sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Hollywood na Palestina


Scarlett Johansson stands by SodaStream


É sempre um prazer aos olhos contemplar a beleza de Scarlett Johansson. Loura, bonita, sofisticada  e rica, tem sua vida cercada de confortos, aninhada em sua elegante e confortável residência. Lá tem de tudo; ao usar o aparelho da Sodastream não lhe passaria pela cabeça que sua água, se vivesse na Palestina, seria racionada. Isto se habitasse no lado ocupado pelos invasores, pois do lado dos ocupantes a água é farta. Suficiente para indústrias e piscinas.

Assim, seu apoio à empresa  Israelense Sodastream, instalada em assentamento ilegal (vide Lei Internacional),  surpreendeu, pois a bela Scarlett era, até ontem, a Embaixadora Global da Oxfam International, uma ONG dedicada à ajuda dos necessitados mundo afora , incluindo os Palestinos.

Retruca Miss Johansson que a indústria que doravante promove internacionalmente, merece seu apoio por prover , além de agradável “jeton”, emprego a 500 Palestinos. Não chega a explicar quais as condições de trabalho, qual a ascensão possível na empresa, que cargos gerenciais ocupam, a que salários, benefícios e direitos fazem jus. Não explica, e talvez não saiba, que estes 500 trabalhadores, ao sair da fábrica, retornam a condição de subjugados, sem os direitos à democracia que seus empregadores preservam.

No entanto, declara a estrela ao New York Times ...“que a companhia que ora representa está, não tão somente engajada na defesa do meio ambiente,  como é, também, uma ponte para a Paz, ligando Israel à Palestina, apoiando seus vizinhos, trabalhando lado a lado, recebendo o mesmo salário, os mesmos benefícios e os mesmos direitos.” 

Talvez não perceba que o terreno em que se instala a Sodastream foi confiscado às famílias Palestinas, que a estrada que leva sua produção ao mundo exterior é de exclusivo uso dos Israelenses, que a água que utiliza é escassa e não lhe  pertence e que a força de trabalho que emprega é constituída de pessoas que não gozam de liberdade, o que as tornam facilmente manipuladas e intimidadas. Difícil será encontrar equação econômica tão favorável e tão  distanciada das condições de mercado. É razoável prever-se retumbante sucesso para esta incipiente empresa.

Já uma visão mais ampla sugere que a industrialização Israelense nos territórios subtraídos tornará impossível sua devolução aos legítimos donos, potencializando os efeitos nocivos já gerados pelos assentamentos. Inviabiliza-se, assim, a Paz entre as partes. Assegura-se  aos invasores a gradual e inexorável absorção das terras bíblicas onde os ancestrais dos Palestinos, por infortúnio, se estabeleceram ha 2000 anos. Penoso é observar-se, com o passar do tempo, a gradual perda de imagem que mortifica Israel.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Comentários sobre "A Copa e a Política"


Nena escreveu: "A vaidade desses ai vai sair muito caro fora a nossa vergonha !"

... Já compartilhei no FB, mas acho que você deveria enviar para o Globo, Estadão, Correio Brasiliense, enfim, isso é artigo para jornal, em letras garrafais!!  ...Angela

Jose Maria escreveu: "...,desculpe mas meu computador deu prego,quero dizer que achei sua análise brilhante,abraços"

Regina escreveu: "... ,como sempre excelente,..."

Esperemos que sim ...
A perpetuação por parte do PT nos levará ao caos, como já observamos nas manifestações  de rua.
                                       Abraços,  Alfredo
 Lina escreveu: "Mais uma das "artimanhas" usadas no nosso país !!!!"
Maria Isabel escreveu: "É sempre assim esse oba-oba do país do futebol e do samba. A histeria coletiva que cega a todos. É claro que as manifestações contra a Copa já deviam ter sido feitas. Só que lá atrás! Agora é tarde, e é melhor que haja Copa, pois do contrário, o dinheiro gasto irá para o ralo, junto com as mutretas, desvios e tudo o mais."

Se o Brasil ganhar e ir vencendo as partidas e aí o Brasil vencer a copa eu acredito que as manifestações irão perdendo a força; mas se o Brasil perder e ainda nas oitavas, olha eu não sei não, mas aí sim o bicho vai pegar. 
Esdras

Cristiana escreveu: "...  nao sei pq nao chamam gente de qualidade para ser articulista no globo... outro dia li um artigo compltamente nonsense em pagina nobre... enfim..lamento

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A Copa e a Política


                       Foto da  SkyscraperCity



Quem diria, há sete anos, que a vitória de Lula ao conseguir a indicação do Brasil como sede da Copa, tornar-se-ia um fardo político? No afã de conquistar mais este galardão, descuidou-se de ler as pequenas letras do contrato, onde as obrigações ultrapassavam sua imaginação e o bolso da Nação. No jargão futebolístico, o ex-presidente achou que “tirava de letra”, não tinha tempo para detalhes. O prestígio decorrente da indicação em pouco tempo esvaiu-se, substituído por falhas que hoje abalam a reputação do país.

Estas, revelam insuspeita fragilidade gerencial onde prazos do cronograma foram ignorados, onde limites orçamentários foram atropelados, não só pelo poder público, já dono de duvidosa reputação administrativa, mas, também, pelas melhores empresas brasileiras do ramo. Mais uma vez, o edital de concorrência torna-se farsa, documento de fachada, onde benefícios são concedidos sem que as obrigações sejam respeitadas, levadas a sério. Estas são fictícias, pois aos subscreverem o documento, os executores vitoriosos já sabem do reajuste por vir. É um jogo de espelhos quebrados, pois a mais ninguém engana. Pelo contrário, a artimanha é por todos conhecida.

Até o momento, são 35 bilhões de reais, que prometem chegar a 50 bilhões. A FIFA impôs, não a adaptação dos estádios, mas, na prática, a sua substituição. Num ambiente severamente inflacionário, onde a ordem do dia é a contenção de despesas, constata-se o caminha inverso. A prioridade de tamanho gasto é contestada nas ruas. O dinheiro que se esvai, de forma aparentemente descontrolada, fere a opinião pública e fere, sobretudo, as classes menos favorecidas, carente de serviços públicos essenciais.

Como golpe de misericórdia, como estocada fatal no pretenso dividendo político desta  desastrada operação, vê-se o “povão”, a base eleitoral do atual poder, excluído do Pão e Circo. Rejeita o Planalto a sabedoria dos Romanos. A inflação esta acabando com o Pão; a FIFA com o Circo. Alijado dos jogos pelo elitismo de Mr. Blatter, tendo por cúmplice o Executivo, a equação financeira exigida para a Copa exclui a grande massa, tanto pela redução drástica na lotação dos estádios como pelo acréscimo orbital no preço dos ingressos.

Assim, a mensagem que a Presidenta e seu partido oferecem aos eleitores é contraditória, pois exclui aqueles que professa ver incluídos. Às vésperas das eleições, torna-se a Copa evento de enorme risco político, já evidenciado por manifestações de rua, cuja violência ainda é uma incógnita. A oposição, ao sair de sua atual letargia, constatará ter no seu colo um valioso e inesperado presente. Agregando-se ao tema do futebol os temas de corrupção e inflação, se vigorosamente combatidos, podem inverter as últimas previsões eleitorais que privilegiam o PT.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O que nos reserva 2014?

A volatilidade da economia e da política global é tamanha que os mais embasados vaticínios tornam-se especulações cruelmente erradas. O que segue abaixo se atém à categoria de palpite, lastreado por informação e intuição. Nada que sirva de alicerce para uma política de investimento de suas economias.

As manchas escuras que toldam nosso firmamento tropical, de tradição ensolarada quando livre das ações de alguns políticos, recomendam aguda atenção. Será que Deus, inegavelmente brasileiro, descartará seu passaporte, trocando-o por aquele de nação mais merecedora?

Já a penumbra nos chega de dentro. A ameaça eleitoreira promete embaralhar, confundir as prioridades que ao país se impõem. 

Novamente o fantasma da inflação se ergue, atropelando preços, desorganizando a economia, estimulando o governo à manipulação das estatísticas. O combate se faz urgente, trazendo a alta de juros e (com ínfima probabilidade) a redução de gastos da maquina governamental. Por enquanto, nem promessas de medidas concretas são oferecidas pelo governo, apesar de imprescindíveis para recuperar a confiança da comunidade financeira interna e internacional.

A continuar o atual excesso de gastos governamentais,  tornar-se-á improvável atingir um adequado superávit primário e a resultante contenção da dívida pública. Alertas, as agências internacionais de classificação de risco contemplam a retirada do "investment grade" que protege a dívida brasileira. A concretizar-se tão indesejável previsão, o impacto sobre o crédito nacional, as taxas de juros, a relação do real com moedas internacionais trarão conseqüências de extrema gravidade. A economia estagnará.

A caixa preta do BNDES continuará em expansão, cobrando transfusões do Tesouro na medida em que seus cliente favoritos e favorecidos tornam-se exangues ou anêmicos e sem que o cidadão mereça a certificação de uma auditoria externa Independente (com I maiúsculo). Qual a sua carteira, como está avaliada são perguntas que clamam por resposta. Ainda, a  manipulação política da Petrobrás, a revelia de sua Administração, causa, dia após dia, perda de riqueza, perda de receita, perda de patrimônio. Perda, não só para o Tesouro, mas uma perda estratégica, perda de tempo, onde novas tecnologias, novas fontes ameaçam a preponderância do petróleo, sobretudo aquele a sete mil metros de profundidade.

A insuficiência da infra estrutura, conquanto atenuada pela privatização parcial dos aeroportos e algumas estradas importantes, ainda representa a proverbial bola de ferro atada ao pé da Nação. Retem o crescimento e a competitividade da economia.

A salada fiscal, sem dúvida campeã mundial na sua variedade e complexidade, aliada à burocracia incontida, gera crescente confusão, corrupção, ineficiência, sonegação, aumentando o custo Brasil, reduzindo sua capacidade de concorrer. É desoladora a relutância política em empreender sua simplificação. A esta fragilidade soma-se  o labirinto das leis e regulamentos trabalhistas, que vão muito além do objetivo razoável de dar proteção ao trabalhador. Estes fatores, aliados ao alto custo de capital,  explicam o visível enfraquecimento da indústria. E não pode ser esquecida a desestruturação da Argentina (e a Venezuela, em menor grau de importância) relevante parceiro comercial e comprador de bens industriais brasileiros. O impacto negativo sobre a economia brasileira não deve ser subestimado.

No lado positivo, espera-se uma retomada, ainda que modesta, da economia norte-americana, trazendo no seu bojo uma demanda acrescida. Por outro lado, a probabilidade de aumento das taxas de juros norte-americanas sugere o encarecimento do custo de capital. A economia Européia, se mantida em estabilidade medíocre, com ínfimo crescimento, pelo menos reduzirá a angústia que paira sobre o continente. O Japão, sob nova batuta, busca em crescente liquidez uma retomada de suas atividades; sua eficácia ainda é duvidosa. Já a China promete, com otimismo talvez imprudente,  manter uma alta taxa de crescimento, ainda que cercada de bolhas. Assim, é lícito esperar-se um modesto acréscimo na atividade comercial mundial, atenuando, em parte, as dificuldades que ameaçam o Brasil. 

A modernização dos portos merece elogio. O afluxo de turistas na Copa, merece esperança. O Supremo Tribunal Federal inverte a impunidade. O Tribunal Eleitoral está vigilante. Até algum aumento na produção de petróleo é prevista e comentada. E, quem sabe, teremos alternância partidária no poder, oxigenando o ambiente político, revendo prioridades, aprimorando comportamento, abrindo-se a janela sobre uma manhã de Sol.





quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Comentários sobre "Decapitações e declarações"


Meu caro Pedro,

Excelente!!! É uma tristeza ver o Maranhão execrado pela ......deixa pra lá..E o pior que quem   mais leva a culpa não tem metade da responsabilidade, pois há muito não apita absolutamente nada na gestão pública local..  
Eduardo


Pedro! Excelente artigo!  Merece ampla divulgação!  Parabéns.

Antonio

Excelente Pedro, vou mandar para Dilma!!!!  Eduardo
Comentários sobre "O crime, o banco e a Justiça"


Roberto escreveu: "Acontece amigo q boa fe e p q menos se encontra no mercado. O Henry Paulsen era a cabeca do governo e defendia c unhas e dentes o Goldman Sachs q comprou os ativos do Bearn Stearn a preco d banana!!! Eu nao entendo PN do mercado financeiro mas tenho bom senso o suficiente p entender q a meia duzia no topo da piramide quer mais q td se exploda com tanto q eles fiquem c a sobra. Quem nao tem passarinho nao anda c gaiola!!! Forte Abraco, Bob PS: No caso Madoff a grande maioria dos correntistas tinham o dinheiro mais sujo q pau d galinheiro e ele sabia bem disso. Tanto q nao ha nada q essas pessoas lesadas possam fazer. Ladrao q rouba ladrao tem cem anos d perdao!!!!"
Lina escreveu: "Este "desleixo" das autoridades em vetar atividades bancárias suspeitas é no mínimo desconcertante !!!!!!"


Pedro, lembro-me da retórica de Obama, quando dizia que os paraísos fiscais deveriam acabar. Ficou só no falatório, não fez nada concreto. Como se pode pensar em reduzir a corrupção enquanto existirem essas anomalias no sistema financeiro? em O crime, o banco e a Justiça  Luiz


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O jogo de poker


 
Tenho amigo, o Ariovaldo, que todos os meses se reune com seus companheiros para um jogo de poker. O grupo é grande, são uns dez. Ari, assim o chamamos, é um cara estranho. Muito cordial e brincalhão, sofre mudança de personalidade, oscilando entre arroubos socialistas e pretensões capitalistas, deixa os que o conhecem por vezes atônitos. Ele mesmo não sabe muito bem o que quer, mas tem boa índole, e nunca fez mal a ninguem.

Na mesa do poker, já entra um pouco intimidado com seu dinheirinho, especialmente quando Joe Sam chega brincalhão, contando piada, dando gorgetas à empregada. O sorriso é constante, mas não esconde um brilho no olhar que parece dizer que está ali para ganhar.

À mesa, juntam-se otros. Pancho Azteca, com seu falar que acaba sempre em nota superior à do começo. Disfarça o medo de morar ao lado de Joe. Tem o sisudo Fritz, sempre correto, sem muita brincadeira, esperto pra caramba, com tendência a dar porrada quando a turma se distrair. Tem o eterno Jacques d'Arc, sempre falando, argumentando, intelectualizando até a encomenda do sanduiche. E não esquecer o barrigudo John Bullox; educadérrimo, incapaz de um deslize protocolar, mas não esconde a sutíl arrogância daqueles que tudo tiveram, mas não mais o tem. É primo obediente de Joe Sam. Ainda, tem um cara bastante complicado, chamado Vladimir Potorov. Não ha simpatia entre ele e Joe, mas se toleram , pois na hora do aperto os dois tem como aumentar o cacife, muito além dos demais. Os participantes remanescentes são variados, pois nem sempre tem o dinheiro para o cacife. O próprio Ari só entrou pra valer no jogo, faz pouco tempo.

Pois bem, na Sexta Feira, 13 de agosto de 2013, o jogo começou. As cartas foram distribuidas por Fritz, com aquela precisão que provoca tanto admiração quanto irritação. Mas tudo correu bem. Como de hábito, Joe sempre com sorte. As cartas o favorecem. Sabe bleffar como ninguem, e não cai no bluff do adversário. Parece saber as cartas do outro. Com ele, ninguém paga pra ver.

Passado algum tempo, chegou a hora do cafézinho. Todos convesam com todos, pois alguns nem jogam. Um pouco afastado, Ivan tem longa conversa com um amigo. Parece séria, nada de sorrisos. O amigo, um tal de Eduardo Neve, parece ser o falador, e Ivan, quieto, ouve.

Quando volta à mesa de jogo, Ivan começa a fazer pequenos comentários. Inicialmente parecem desconexos, mas, pouco a pouco, fica claro que se refere a Joe Sam. Este, esperto pra valer, finge não ser com ele, mas, já na quinta intervenção, começa a perder a calma.

_ No poker não é facil fazer tanto bluff bem sucedido. Tenho uma avó que tentou e acabou na ruina, disse Ivan com largo sorriso.

A turma, cansada de passar ficha para o Joe Sam, gostou. Mas não Joe, cujos traços tornam-se crispados, seus olhos semi cerrados, sua expressão gelada. As piadas tornam-se farpas, e se acentuam na medida que o amigo de Ivan, lhe passa bilhetinhos.

Aí deu-se a balbúrdia. O seu Neves, incontido, passou a mandar os bilhetes para todos na roda. Começaram os sussurros, passando para a meia voz, e, finalmente, os protestos afloraram em grande tumulto. O Joe Sam estava trapaceando. Tinha conhecimento das cartas adversarias, assim explicando o seu sucesso constante.

