Trump, Hillary e Sanders |
A vitória de Donald
Trump na convenção Republicana parece assegurada. Esta vitória
parece significar a exaustão do modelo Reaganiano abraçado pelo
partido, e, ainda, das aspirações radicais do Tea Party. As teses
de Friedrich Hayek, Ayn Rand e outros parecem ter ignorado a
realidade politica que, ao longo do tempo, o eleitor acaba por manifestar seu protesto: até onde a classe média apoiaria uma política de
preferencial enriquecimento das classes superiores sem que os
beneficios prometidos e esperados se realizassem? A classe média e
trabalhadora esperou décadas para que as gotas da Trickle Down
Economy* e da Supply Economics** lhes chegassem; porém estas ainda não se materializaram.
No entanto, a batalha
de Trump ainda não foi ganha. O primeiro obstáculo será o processo
de oficialização de sua candidatura pelo Partido Republicano.
Existe probabilidade que, mediante manobras flexíveis e extra
regulamentares, o vencedor das Primarias não seja consagrado, e sim outro candidato de preferência do estamento.
Caso ungido, Donald
Trump deverá enfrentar a candidata do Partido Democrata. Hillary
Clinton será a provável candidata por margem pequena no voto
popular, porém diferença esmagadora no voto dos Delegados.
Bernie Sanders, uma vez
derrotado na Convenção de seu partido, deixará uma grande parcela
do eleitorado Democrata frustrada. O eleitor do velho senador
identifica-se, em alguns pontos, com o eleitor de Donald Trump. São
contra as ingerências armadas no exterior e contra acordos
comerciais que “exportem” mão de obra norte-americana. São
refratários à globalização. São eles sobretudo brancos e abaixo
dos 50 anos de idade;
compõem os “blue collars” que povoam os Estados Unidos.
Estes dois grupos, nem
tão antagonistas, compartilham a opinião de ser Hillary Clinton
pouco confiável e defensora do repudiado status-quo, fonte do
mal-estar que ora se manifesta. Como pode ser observado, o
jogo, tumultuado pela contestação de boa parte do eleitorado poderá se afastar da tradicional formula bi-partidária, tida
como de cartas marcadas. Jogo visto como dominado pela minoria
composta pelos grandes interesses, distanciados da base eleitoral.
Como resposta, caso
afastado do seio Republicano, restaria ao empresário-candidato lançar-se com o rótulo de “Independente”. Contudo, Donald
Trump enfrentaria as dificuldades que inviabilizaram as tentativas passadas de tais candidatos. Não contaria com o apoio financeiro necessário ao
enfrentamento com a maquina arrecadadora dos dois grandes partidos; provável seria sua
derrota.
Se vencedor, sua personalidade impulsiva, sua falta de
familiaridade no trato de questões internacionais, sua tendência à
super-simplificação dos problemas, sua preferência pela
improvisação dificilmente consolidariam sua imagem de líder
nacional. Se eleito, dificilmente faria um bom governo.
Fica registrado,
contudo, ser esta campanha parece ser um divisor de águas, onde a disciplina
partidária cede à constatação, por milhões de americanos, de que o sistema eleitoral precisa ser
revisto. Tanto nas Primárias, quanto na eleição presidencial, a
formula que concede aos delegados a força que lhes permite
desvirtuar a preferência das urnas, delegados estes criados para
preservar determinados interesses politico-econômicos, afasta-se do
enunciado por Abraham Lincoln: “um governo do povo, para o povo,
pelo povo”.
* Condição onde a
riqueza acumulada no topo da pirâmide goteja em direção à base
social, trazendo beneficios economicos para aquele segmento.
** Boa parte do Supply (Oferta) foi transferida para países estrangeiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário