Espera-se para este ano
uma invasão de cerca de um milhão de refugiados rumo à Europa.
Conquanto alguns dos imigrantes provêm da Africa negra, a esmagadora
maioria inicia sua viagem fugindo do morticínio que tomou conta do
Oriente Médio. Destes países a Síria, destroçada por impiedosa
guerra civíl, é a maior contribuinte para este êxodo.
Não será fácil nem
rápido restabelecer condições na região que fixe sua população,
pelo restabelecimento da ordem, da justiça e das condições
politico econômicas estáveis. Até então, é provável que as levas
de refugiados mantenham o rumo à próspera Europa.
A desestabilização e
fragmentação do Iraque pós George W Bush criou condições de
profunda anomia na região, permitindo o surgimento de facções
político-religiosas para preencher o vácuo-de-poder resultante.
Longe de ser um movimento pró democracia, as forças em combate
contra o regime Assad pretendem estabelecer a mais obscura das
ditaduras, aquela embasada no extremismo religioso.
São muitos os players
que buscam vantagens, alguns apostando na derrota do ditador Sírio.
Dentre estes estão os Estados Unidos, a Arábia Saudita e os
reinos Sunitas do Golfo. Os dois últimos revelam ódio aos Xiitas
(religião de Bashar al Assad), desaguando numa aliança tácita com
o Califado e o Al Qaeda (ditado Árabe: inimigo de meu inimigo, meu
amigo é).
Já a Rússia apoia a
Síria por razões geopolíticas, uma vez que sua base naval e aérea
em Tartus lhe favorece estratégicamente, na perene partida de xadrês
que trava com a OTAN, no entorno do Mediterrâneo. Já o Irã vê a
instabilidade na Síria e na Mesopotâmia como contrária a seus
interesses, pois a ascensão de forças radicais Sunitas redundam em
ameaça a seu território e ao Iraque, seu aliado também Xiita.
Dado a complexidade do
quadro político-militar na região, pouco a pouco chega à Barack
Obama a constatação que a derrubada do regime ditatorial, porém
laico, de Bashar al Assad, em nada contribuirá para a pacificação
e ordenamento da região. Pouco compreensível parece ser a ingênua
a aposta de Washington no moderado Exército da Síria Livre, mais
parecido com o “exército de Brancaleone”, para derrubar, não
apenas o Presidente Assad, mas, em seguida, derrotar o Califado e a
Al Qaeda. Tal desiderato parece já ter sossobrado ao constatar-se
sua derrota no campo de batalha pelas hordas fanáticas.
Pois, de forma
surpreendente, surge uma luz no fim do túnel vindo de Moscou.
Entendendo que o atual cenário é contrário aos interesses dos
Estados Unidos na região, Vladimir Putin recém convidou o
presidente norte americano para, com ele, encontrar uma solução em
duas vertentes; a política, pelo afastamento e sucessão de Assad; a
militar, mediante a coordenação no combate ao extremismo.
Colocando importantes
ativos militares na zona de conflito, Putin se antecipa, e, desta vez, coloca Obama a
seu lado no tabuleiro, contra o terrorismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário