terça-feira, 29 de abril de 2014

CURTAS

Robert Gates
Esta coluna recomenda vivamente o livro entitulado ”Duty”, de autoria de Robert M. Gates, ex Secretario de Defesa nos governos Gerge W. Bush e Barack Obama. Gates descreve de forma objetiva e com profundo conhecimento as peripécias na administração do Pentágono, envolvendo a alocação dos ativos bélicos Norte Americanos, bem como as opiniões conflitantes que formulam a Política Externa e suas intervenções militares. Desvenda para o leitor como opera o Império em suas crises, sobretudo no Oriente Médio.







Contrariando norma que deveria prevalecer para políticos em seus périplos internacionais, Lula lavou roupa suja fora de casa, ato contrário à imagem do país no exterior, portanto, pouco patriótico. Em Lisboa, acusou o Supremo Tribunal Federal de agir políticamente quando das condenações do Mensalão. Tentou desmoralizar a Justiça brasileira. Não revelou, contudo, que um bom número, dentre os quais o Relator, por ele nomeados, fizeram parte da maioria que puniu os meliantes. Que interêsse político teriam eles?





General Sissi


Pérolas do Oriente Médio. O governo Egipcio gostou da brincadeira; após condenar a morte 529 manifestantes pela morte de um policial, volta aos tribunais para condenar à pena máxima 700 manifestantes pela morte de 3 policiais. Continua sendo um mistério como tantas pessoas podem, sem violar as leis da física, serem cumplices ativos nestas mortes. Não foi revelado quem começou a refrega nem quantos civís foram mortos pela polícia. A prosseguir esta política de contenção de movimentos oposicionistas, a calma voltará por falta de opositores. Enquanto isto, o governo do Marechal Sissi continua recebendo de Washington, anualmente, 2 bilhões de dólares por bom comportamento. Isto depois de Barack Obama, em notável discurso no Cairo, instigar o povo egípcio a lutar pela democracia.




domingo, 27 de abril de 2014

Está na hora de Putin...



Vladimir Putin

Está na hora de Vladimir Putin contentar-se com as fichas que ganhou e encerrar seu contencioso com o Ocidente. Continuar no rumo de hostilização ou, ainda, não colaboração explícita para o término da crise Ucrâniana só será contra os interêsses da Rússia.


Tendo obtido a anexação da Criméia a custo práticamente zero, Putin corre o risco de ver a reversão da aceitação tácita do Ocidente do já conquistado. Os outros objetivos do Kremlin, ou seja a federalização das regiões da Ucrânia e o compromisso de negar a presença da OTAN devem agora ser pleiteadas e defendidas por via diplomática.


De agora em diante a Rússia só tem a perder, pois a boa vontade para com a aventura da Criméia que existiu em diversos setores será perdida pelo o que a opinião pública internacional verá como intransigência arrogante de um sucessor da União Soviética.


Putin não deve menosprezar a imensa capacidade de Washington em apertar as cravelhas econômicas de uma Rússia em estado econômico cambaleante. Esta situação, que antecede à crise Ucraniana, só tenderá a piorar, e fortemente, a partir de novas sanções.


Entende-se que o Kremlin objetivou, a partir da provocação Ocidental ao apoiar um gope de estado em Kiev, “dar uma lição” à União Européia e aos Estados Unidos, deixando claro que qualquer intromissão nas regiões de vital interêsse da Rússia custaria excessivamente caro. Não apenas as repúblicas européias, Ucrânia e Bielorússia, mas tambem as Asiáticas, desde a Georgia até o Quirguistão, são terras proíbidas ao Ocidente. È compreensivel; já vimos a reação dos Estados Unidos face a aventura de Cuba aos tempos de Khruschev. O mesmo se aplica ao outro lado do tabuleiro deste perigoso xadrêz.



A prosseguir a deterioração de diálogo entre as potências, Putin poderá perder tudo que ganhou.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Um bom exemplo


Se tiver juizo, a presidente Dilma seguirá os passos de seu colega socialista, Manuel Valls, recém indicado Premiê da França. Este, confrontado com a imperiosa necessidade de reduzir o déficit fiscal do governo, vem adotando uma série de providências visando recompor as finanças nacionais.

Confrontado com acordos prévios com a União Européia que determinam limitar a 3% o déficit para 2015, decidiu reduzir o número de ministros de Estado, de 38 para 17. Com esta medida visa:
  • cortar custos diretos de sua administração
  • aumentar a eficácia de seu governo
  • dar o exemplo de contenção aos demais órgão governamentais e
  • divulgar aos setores internos e externos, políticos e financeiros, seu comprometimento com o saneamento das contas públicas.

