quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A irrelevância da diplomacia brasileira ?



Sr. Marco Aurélio Garcia
Ministro de fato das Relações Exteriores

Para o Brasil, todo e qualquer conflito na America do Sul lhe diz respeito. Fronteiriço com todos os países do continente, com exceção do Equador e Chile, as desavenças econômicas ou militares dentre todos seus componentes têm reflexos importantes sobre a nação brasileira.

Ora, o Itamaraty já vem, há tempos, observando o comportamento desregrado da Venezuela. Esta vem exibindo, tanto no campo político como no econômico, um preocupante rumo interno, onde as políticas populistas desestabilizaram a economia, projetando a inflação para acima de 700% ao ano. Dependente do petróleo como sua única fonte de divisas e receita pública de relevância, às escolhas equivocadas do governo Maduro somaram-se à forte queda do preço do petróleo trazendo por resultado crescente desabastecimento, assim aguçando a oposição ao governo Chavista.

Reagindo aos protestos oposicionistas, Caracas vêm estreitando, cada vez mais, a tolerância para com os princípios democráticos, levando o país à condição de uma virtual ditadura. Esta condição, ainda, contrária aos termos do tratado do Mercosul, já deveria ter imposto ao Itamaraty enérgica atuação visando reversão de rumo pelo governo de Caracas.

Cumprindo a cartilha disparatada da esquerda radical quando confrontada com os erros de sua política econômica, a culpa é debitada aos efeitos das políticas implementadas, e não às suas causas, originadas nas decisões erradas. Ainda, potencializando as tensões mencionadas, tem-se uma Venezuela em ritmo de rearmamento, através da aquisição de aviões de combate russos bem como outros materiais bélicos. O quadro que se tem não convida ao otimismo, mas sim à crescente preocupção.

Tem-se, assim, um país vizinho sujeito a extrema tensão sócio-política, situação que impõe ao Itamaraty o mais cuidadoso acompanhamento. Sem causar grande surpresa, este quadro agravou-se com as hostilidades fronteiriças entre Venezuela e Colômbia.

Longe de buscar na tradicional diplomacia brasileira, espelho do colosso geográfico, político e econômico sul americano, a mediação que poderia acalmar os ânimos e orientar as melhores soluções, tanto a Venezuela como a Colômbia preferiram buscar nos pequeninos Uruguay e Equador as formulas de reconciliação. Tanto melhor, assim evitando-se o conflito.

Restam, contudo, algumas perguntas: onde estava o Itamaraty ? Ou melhor seria perguntar-se, onde estava o Sr. Dr. Marco Aurélio Garcia ? Onde estava a Presidenta ? Até onde terá caído a influência e capacidade da Casa de Rio Branco no trato das grandes questões Sul Americanas ? Estará o Brasil relegado à irrelevância ?

Com a palavra os comandantes deste novo Brasil, desorientado e diminuído por políticas equivocadas e práticas espertas.



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