sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O que nos reserva 2014?

A volatilidade da economia e da política global é tamanha que os mais embasados vaticínios tornam-se especulações cruelmente erradas. O que segue abaixo se atém à categoria de palpite, lastreado por informação e intuição. Nada que sirva de alicerce para uma política de investimento de suas economias.

As manchas escuras que toldam nosso firmamento tropical, de tradição ensolarada quando livre das ações de alguns políticos, recomendam aguda atenção. Será que Deus, inegavelmente brasileiro, descartará seu passaporte, trocando-o por aquele de nação mais merecedora?

Já a penumbra nos chega de dentro. A ameaça eleitoreira promete embaralhar, confundir as prioridades que ao país se impõem. 

Novamente o fantasma da inflação se ergue, atropelando preços, desorganizando a economia, estimulando o governo à manipulação das estatísticas. O combate se faz urgente, trazendo a alta de juros e (com ínfima probabilidade) a redução de gastos da maquina governamental. Por enquanto, nem promessas de medidas concretas são oferecidas pelo governo, apesar de imprescindíveis para recuperar a confiança da comunidade financeira interna e internacional.

A continuar o atual excesso de gastos governamentais,  tornar-se-á improvável atingir um adequado superávit primário e a resultante contenção da dívida pública. Alertas, as agências internacionais de classificação de risco contemplam a retirada do "investment grade" que protege a dívida brasileira. A concretizar-se tão indesejável previsão, o impacto sobre o crédito nacional, as taxas de juros, a relação do real com moedas internacionais trarão conseqüências de extrema gravidade. A economia estagnará.

A caixa preta do BNDES continuará em expansão, cobrando transfusões do Tesouro na medida em que seus cliente favoritos e favorecidos tornam-se exangues ou anêmicos e sem que o cidadão mereça a certificação de uma auditoria externa Independente (com I maiúsculo). Qual a sua carteira, como está avaliada são perguntas que clamam por resposta. Ainda, a  manipulação política da Petrobrás, a revelia de sua Administração, causa, dia após dia, perda de riqueza, perda de receita, perda de patrimônio. Perda, não só para o Tesouro, mas uma perda estratégica, perda de tempo, onde novas tecnologias, novas fontes ameaçam a preponderância do petróleo, sobretudo aquele a sete mil metros de profundidade.

A insuficiência da infra estrutura, conquanto atenuada pela privatização parcial dos aeroportos e algumas estradas importantes, ainda representa a proverbial bola de ferro atada ao pé da Nação. Retem o crescimento e a competitividade da economia.

A salada fiscal, sem dúvida campeã mundial na sua variedade e complexidade, aliada à burocracia incontida, gera crescente confusão, corrupção, ineficiência, sonegação, aumentando o custo Brasil, reduzindo sua capacidade de concorrer. É desoladora a relutância política em empreender sua simplificação. A esta fragilidade soma-se  o labirinto das leis e regulamentos trabalhistas, que vão muito além do objetivo razoável de dar proteção ao trabalhador. Estes fatores, aliados ao alto custo de capital,  explicam o visível enfraquecimento da indústria. E não pode ser esquecida a desestruturação da Argentina (e a Venezuela, em menor grau de importância) relevante parceiro comercial e comprador de bens industriais brasileiros. O impacto negativo sobre a economia brasileira não deve ser subestimado.

No lado positivo, espera-se uma retomada, ainda que modesta, da economia norte-americana, trazendo no seu bojo uma demanda acrescida. Por outro lado, a probabilidade de aumento das taxas de juros norte-americanas sugere o encarecimento do custo de capital. A economia Européia, se mantida em estabilidade medíocre, com ínfimo crescimento, pelo menos reduzirá a angústia que paira sobre o continente. O Japão, sob nova batuta, busca em crescente liquidez uma retomada de suas atividades; sua eficácia ainda é duvidosa. Já a China promete, com otimismo talvez imprudente,  manter uma alta taxa de crescimento, ainda que cercada de bolhas. Assim, é lícito esperar-se um modesto acréscimo na atividade comercial mundial, atenuando, em parte, as dificuldades que ameaçam o Brasil. 

A modernização dos portos merece elogio. O afluxo de turistas na Copa, merece esperança. O Supremo Tribunal Federal inverte a impunidade. O Tribunal Eleitoral está vigilante. Até algum aumento na produção de petróleo é prevista e comentada. E, quem sabe, teremos alternância partidária no poder, oxigenando o ambiente político, revendo prioridades, aprimorando comportamento, abrindo-se a janela sobre uma manhã de Sol.





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