Além destas medidas, tão próximas àquelas demandadas pelos mais diversos setores da sociedade brasileira, o Primeiro Ministro francês determinou o corte de despesas em 50 bilhões de Euros, mediante redução de incentivos e benefícios. Pari passu com tais medidas de contenção, propõe ainda a redução pontual da carga tributária no sentido da retomada do emprego.

Assim fica, Senhora Presidente, um exemplo de como um partido Socialista curva-se perante as exigências da boa governança e de equilibrio fiscal que cabe a todo pais civilizado.


sábado, 19 de abril de 2014

A semântica como arma


Terrorismo. Palavra que carrega enorme força negativa. Expressão que nos lembra celerados matando velhos, mães e crianças, em ódio cego contra o ser humano e o Estado de Direito. Este deveria ser o sentido apropriado da palavra. Contudo, o ataque de “nine eleven” levou à ampla difusão do termo, correndo o risco de torná-lo banal.


Terrorista. O epíteto vem sendo usado, cada vez mais, como designação de pessoas ou grupos contrários ao poder constituido, seja ele decorrente de processo democrático, seja ele instituido pelo processo da força bruta. O uso da palavra terrorismo, ou terrorista, como instrumento político visa a desclasificação moral do opositor, mas nem sempre conta toda a história.


Ora, o terrorismo pode decorrer do Estado agindo contra civís, vide Saddam Hussein contra os Kurdos, ou do elemento radical (grupos ou individuos) contra civís. No conflito Palestino o terrorismo foi, e ainda é praticado pelos dois lados. Sendo, inicialmente, contra os Ingleses, seguiram-se atos semelhantes contra comunidade palestinas ao formar-se o Estado Judeu. Em resposta elementos Palestinos atacaram, da mesma forma terrorista, civís Israelenses.


Hoje Israel aplica o terror como arma de subjugação da população Palestina; neste caso seja pelo uso de assassinatos contra lideres Arabes e de inocentes que possam estar por perto. Ainda, a ocupação de uma comunidade ou um país por tropas inimigas constitue terrorismo físico e psicológico.


No Oriente Médio práticamente todos os governos designam seus inimigos como terroristas. Na maioria dos casos, o adjetivo é usado como justificativa na obtenção de apoio material e financeiro dos Estados Unidos, e justificar repressão cruel contra oposições políticas legítimas. Vide o caso de Bahrain onde médicos foram condenados por atenderem opositores classificados de terroristas.


No Egíto, o governo militar designou a Irmandade Muçulmana como organização terrorista, ainda que se trate de partido político tradicional, representando 30% do eleitorado daquele país. Assim justificou perante seus aliados Ocidentais, a prisão do Presidente Mursi deposto, o fechamento de jornais de oposição e a criminalização de qualquer protesto público. Na última manifestação, 529 manifestantes foram condenados a morte, designados de teroristas.


Na Síria temos o Governo Assad designando os rebeldes como terrorista, e os governos da Arábia Saudita e aliados do Golfo Pérsico acusando o governante Sírio de terrorista.


No Líbano, Israel e os Estados Unidos consideram o Hezbollah como organização terrorista, visto sua resistência a ocupação do sul do Líbano por Israel. Tendo em vista a característica militar desta organização, tendo por objetivo conter qualquer incursão de Tel Aviv sobre território Libanês, a União Européia recusa considera-la como terrorista.


Até na Ucrânia, o governo de Kiev acusa seus opositores de terroristas, quando mais não são do que robustas manifestações civis, sem que o numero mortes justificassem tal acusação.


Como dito acima, a banalização da designação “terrorista” retira, pouco a pouco a credibilidade do acusador, tornando turva a definição de uma palavra, que se usada correta e honestamente, traria no seu bojo o justo opróbio necessário à sua rejeição pela sociedade. Fica, na mente do observador, a pergunta: será ele realmente um terrorista ou apenas um opositor político?




quinta-feira, 17 de abril de 2014

Descalabro


Surge a explicação que a compra da refinaria Pasadena deveu-se a um infeliz detalhe; os conselheiros não foram informados das cláusulas de Put Option e Marlin. Conclui-se que, tivesse o Conselho acesso à estas condições, a compra não seria realizada. Pelo menos é o que a Presidente Dilma declarou. Pagou-se 190 milhões de dólares (os outros 170 milhões compraram o estoque de petróleo pertencente à refinaria) por 50% da empresa. Já a segunda parcela (os remanescentes 50%) custou aos cofres da empresa 820 milhões de dolares, ou seja, 4,3 vezes mais do que o pagamento inicial.


Como poderia o Diretor Presidente, José Gabrielli, participante do Conselho e Chefe Executivo da empresa, obrigatóriamente conhecedor de todos os detalhes relevantes do negócio, não estar a par das cláusulas em questão. Não relatá-las ao Conselho de Administração. Tratava-se matéria de sua alçada.


A desculpa apresentada pelo governo, com o triste aval de Dna Maria das Graças Foster, longe de isentar o Conselho da Petrobrás de suas responsabilidades, acentua e oficializa sua incompetência.


Ainda, de difícil compreensão, constatar-se a presença de respeitáveis empresários privados neste triste Conselho, que, não demonstraram sua habitual argucia no questionamento deste investimento. Certamente, em suas empresas, tais dirigentes teriam comportamento mais inquiridor.


Mas, não. Passou-se tudo como em agradável clube, onde perguntas desagradáveis devem ser evitadas. Infelizmente, a cortesia e o cavalheirismo não pode tolher a procura pelos fatos relevantes em decisões empresariais. A omissão não tem lugar em Conselho Deliberativo.


As melhores práticas que regem a operação de um conselho deliberativo, recomendam que vários comitês sejam constituidos, formados por conselheiros afeitos às disciplinas propostas. Comitês que examinem, para posterior debate no plenário do Conselho, assuntos tais como aquisições, auditoria, jurídico, política salarial, e até recomendação para a contratação de quadros de alta relevância. Não é cabível que empresa que se situe dentre as maiores do mundo, seja submetida a praticas arcaicas, onde decisões são tomadas com base em informações incompletas.


Quanto a eventual fraude ou intenção ilícita, deve seguir-se a maxima “a quem interessa?”.  Vale inquirir-se de que forma pessoa física e ou juridica, se beneficiaram com esta acquisição. Até que se desvende o mistério, o Chefe Executivo da Petrobrás, à época, é o responsável.




domingo, 13 de abril de 2014

Curtas




O Irã enviou um de seus principais diplomatas, Ahmid Aboutalebi, como embaixador junto à ONU. Tendo em vista o provecto embaixador ter participado, faz 40 anos, do assalto à embaixada Norte Americana, Washington decidiu negar-lhe o visto de entrada em seu território. Até aí, não há o que objetar, pois trata-se de decisâo soberana. Porém fica um detalhe de difícil solução: as Nações Unidas é uma organização internaional que tem por obrigação aceitar os representantes que aprouver aos países membros. A prevalecer o atual veto dos Estados Unidos, a seleção dos participantes extrangeiros ao organismo internacional estará submetida a filtro de um de seus membros, procedimento contrário aos estatutos das Nações Unidas. Com a palavra o Secretário Geral, Ban Ki-Moon.






As eleições par o Parlamento Europeu para fins de Maio promete séria dor de cabeça para os admiradores da União Européia. As vitórias sucessivas dos partidos de direita, nacionalistas, prometem alteração substancial na composição de seu Parlamento. Pode-se esperar enorme abstenção do eleitorado Europeu, chegando, segundo alguns analistas, à 60%. Seguindo sua tradicional política, dentre as potências Européias constata-se ser a Grã Bretanha a mais interessada no enfraquecimento do que chamam de Continente. Londres deseja manter as vantagens comerciais como membro da UE, porém sem enfraquecer sua soberania.



Merechal Sissi






No mesmo final de Maio, teremos as eleições Egipcias, onde a vitória do Marechal Sissi, digno sucessor do Marechal Mubarak, já está assegurada. O principal partido de oposição, a Irmandade Muçulmana foi declarada organização terrorista, o presidente deposto e encarcerado, e os jornais de oposição, amordaçados. Porém a medida mais eficaz para paralizar a oposição foi a simultânea condenação à morte de 528 pessoas, membros do partido proscrito, por terem assassinado um, realmente um policial. É evidente ser impossível, fisicamente, 528 pessoas cometerem tal crime. Porém, desprezando o absurdo de tal sentença e a perda de sua credibilidade, o tribunal, na prática, declara qualquer manifestação opositora passível de pena de morte. Numa época de discursos inflamados, proferidos por líderes Ocidentais, em defesa intransigente dos direitos humanos, fere os ouvidos o silêncio que deles nos chega.


sábado, 12 de abril de 2014

Proliferação Nuclear


Ayatolah Khameney   ibn-tv.com

O Ayatolah Khamenei deve estar confuso. Depois de diversos anos de sanções e ameças de violenta punição por enriquecer seu urânio em míseros 20%, constata que o Japão vem estocando plutonio enriquecido a porcentagens suficientes para a construção de bombas nucleares. A notícia divulgada pelo New York Times comenta que o estoque japones é suficiente para produzir 50 bombas nucleares. Contudo, o teor exato de enriquecimento não foi revelado.


Indagado a respeito, o portavoz do Departamento de Estado Americano revela completa depreocupação com o potencial arsenal Nipônico. Inquirido, o Sr. Yukiya Amano, cidadão japonês e Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica, órgão das Nações Unidas, declara-se, também, despreocupado. Surpreendente tranquilidade.


Já o governo de Pequin, de imediato, manifestou sua mais profunda preocupação. Não perdeu a oportunidade para relembrar às potências amnésicas da ferocidade dos exercitos do Sol Nascente em sua malograda guerra com a China. Vale acentuar que todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas são potências nucleares, impacientes com qualquer adesão subreptícia a este seleto clube.


Confrontado com a reação assimétrica de Washington, quando tão díspare se revela o tratamento dispensado a Teerã e Tokio, a explicação oferecida foi ter o governo Iraniano se recusado a assinar o “Protocolo Adicional” que limita o teor de enriquecimento de urânio. A explicação deixou uma névoa de incompreensão pelo “non sequitur” do raciocínio. Vale lembrar que diversos países signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear, inclusível o Brasil, se recusaram a a assinar aquele adendo.


Torna-se, assim, mais aparente a aplicação subjetiva de tratados que buscam proteger o planeta da ameaça nuclear. Esta inconstância interpretativa tornará, possívelmente, menos eficaz a sua imposição aos pretensos calouros deste funesto e exclusivo clube.




terça-feira, 8 de abril de 2014

CURTAS





A Espanha finalment conquista a França. Manuel Valls, nascido em 1962 em Barcelona, assume, 52 anos depois, torna-se Primeiro Ministro do governo Francês. Admirado, tanto pela esquerda como pelo centro direita Gaulês, conforme recente pesquiza, Valls promete atender o descontentamento recente das urnas, revertendo a embaralhada política imposta por Hollande nos primeiros 24 meses de seu governo. Redução de impostos e corte substancial de despesas governamentais, chegando a 50 bilhões de Euros, é que a meta deste Catalão Francês. Será possível?




Novas manifestações na Ucrânia Oriental prometem agravamento da crise Occidente-Rússia. Não parece ser do interesse de Moscou agravar o contencioso que já se acalmava. A conquista da Criméia foi um cheque mate na partida anterior. Nova partida pode custar caro à Russia. Seu verdadeiro interesse será consolidar seus ganhos, evitando abrir novas frentes.




Continua o silêncio sobre as obras sociais imprescindíveis às favelas pacificadas. Para consolidar o movimeto-cidadão nas regiões pacificadas o Governador Sergio Cabral deve vir a público comprometendo-se com a contrução de postos de saúde e escolas, além da instauração permanente de coleta de lixo e construção de saneamento básico. Outra tarefa crucial será impedir que a corrupção policial substitua a presença criminal dos traficantes. Ambos prejudicam os moradores, ainda que de forma diferente.







quinta-feira, 3 de abril de 2014

Responsabilidade Brasileira

O Brasil tem, sem dúvida, posição primordial na América do Sul. Sua política de diálogo, afastando o conflito armado como solução das controvérsias, ganhou o respeito dos demais paises deste continente.

A doutrina que pauta sua diplomacia extra-continental também vem acompanhando a mesma linha pacificadora, conclamando as partes à solução diplomática, ao repudio do conflito armado.

A iniciativa Mercosul, ainda que sofrendo claros sinais de decomposição, pretende o estímulo e expansão do comercio regional, dentro de um arcabouço democrático. Com as liberdades garantidas pelo livre exercicio do voto e o respeito às instituições republicanas, sólida base seria construida, visando a perenidade dos acordos e o respeito dentre os partícipes.

Assim, o Brasil não pode ignorar o que hoje se passa na Venezuela, sob pena de submeter sua imagem a desprezo daqueles que deve liderar. Observa-se, neste momento, a paralisia da diplomacia brasileira, anestesiada pelo veneno ideológico de um senhor Garcia, que, inexplicávelmente suplanta os excelentes quadros do Itamaraty.

O Brasil não é tão somente o Brasil de agora, é também o Brasil do futuro. A formulação da doutrina diplomática não pode ater-se, limitar-se a objetivos políticos partidários  que o leve a perda do respeito que o séculos passados já conquistaram. O silêncio, a omissão de Brasilia face ao escancarado atropelo imposto pelo Sr Maduro à democracia Venezuelana demonstra inaceitavel pusilanimidade.

