A
volatilidade da economia e da política global é tamanha que os mais embasados
vaticínios tornam-se especulações cruelmente erradas. O que segue abaixo se
atém à categoria de palpite, lastreado por informação e intuição. Nada que
sirva de alicerce para uma política de investimento de suas economias.
As
manchas escuras que toldam nosso firmamento tropical, de tradição ensolarada
quando livre das ações de alguns políticos, recomendam aguda atenção. Será que
Deus, inegavelmente brasileiro, descartará seu passaporte, trocando-o por
aquele de nação mais merecedora?
Já a
penumbra nos chega de dentro. A ameaça eleitoreira promete embaralhar,
confundir as prioridades que ao país se impõem.
Novamente
o fantasma da inflação se ergue, atropelando preços, desorganizando a economia,
estimulando o governo à manipulação das estatísticas. O combate se faz urgente,
trazendo a alta de juros e (com ínfima probabilidade) a redução de gastos da
maquina governamental. Por enquanto, nem promessas de medidas concretas são oferecidas
pelo governo, apesar de imprescindíveis para recuperar a confiança da
comunidade financeira interna e internacional.
A
continuar o atual excesso de gastos governamentais, tornar-se-á
improvável atingir um adequado superávit primário e a resultante contenção da
dívida pública. Alertas, as agências internacionais de classificação de risco
contemplam a retirada do "investment grade" que protege a dívida
brasileira. A concretizar-se tão indesejável previsão, o impacto sobre o
crédito nacional, as taxas de juros, a relação do real com moedas
internacionais trarão conseqüências de extrema gravidade. A economia estagnará.
A caixa
preta do BNDES continuará em expansão, cobrando transfusões do Tesouro na
medida em que seus cliente favoritos e favorecidos tornam-se exangues ou
anêmicos e sem que o cidadão mereça a certificação de uma auditoria externa Independente
(com I maiúsculo). Qual a sua carteira, como está avaliada são perguntas que
clamam por resposta. Ainda, a manipulação
política da Petrobrás, a revelia de sua Administração, causa, dia após dia,
perda de riqueza, perda de receita, perda de patrimônio. Perda, não só para o
Tesouro, mas uma perda estratégica, perda de tempo, onde novas tecnologias,
novas fontes ameaçam a preponderância do petróleo, sobretudo aquele
a sete mil metros de profundidade.
A
insuficiência da infra estrutura, conquanto atenuada pela privatização parcial
dos aeroportos e algumas estradas importantes, ainda representa a proverbial bola
de ferro atada ao pé da Nação. Retem o crescimento e a competitividade da
economia.
A salada
fiscal, sem dúvida campeã mundial na sua variedade e complexidade, aliada à
burocracia incontida, gera crescente confusão, corrupção, ineficiência, sonegação,
aumentando o custo Brasil, reduzindo sua capacidade de concorrer. É desoladora
a relutância política em empreender sua simplificação. A esta fragilidade soma-se
o labirinto das leis e regulamentos
trabalhistas, que vão muito além do objetivo razoável de dar proteção ao
trabalhador. Estes fatores, aliados ao alto custo de capital, explicam o visível enfraquecimento da
indústria. E não pode ser esquecida a desestruturação da Argentina (e a Venezuela, em menor grau de importância) relevante parceiro comercial e comprador de bens industriais
brasileiros. O impacto negativo sobre a economia brasileira não deve ser
subestimado.
No lado
positivo, espera-se uma retomada, ainda que modesta, da economia
norte-americana, trazendo no seu bojo uma demanda acrescida. Por outro lado, a
probabilidade de aumento das taxas de juros norte-americanas sugere o
encarecimento do custo de capital. A economia Européia, se mantida em
estabilidade medíocre, com ínfimo crescimento, pelo menos reduzirá a angústia
que paira sobre o continente. O Japão, sob nova batuta, busca em crescente
liquidez uma retomada de suas atividades; sua eficácia ainda é duvidosa. Já a
China promete, com otimismo talvez imprudente, manter uma alta taxa de crescimento, ainda que
cercada de bolhas. Assim, é lícito esperar-se um modesto acréscimo na atividade
comercial mundial, atenuando, em parte, as dificuldades que ameaçam o
Brasil.
A
modernização dos portos merece elogio. O afluxo de turistas na Copa, merece
esperança. O Supremo Tribunal Federal inverte a impunidade. O Tribunal
Eleitoral está vigilante. Até algum aumento na produção de petróleo é prevista
e comentada. E, quem sabe, teremos alternância partidária no poder, oxigenando
o ambiente político, revendo prioridades, aprimorando comportamento, abrindo-se
a janela sobre uma manhã de Sol.
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