Foi um pandemonio. Gritos indignados, ameaças, recriminações, protestos. Todos falavam, ningém ouvia, exceto, é claro, o Joe Sam. Desmascarado, a todos surprendeu. Com palavras ponderadas, explicações respeitosas, e até demonstração de carinho para alguns parceiros :

_ Meus amigos, para que tanta inquietação. Jogamos ha décadas e estamos todos felizes. Lembrem-se que, por vezes salvei da iminente bancarrota este ou aquele bom parceiro, para que pudessemos continuar a jogar.

_ E Você a ganhar! - não se conteve Ivan

_É verdade, meu caro Ivan, mas quem o livrou do comunismo? Sejamos sensatos. Afinal, quando do aperto, quem está aqui para salvá-los?

_ Então basta. Voce ja é, de longe, o mais rico de todos nós. Nâo é maneira de tratar seus amigos. Dê-nos a chance de jogo leal. - retrucou o ingênuo Ariovaldo.

_ Sejamos cordatos e realistas. Vou continuar a jogar à minha maneira. Se quizerem sair do jogo, não tem problema... mas pensem bem... Que me dizem?

Pouco a pouco, alguns com um sorriso cínico escondendo o enfado, outros com olhar envergonhado, e outros, muito poucos, pensando em retribuição, voltaram à mesa. E o jogo recomeçou.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Declarações e decapitações


O Time Magazine todo o ano promove “A pessoa do ano”. Se este hábito existisse no Brasil, seria razoável propor-se o nome da Governadora Sra. Roseana Sarney para tal honraria. Sua afirmação sobre o notável crescimento econômico do Estado, desprezando ser ele o ante-lanterninha no Índice de Desenvolvimento Humano deste país, demonstrou sutil compreensão do porque dos crimes hediondos e bárbaros que grassam na penitenciária de Pedrinhas.

O estado do Maranhão mereceu, nos idos coloniais, especial atenção do famoso Marquês de Pombal, ao criar a Companhia de Comércio do Maranhão,  entregue a ninguém menos do que a seu irmão. Acreditava aquele notável estadista ser a região um importante foco de desenvolvimento da colônia, até por causa de sua proximidade com a metrópole.

Séculos decorridos, o estado se vê berço de poderosos políticos, tendo oferecido um Presidente inegavelmente inteligente e culto, exercendo extenso mandato. Esta boaventura não se traduziu em prosperidade. Estranhos caminhos, o da política.

Mas é também o momento de meditar-se sobre a barbárie que envolve o estado. Esta crise traz a oportunidade de se repensar o sistema prisional brasileiro. Todos seus defeitos aparecem no  microcosmo Maranhense. Presos que permanecem presos, apesar da pena cumprida. Condenados por crimes insignificantes são jogados e subjugados nas mesmas celas com selvagens criminosos. Guardas penitenciários acumpliciados com a bandidagem, verbas votadas que não chegam, iniciativas corretivas desprezadas.

É um rosário de erros e omissões cujos efeitos se derramam por toda a sociedade. Desejar o sofrimento do criminoso é comum, e, em alguns casos, compreensível. Mas é um tiro no próprio pé. Quanto pior, quanto mais cruel o sistema penitenciário, maior será a reincidência, maior a ruptura do preso liberto para com a sociedade. Maior será o aliciamento do “ladrão de galinhas” pelo crime pesado.

Parece importante separar-se o criminoso leve, instituindo colônias penais (talvez agrícolas), onde o detento deveria trabalhar, aprender ou aperfeiçoar uma profissão, que potencializasse sua absorção pela sociedade. Quanto aos criminosos de alta periculosidade, segregação e vigilância implacável, e, nos casos extremos, incomunicabilidade. Vistorias aleatórias por unidades policiais, alternadas e  descompromissadas, impondo severas penalidades a bandidos e guardas pela posse de arma e, até mesmo,  um celular.

A impunidade do jovem assassino não mais pode ser tolerada. A “bolsa detento” é um contra-senso, livrando o criminoso do ônus  (fator desestimulante) que seu crime trará para a família.

Enfim, é tarefa para especialistas. Nova visão, nova legislação, nova formulação tornam-se urgentes para o  aperfeiçoamento do sistema prisional brasileiro, para a segurança das famílias e do cidadão.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Vinhetas Levantinas

Depois de um início bélico, Barack Obama chega ao seu segundo mandato com nítido viés pacificador. Neste momento Washington engaja-se em três frentes no conturbado Oriente Médio, buscando a pacificação dos ânimos, o abandono das armas.

No Irã, graças a um Aiatolá mais contido e um presidente aparentemente bem intencionado, abre-se uma janela para a concórdia.  Barack Obama, ignorando os apelos Cassândricos de Israel,  seu “aliado incondicional”, abandonou a intransigência de governos anteriores, aceitando sentar-se à mesa de negociação, sem pré-condições. Qual a probabilidade de chegar-se a bom termo? O próprio Obama sugere 50/50.

Quanto a  Síria, Washington finalmente entendeu que dos males o governo Assad ainda é o menor. Não que se sustente por muito tempo, mas o suficiente para buscar terreno comum entre o governo  Baath e o Exercito Livre Sírio, ambos  laicos. Tanto um como o outro rejeitam o Islamismo como forma de governo. Simultaneamente, impõe-se  a neutralização das facções guerrilheiras religiosas dentre as quais desponta a Al Qaeda, tarefa dificultada pelo apoio Saudita, em dinheiro e armas. Probabilidade de sucesso? Talvez 60/40 (Aceitamos apostas)  

Já, o contencioso Israelo-Palestino é bicho de outra espécie. Enfrentando os “12 trabalhos de Hercules”, que Hollywood hoje chamaria de “Missão Impossível”, o dedicado Secretário de Estado, John Kerry, tenta extrair água de pedra. Maltratado e confrontado com discurso variável, engendrado para confundir o interlocutor, o Premiê Netanyahu, provavelmente apoiado na esmagadora maioria de seus compatriotas, camufla a inabalável intenção de incorporar, pouco a pouco, assentamento a assentamento, as Terras Bíblicas que os ingênuos hoje chamam de Palestina.  Probabilidade de sucesso: sugiro 1%.

São todas tarefas que demandam imensa habilidade diplomática, judicioso uso da ameaça de força e sanções econômicas, perseverança e sorte, muita sorte. Dentre estas três tarefas, a última parece ser inatingível, a não ser que o povo Palestino aceite, e continue aceitando, um grau de submissão sem precedentes na história moderna.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Comentários sobre "Cri de Coeur"

Arnaldo escreveu: "A maioria das pessoas querem mudar os políticos e o país, mas não fazem a mínima idéia de como funciona um partido, de como se elege um deputado, o que é voto de legenda, querem obras e infra estrutura, mas nunca pensaram em saber o que é , e como funciona o orçamento do Estados, municipios e União. Conversando recentemente, com professores do meu município, perguntei, "Quantos aqui sabem qual é o orçamento da educação (do município) e o que ele contempla", nenhum sabia nem uma coisa nem outra, mas tinham inumeras reivindicações."
Amen!!!!
Carmo

Carlos Alexandre escreveu: "Pedro, o Brasil vai avançando. Aos trancos e barrancos, mas vai. Implantamos uma democracia (ainda que imperfeita), afastamos o fantasma dos golpes de estado, há uma continuidade institucional, domamos a inflação, há uma classe média emergente etc. O problema é que é tudo muito lento! Tem gente se movendo muito mais rápido! Atualmente três coisas me preocupam: a corrupção, a ameaça socialista e a baixa produtividade em todos os níveis. Claro, cada um desses três pontos daria uma conferência. Como falar de corrupção sem da morosidade da justiça e da inconsciência política do povo? Como falar de ameaça socialista sem discorrer sobre a má qualidade de nossas instituições? Como falar de produtividade sem falar de educação e da baixíssima qualidade de nossas elites? Às vezes eu desanimo."

Eduardo escreveu: "Nem uma vírgula a acrescentar, lamentavelmente é exatamente isso!
Eduardo

"Viva Pedro, amamos !!!!!Demosthenes e Lucia

"Ética? Que ética?? Muito triste... :-("

Fernanda
Comentários sobre a Radicalização

Arnaldo escreveu: "Reforma politica profunda e já, não há outro caminho, qualquer que seja a corrente."


Tenho horror a chavões, panfletagem, política rasteira. Por isso apreciei o texto de Pedro. Infelizmente a politicagem está solta, e é raro um debate sem brigas e ofensas. Eu continuo acreditando no pensamento. Desejo um 2014 cheio de esperanças! E com menos temores!"    Maria Isabel

O crime, o banco e a Justiça




Die US-Großbank JP Morgan Chase soll I...i Hypothekengeschäften ... 
Prosecutors did not charge any JPMorgan employees with wrongdoing. And the bank itself could have faced a harsher punishment, according to people briefed on the settlement talks, with prosecutors considering last year whether to demand a guilty plea from the bank. Ultimately, prosecutors concluded that a deferred prosecution agreement was more appropriate for a case that began as a civil investigation, without a criminal component.

