domingo, 22 de novembro de 2015

Reflexões post atentado



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Na medida que a perspectiva se instala, pois só o tempo a oferece às reflexões, pouco a pouco estas se liberam do excesso emocional em benefício da razão.

A retaliação é a natural reação à carnificina que assolou Paris, e outras terras pequenas demais para serem lembradas. Contudo, uma cuidadosa avaliação se impõe quanto à sua forma e intensidade. Um robusto grau de violência parece ser necessário, não sob o ímpeto da vingança que tolda a eficiência da ação, mas sim através cuidadosa seleção dos objetivos e prioridades que deverão reduzir o poder do Estado Islâmico e conduzir à sua eliminação no  menor prazo possível.

Por exemplo, a destruição de Raqqua pelos aviões Franceses, recém elevada a capital-sede do EI, em detrimento de outros objetivos de maior substância estratégica merece questionamento. Habitada tanto por partidários como por inimigos do terrorismo, a mortandade resultante permite, não apenas a eliminação de militantes mas, também, em contraponto, a formação de novos adversários, ultrajados pela morte de civis inocentes e familiares.

Sem dúvida, a eliminação das forças combatentes do Terror torna-se essencial, porém a experiência de guerras passadas ilustram quão relativa é a eficacia da guerra aérea. Sem o apoio de importantes forças terrestres dificilmente obter-se-á uma vitória definitiva sobre os Soldados da Escuridão.

Assim, somente a interação das forças de terra e ar, incluindo norte-Americanos, Russos, Sírios e demais aliados, irmanados pela urgência do desafio, permitirá a eficaz eliminação dos seguidores da bandeira Negra como força combatente estruturada.

Porém, talvez ainda mais importante e premente, será a triagem entre a imensa maioria dos Muçulmanos habitando a Europa e os seguidores das facções niilistas. Ainda, sem prejuízo de severa atuação preventiva dos serviços de inteligência, e financiado com parte das verbas que de outra forma iriam para o combate armado de elevadíssimo custo, cabe aos governos europeus a urgente implementação de projetos de equalização de oportunidades. Qualidade de moradia, educação, transporte e trabalho para a juventude Árabe/Turca deveriam ser instituídos, assim lhes dando uma luz de esperança igualitária, dentre Franceses, Ingleses, Alemães e Belgas. Baixo seria seu custo se comparado com a virulência do combate prometido.

Ainda, a negativa de cidadania aos filhos de imigrantes nascidos em solo de alguns países europeus acentua o fosso que separa as novas gerações da comunidade nacional, frustrando acentuadamente a expectativa de igualdade essencial à um futuro promissor.

Em contrapartida ao reconhecimento de maiores privilégios a serem, eventualmente, concedidos às comunidades Euro-Islâmica, uma revisão da legislação imigratória de origem externa à União Européia tornar-se-ia recomendável para evitar que novas levas inviabilizassem a equação financeira necessária à implementação do projeto visando a equalização dos que lá já estão.

A conquista de “Hearts and Minds” do cidadão Euro-Muçulmano parece ser essencial para que a guerra ideológica que hoje tão tragicamente se manifesta não perdure e se intensifique através das décadas vindouras. Nada mais perigoso do que a tendência de apartheid que se desenha no futuro imediato.



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