Na medida que a
perspectiva se instala, pois só o tempo a oferece às reflexões,
pouco a pouco estas se liberam do excesso emocional em benefício da
razão.
A retaliação é a
natural reação à carnificina que assolou Paris, e outras
terras pequenas demais para serem lembradas. Contudo, uma cuidadosa avaliação se impõe quanto à sua forma e intensidade. Um robusto grau
de violência parece ser necessário, não sob o ímpeto da vingança que
tolda a eficiência da ação, mas sim através cuidadosa seleção
dos objetivos e prioridades que deverão reduzir o poder do Estado
Islâmico e conduzir à sua eliminação no menor prazo possível.
Por exemplo, a
destruição de Raqqua pelos aviões Franceses, recém elevada a
capital-sede do EI, em detrimento de outros objetivos de maior
substância estratégica merece questionamento. Habitada tanto por
partidários como por inimigos do terrorismo, a mortandade resultante
permite, não apenas a eliminação de militantes mas, também, em
contraponto, a formação de novos adversários, ultrajados pela morte
de civis inocentes e familiares.
Sem dúvida, a
eliminação das forças combatentes do Terror torna-se essencial,
porém a experiência de guerras passadas ilustram quão relativa é
a eficacia da guerra aérea. Sem o apoio de importantes forças
terrestres dificilmente obter-se-á uma vitória definitiva sobre os
Soldados da Escuridão.
Assim, somente a
interação das forças de terra e ar, incluindo norte-Americanos,
Russos, Sírios e demais aliados, irmanados pela urgência do
desafio, permitirá a eficaz eliminação dos seguidores da bandeira
Negra como força combatente estruturada.
Porém, talvez ainda
mais importante e premente, será a triagem entre a imensa maioria
dos Muçulmanos habitando a Europa e os seguidores das facções
niilistas. Ainda, sem prejuízo de severa atuação preventiva dos
serviços de inteligência, e financiado com parte das verbas que de
outra forma iriam para o combate armado de elevadíssimo custo, cabe
aos governos europeus a urgente implementação de projetos de
equalização de oportunidades. Qualidade de moradia, educação,
transporte e trabalho para a juventude Árabe/Turca deveriam ser
instituídos, assim lhes dando uma luz de esperança igualitária,
dentre Franceses, Ingleses, Alemães e Belgas. Baixo seria seu custo
se comparado com a virulência do combate prometido.
Ainda, a negativa de
cidadania aos filhos de imigrantes nascidos em solo de alguns países europeus acentua
o fosso que separa as novas gerações da comunidade nacional,
frustrando acentuadamente a expectativa de igualdade essencial à
um futuro promissor.
Em contrapartida ao reconhecimento de maiores privilégios a serem, eventualmente, concedidos às comunidades Euro-Islâmica, uma revisão da legislação imigratória de origem
externa à União Européia tornar-se-ia recomendável para evitar
que novas levas inviabilizassem a equação financeira necessária à
implementação do projeto visando a equalização dos que lá já
estão.
A conquista de “Hearts
and Minds” do cidadão Euro-Muçulmano parece ser essencial para
que a guerra ideológica que hoje tão tragicamente se manifesta
não perdure e se intensifique através das décadas vindouras. Nada
mais perigoso do que a tendência de apartheid que se
desenha no futuro imediato.
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