Terrorismo. Palavra que carrega enorme força negativa. Expressão
que nos lembra celerados matando velhos, mães e crianças, em ódio
cego contra o ser humano e o Estado de Direito. Este deveria ser o sentido apropriado da palavra. Contudo, o
ataque de “nine eleven” levou à ampla difusão do termo,
correndo o risco de torná-lo banal.
Terrorista. O
epíteto vem sendo usado, cada vez mais, como designação de pessoas
ou grupos contrários ao poder constituido, seja ele
decorrente
de processo democrático, seja ele instituido pelo processo
da força bruta. O uso da palavra terrorismo,
ou
terrorista, como instrumento político visa a desclasificação
moral do opositor, mas nem sempre conta toda a história.
Ora, o terrorismo pode decorrer do Estado agindo contra civís,
vide Saddam Hussein contra os Kurdos, ou do elemento radical (grupos
ou individuos) contra civís. No conflito Palestino o terrorismo foi,
e ainda é praticado pelos dois lados. Sendo, inicialmente, contra os
Ingleses, seguiram-se atos semelhantes contra comunidade palestinas
ao formar-se o Estado Judeu. Em resposta elementos Palestinos
atacaram, da mesma forma terrorista, civís Israelenses.
Hoje Israel aplica o terror como arma de subjugação da
população Palestina; neste caso seja pelo uso de assassinatos
contra lideres Arabes e de inocentes que possam estar por perto.
Ainda, a ocupação de uma comunidade ou um país por tropas inimigas
constitue terrorismo físico e psicológico.
No Oriente Médio práticamente todos os governos designam seus
inimigos como terroristas. Na maioria dos casos, o adjetivo é usado
como justificativa na obtenção de apoio material e financeiro dos
Estados Unidos, e justificar repressão cruel contra oposições
políticas legítimas. Vide o caso de Bahrain onde médicos foram
condenados por atenderem opositores classificados de terroristas.
No Egíto, o governo militar designou a Irmandade Muçulmana como
organização terrorista, ainda que se trate de partido político
tradicional, representando 30% do eleitorado daquele país. Assim
justificou perante seus aliados Ocidentais, a prisão do Presidente
Mursi deposto, o fechamento de jornais de oposição e a
criminalização de qualquer protesto público. Na última
manifestação, 529 manifestantes foram condenados a morte,
designados de teroristas.
Na Síria temos o Governo Assad designando os rebeldes como
terrorista, e os governos da Arábia Saudita e aliados do Golfo
Pérsico acusando o governante Sírio de terrorista.
No Líbano, Israel e os Estados Unidos consideram o Hezbollah
como organização terrorista, visto sua resistência a ocupação do
sul do Líbano por Israel. Tendo em vista a característica militar
desta organização, tendo por objetivo conter qualquer incursão de
Tel Aviv sobre território Libanês, a União Européia recusa
considera-la como terrorista.
Até na Ucrânia, o governo de Kiev acusa seus opositores de
terroristas, quando mais não são do que robustas manifestações
civis, sem que o numero mortes justificassem tal acusação.
Como dito acima, a banalização da designação “terrorista”
retira, pouco a pouco a credibilidade do acusador, tornando turva a
definição de uma palavra, que se usada correta e honestamente,
traria no seu bojo o justo opróbio necessário à sua rejeição
pela sociedade. Fica, na mente do observador, a pergunta: será
ele realmente
um terrorista ou apenas um
opositor político?