quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

As primárias norte americanas



Resultado de imagem para photos of sanders and trump
Trump e Sanders
Já a eleição de Barack Obama foi um claro sinal de protesto contra o estabelecimento político  em Washington. No seu caso a revolta do eleitorado, elegendo um improbabilíssimo presidente negro, deveu-se, mais ostensivamente, ao repúdio às aventuras militares de George W Bush, mas também, ao germe da desconfiança nas regras que regem o jogo político.

Passados quase oito anos, o eleitorado norte americano  descortina um novo e imenso protesto. Sim, porque difícil será dizer que os sucessos de Bernie Sanders, improvável candidato socialista, e de Donald Trump, um empresário bufo, possam emergir numa sociedade satisfeita e equilibrada.

Portanto, no caso do eleitorado Democrata, parece razoável concluir-se que somente profunda insatisfação popular, aquela que emana da classe média trabalhadora (e não rentista) , está disposta a descartar os ditames da prudência em busca de novo modelo econômico, onde a atual concentração de renda e redução de oportunidades para o Americano médio não mais prevaleça. Ainda, são os jovens eleitores Democratas e Independentes, clamando por um “level playing field”, que dão ímpeto à revisão das regras do jogo. Tanto em Iowa como em New Hampshire os resultados das primarias parecem dar nova e atual vida ao movimento “Occupy Wall Street” em 2011, contrário à sufocante concentração de renda na “terra das oportunidades”.

Já no campo Republicano, “the Donald”  se rebela contra a realidade política que domina Washington. Seu discurso parece um pot pourri de ofensas pessoais a seus adversários, Republicanos e Democratas, permeado de medidas faraônicas (vide o muro entre o México e os USA) e leoninas, como expulsar todos os imigrantes ilegais e proibir a imigração muçulmana. Acentua a meta de transformar os Estados Unidos numa nação [ainda] mais forte, sugerindo a retomada da política bélica no Oriente Médio. Pretende, também, anular o seguro universal implantado por Barack Obama.

A tal ponto eleva-se o clamor redistributivista, ou anti concentrador, que estes dois candidatos- líderes, por simplistas que sejam, advertem o coletivo que se convenciona  chamar de Wall Street. Ainda que não pareça provável que estes dois fire brands conquistem a designação de seus partidos, a mensagem parece ser clara.

O que hoje se observa no país da “Shining city on the hill”  pode ser interpretado como a reação popular  contrária às crenças do liberalismo mítico, onde a fé nos benefícios aportados pela  Trickle Down Economy e uma distorcida Meritocracia (onde as oportunidades se abrem para poucos) se revela insustentável face a análise empírica das décadas passadas.


Deste exercício eleitoral, talvez a classe política depreenda que uma república preferencialmente dirigida pelos poderosos lobbies e pelos grandes capitalistas como os Koch e os Adelson, garantes do status quo, não mais terão por resultado um dócil eleitorado. 

Nenhum comentário: