candidato lançar-se com o rótulo de “Independente”. Contudo, Donald Trump enfrentaria as dificuldades que inviabilizaram as tentativas passadas de tais candidatos.   Não contaria com o apoio financeiro necessário ao enfrentamento com a maquina arrecadadora dos dois grandes partidos; provável seria sua derrota. 

Se vencedor, sua personalidade impulsiva, sua falta de familiaridade no trato de questões internacionais, sua tendência à super-simplificação dos problemas, sua preferência pela improvisação dificilmente consolidariam sua imagem de líder nacional. Se eleito, dificilmente faria um bom governo.

Fica registrado, contudo, ser esta campanha parece ser um divisor de águas, onde a disciplina partidária cede à constatação, por milhões de americanos, de que o sistema eleitoral precisa ser revisto. Tanto nas Primárias, quanto na eleição presidencial, a formula que concede aos delegados a força que lhes permite desvirtuar a preferência das urnas, delegados estes criados para preservar determinados interesses politico-econômicos, afasta-se do enunciado por Abraham Lincoln: “um governo do povo, para o povo, pelo povo”.



* Condição onde a riqueza acumulada no topo da pirâmide goteja em direção à base social, trazendo beneficios economicos para aquele segmento.

** Boa parte do Supply (Oferta) foi transferida para países estrangeiros.

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