Cabe à Sra. Presidente do Brasil (não do PT) providênciar junto ao governo  de Caracas para que cesse a violência  de grupos pra-militares governistas que ora domina o país vizinho. Ainda, torna-se mister acentuar a obediência à Clausula Democrática do Tratado do Mercosul, sem o que, conforme o exemplo Paraguayo, caberia a sua desclassificação.

Ao Brasil não interessa uma Venezuela conflagrada.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Carta à Barack Obama

Senhor Presidente da mais poderosa das Nações,


Tenho observado aqui da Lua suas atividades. Esclareço que os Luáticos (não confundir com Lunáticos, tão encontradiços em vosso planeta) têm por principal razão de vida observar os Terraqueos nas suas mais relevantes iniciativas. Meu departamento é o da Política Externa; cabe-me acompanhar, analisar e relatar a meus compatriotas os surprendentes acertos e os trágicos erros que esta disciplina traz aos cidadãos deste seu Planeta Mor, nosso nome para o que Voces chamam de Terra.


Fico feliz em não me ocupar do setor Poluiçao, a cargo de meu colega Friiiio (todos os nomes Luaticos se reportam à baixissima temperatura). Retomando o assunto, Ernesto Friiiio (a elite Luática, por snobismo, tende a adotar prenomes Terraqueos) já está arrumando as malas para mudar-se para Marte, pois avalia que em futuro breve a Lua seré submersa por incontida imigração de seus conterrâneos fugindo ao colapso ecológico de seu planeta-mãe.


Voltando à Política externa, e com os cuidados que o trato da matéria exigem quanto às susceptibilidades de interlocutores, atrevo-me a sugerir que o mais longo projeto diplomático empreendido por seu poderoso país ainda não promete a soluçao que deseja. Por ter se iniciado há mais de quarenta anos, o Supremo Conselho Luático selecionou este tema para acompanhamento, não só pela sua inusitada extensão, mas tambem como estudo específico para entender com funciona o dito cerebro humano. Já, ha tempos, acompanhamos os esforços de seus antecessores, desde que o presidente Jimmy Carter obteve sucesso ao conter os sangrentos conflitos no Oriente Médio.


Tendo recentemente recebido as transmissões magnéticas (nossa versão para o vosso internet) sobre o desenrolar das conversas dos senhores Kerry, Netanyahu e Abbas, tive que valer-me de tripla dose de Prozac (sim, temos nossos contrabandistas) para restabelecer meu equilibrio mental, necessário para a compreensão de vossa Política Externa.


Entendo, e espero que me elucide face à alta probabilidade de estar enganado, que para estimular o Sr. Netanyahu a continuar negociando aquilo que não deseja negociar, ou seja o reconhecimento do Estado Palestino, o seu Ministro das Relações Exteriores engendrou singular formula:


À Israel é oferecido


  1. O Sr. Kerry cede às súplicas e oferece a libertação de espião Israelenses cujos segredos roubados aos Americanos lhe valeram condenação perpétua.
  2. Ainda, o astuto (deve sê-lo por não já ter sido substituido) Ministro aceita mais uma nova condição do lado Israelense, qual seja a exigência que os Palestinos, além de reconhecer o Estado de Israel (já feito há anos) o reconheça como Estado Judeu, rebaixando todos os Palestinos muçulmanos, que lá residem há dois mil anos, a cidadãos de segunda classe.
  3. Abandona a prévia  exigência de interrupção de novos assentamentos Israelenses em terras Palestinas bem com em Jerusalem Oriental.
Aos Palestinos,  em busca de justo equilibrio, o elegante Sr Kerry, oferece a libertação de quatro centenas de homens, mulheres e crianças Palestinos, prisioneiros em Israel.


Ao baixar das cortinas, surprendido pelo abrupto término  das tratativas, Vosso ministro culpa os Palestinos pelo fracasso das negociações, vista a equidade das vantagens acima aquinhoadas.

Chegando, pois, ao final do meu trabalho peço, humildimente, sua ajuda, por encontrar-me em situação nunca d'antes enfrentada. Sendo Va. Excelência homem de inegável cultura, sólida experiência política e reconhecida sensibilidade, repito, peço-lhe encarecidamente suas recomendações para que possa evitar que o Supremo Conselho Luático, ao receber meu relatório, não contenha embaraçosa hilariedade, detrimental à minha reputação bem como, com todo o respeito, à Vossa.


Renovando meu protestos de Lunar Admiração (forma superlativa, raramente concedida a Terraqueo) sou, seu criado,


Edilberto Engelé