quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Vinhetas Levantinas

Depois de um início bélico, Barack Obama chega ao seu segundo mandato com nítido viés pacificador. Neste momento Washington engaja-se em três frentes no conturbado Oriente Médio, buscando a pacificação dos ânimos, o abandono das armas.

No Irã, graças a um Aiatolá mais contido e um presidente aparentemente bem intencionado, abre-se uma janela para a concórdia.  Barack Obama, ignorando os apelos Cassândricos de Israel,  seu “aliado incondicional”, abandonou a intransigência de governos anteriores, aceitando sentar-se à mesa de negociação, sem pré-condições. Qual a probabilidade de chegar-se a bom termo? O próprio Obama sugere 50/50.

Quanto a  Síria, Washington finalmente entendeu que dos males o governo Assad ainda é o menor. Não que se sustente por muito tempo, mas o suficiente para buscar terreno comum entre o governo  Baath e o Exercito Livre Sírio, ambos  laicos. Tanto um como o outro rejeitam o Islamismo como forma de governo. Simultaneamente, impõe-se  a neutralização das facções guerrilheiras religiosas dentre as quais desponta a Al Qaeda, tarefa dificultada pelo apoio Saudita, em dinheiro e armas. Probabilidade de sucesso? Talvez 60/40 (Aceitamos apostas)  

Já, o contencioso Israelo-Palestino é bicho de outra espécie. Enfrentando os “12 trabalhos de Hercules”, que Hollywood hoje chamaria de “Missão Impossível”, o dedicado Secretário de Estado, John Kerry, tenta extrair água de pedra. Maltratado e confrontado com discurso variável, engendrado para confundir o interlocutor, o Premiê Netanyahu, provavelmente apoiado na esmagadora maioria de seus compatriotas, camufla a inabalável intenção de incorporar, pouco a pouco, assentamento a assentamento, as Terras Bíblicas que os ingênuos hoje chamam de Palestina.  Probabilidade de sucesso: sugiro 1%.

São todas tarefas que demandam imensa habilidade diplomática, judicioso uso da ameaça de força e sanções econômicas, perseverança e sorte, muita sorte. Dentre estas três tarefas, a última parece ser inatingível, a não ser que o povo Palestino aceite, e continue aceitando, um grau de submissão sem precedentes na história moderna.

Nenhum comentário: