sábado, 19 de setembro de 2015

Uma aliança inesperada




Espera-se para este ano uma invasão de cerca de um milhão de refugiados rumo à Europa. Conquanto alguns dos imigrantes provêm da Africa negra, a esmagadora maioria inicia sua viagem fugindo do morticínio que tomou conta do Oriente Médio. Destes países a Síria, destroçada por impiedosa guerra civíl, é a maior contribuinte para este êxodo.

Não será fácil nem rápido restabelecer condições na região que fixe sua população, pelo restabelecimento da ordem, da justiça e das condições politico econômicas estáveis. Até então, é provável que as levas de refugiados mantenham o rumo à próspera Europa.

A desestabilização e fragmentação do Iraque pós George W Bush criou condições de profunda anomia na região, permitindo o surgimento de facções político-religiosas para preencher o vácuo-de-poder resultante. Longe de ser um movimento pró democracia, as forças em combate contra o regime Assad pretendem estabelecer a mais obscura das ditaduras, aquela embasada no extremismo religioso.

São muitos os players que buscam vantagens, alguns apostando na derrota do ditador Sírio. Dentre estes estão os Estados Unidos, a Arábia Saudita e os reinos Sunitas do Golfo. Os dois últimos revelam ódio aos Xiitas (religião de Bashar al Assad), desaguando numa aliança tácita com o Califado e o Al Qaeda (ditado Árabe: inimigo de meu inimigo, meu amigo é).

Já a Rússia apoia a Síria por razões geopolíticas, uma vez que sua base naval e aérea em Tartus lhe favorece estratégicamente, na perene partida de xadrês que trava com a OTAN, no entorno do Mediterrâneo. Já o Irã vê a instabilidade na Síria e na Mesopotâmia como contrária a seus interesses, pois a ascensão de forças radicais Sunitas redundam em ameaça a seu território e ao Iraque, seu aliado também Xiita.

Dado a complexidade do quadro político-militar na região, pouco a pouco chega à Barack Obama a constatação que a derrubada do regime ditatorial, porém laico, de Bashar al Assad, em nada contribuirá para a pacificação e ordenamento da região. Pouco compreensível parece ser a ingênua a aposta de Washington no moderado Exército da Síria Livre, mais parecido com o “exército de Brancaleone”, para derrubar, não apenas o Presidente Assad, mas, em seguida, derrotar o Califado e a Al Qaeda. Tal desiderato parece já ter sossobrado ao constatar-se sua derrota no campo de batalha pelas hordas fanáticas.

Pois, de forma surpreendente, surge uma luz no fim do túnel vindo de Moscou. Entendendo que o atual cenário é contrário aos interesses dos Estados Unidos na região, Vladimir Putin recém convidou o presidente norte americano para, com ele, encontrar uma solução em duas vertentes; a política, pelo afastamento e sucessão de Assad; a militar, mediante a coordenação no combate ao extremismo.

Colocando importantes ativos militares na zona de conflito, Putin se antecipa, e, desta vez,  coloca Obama a seu lado no tabuleiro, contra o terrorismo.


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