ENCONTRE O ESTADISTA |
Apesar da pressão do
Politicamente Correto, onde a defesa da ditadura não emerge na
imprensa ou nos debates partidários, nota-se, e esta sim é debatida,
a crescente perda de confiança no processo democrático.
Recentemente, na França, país da derrubada do absolutismo, da
revolução popular e da igualdade dos homens, uma pesquisa constata
que 40% dos franceses preferem um governo autoritário, e que dois
terços dos franceses entrevistados veriam com bons olhos um governo
montado em torno de experts apolíticos. Se na esquerda francesa o
apoio ao autoritarismo é menor, na direita ele se torna majoritário.
Em busca de indicação
partidária para tornar-se o candidato dos Republicains (nova
designação para o antigo UMP Gaulista) na próxima eleição
presidencial, Nicholas Sarkozy, captando o animo do eleitorado,
defende, em praça pública, a “restauração da autoridade do
Estado”. No momento sua mensagem focaliza a atividade policial,
ampliando sua presença e ingerência. A julgar pelos seus arroubos
passados em prol de uma “France forte” e uma “Identité
nationale”, pode-se prever um deslocamento em direção ao
autoritarismo.
Mas não só na França
constata-se a perda de confiança na democracia. Sua imperfeição
pode ser observada em diversos países, ainda que as causas variem
entre si.
Na Rússia aplica-se o
que poderia ser chamado de “democracia dirigida”. Em esquema
estabelecido com seu parceiro Dimitri Medvedev, Vladimir Putin
mantem o poder alternando os cargos de presidente e primeiro
ministro. Quanto maior o perigo externo (vide Ucrânia e Síria),
maior sua popularidade, o que recomenda acentuar o primeiro para
benefício do segundo.
Em Israel, sua
democracia poderia chamar-se a “democracia do medo”, assegurando
a eleição do falcão Netanyahu e o seu Likud através da
demonização da vítima (Palestinos). Quanto mais vítima se torna
mais a vitima se rebela e mais votos oferece ao partido que a oprime.
Nos Estados Unidos, o
presidente se vê atropelado e subjugado pelas campanhas bilionárias
e por lobies poderosos, onde a “democracia financeira”
privilegia os interesses das corporações e seus controladores,
assim subordinando a equidade do “American Dream” aos limitados
objetivos da acumulação, revelada estéril na disseminação do
bem estar nacional.
Na Grã Bretanha, o
governo Cameron busca reforçar seu governo, sob continuo ataque da
esquerda municiada pela estagnação das classes populares, e inicia
vigoroso contencioso com a União Européia. Dando rédeas a natural
desconfiança inglesa pelo que se passa do outro lado do canal da
Mancha, o primeiro ministro espera reforçar seu apelo eleitoral para
as eleições subsequentes. O faz para proteger, sobretudo, a City,
pondo em risco o interesse econômico da massa de cidadãos e a
participação de seu país no mais civilizatório projeto do
planeta.
No Brasil tem-se a
“democracia da corrupção”, quando influência e voto são
comprados com recursos desviado das empresas estatais e daqueles que
as servem. Ainda, contrariando a democracia seminal, a Ateniense,
analfabetos que não sabem ler e escrever, e jovens que não
começaram a viver para saber, tem o direito a influir sobre qual o
destino do país. Acresce a multidão de semi alfabetizados,
facilmente iludidos por promessas douradas e inexequíveis de uma
esquerda malandra, sem princípios, a não ser o da sua perpetuação.
Nestes, e noutros
países observa-se crescente insatisfação. É crescente a desilusão
com as estruturas políticas, porém, resta saber como reorientar o
processo sem a perda de liberdades cívicas. Parece estar a
democracia sub júdice, em busca de nova estrada, em busca de
estadistas.
Neste momento, o único conhecido
reside no Vaticano.
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