O texto acima, de autoria do New York Times, revela preocupante leniência por parte das autoridades quanto ao comportamento do  sistema bancário americano. Se o crime doloso é bem menos freqüente,  já o crime culposo parece ser identificado mas absolvido pelo Departamento de Justiça norte americano. Apesar de seus investigadores constatarem  que o Banco J. P. Morgan tinha claros indícios, tendo todos os elementos para interferir e coibi-la, a pirâmide Madoff crescia dia a dia. Uma intervenção oportuna pelo príncipe dos bancos norte-americanos, onde o escroque concentrava suas operações bancárias,  teria interrompido sua jornada criminosa, assim protegendo as vítimas de boa fé contra os desmandos que ulteriormente se revelaram.

Apesar da omissão (ou confusão) administrativa identificada, optaram os Promotores  por limitar a penalidade à multa financeira de 1,7 bilhões de dólares, a ser distribuída por entre os clientes do estelionatário Madoff.  Desdenharam, contudo, a necessidade de punir criminalmente aqueles que tinham o poder para interromper o processo fraudulento.

É razoável concluir-se que o pagamento efetuado pela empresa em pouco inibe ou penaliza os seus diretores e conselheiros, esquecidos por confortável omissão, liberados que ficam para futuras novas imprudências e incompetências. O ônus real recai, principalmente,  sobre a massa acionária (mas alheia à administração do banco)  composta pelos minoritários.

Infelizmente, o caso do J P Morgan  não é caso único. Dezenas de ocorrências semelhantes foram investigadas em diversos bancos, resultando em multas, porém sem indiciamento dos dirigentes. Até o momento conta-se nos dedos de uma só mão, o numero de banqueiros responsabilizados criminalmente pelo carnaval bancário que precedeu e introduziu a Grande Recessão.  

Assim, sem conteúdo inibidor de futuros desvios comportamentais, o instrumento legal de “deferred prosecution agreement”, apenas exige, além de multa, que o banco tome providências administrativas, durante generoso prazo de dois anos,  para sanar suas deficiências.  A anistia criminal concedida aos dirigentes vem sendo corriqueira, apesar do constatado comportamento incompetente e displicente  nos diversos níveis da administração bancária norte americana.

Ganhariam o Federal Reserve  e o Departamento de Justiça norte americano se enviassem jovens e promissores funcionários para um estágio no Banco Central do Brasil, onde os maus banqueiros,  corretamente responsabilizados,  pagam alto preço por suas estrepolias. 
Entrementes, sofre a confiança no sistema financeiro internacional, subsidiário do núcleo que reside na famosa rua Wall.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Cri de coeur!

Não é de se estranhar. O que esperar de um ano que termina com “13”? 

Na nossa terra, o querido Brasil, a economia desmandada pelo governo, ou acumula erros e enganos ou por falta de capacitação não realiza os projetos fundamentais para a modernização do país. Erros de todos os tipos; administrativos, econômicos, prioridades erradas, urgências descartadas. Enganos para com a sociedade, escondendo fracassos, e, num misto de wishful thinking e lorota, inventando iniciativas e realizações, fantasiando soluções. 

Sem perdão para aqueles setores privados aliados do poder  no assalto ao erário, no engodo e mistificação. Feitores de estradas que esburacam, de pontes que se quebram, de túneis que se esquecem, de consciência que se perde. Achacadores de um lado, corruptores de outro, desvendam a crescente teia de interesses escusos que enreda e paralisa o bom que resta.

Assiste-se o colapso crescente da Ética, tida por contingente crescente como conto da carochinha, para crianças sonhadoras  e adultos ingênuos. Esquecem que é ela a argamassa que mantêm uma sociedade unida, que valida a Regula Magna onde a convergência  das diferentes aspirações e divergentes opiniões são contidas pelo limite do bem comum, do povo, da Nação. Sem a Ética escorrega-se para a lei do mais forte, para o tempo primordial das selvas; abandona-se o que há de civilizado. Sem ética não existe meritocracia, mas sim uma concorrência inversa onde quem menos escrúpulos tem é o vencedor. Sem ela, vende-se a alma da sociedade, do indivíduo.

Fragiliza-se, assim, a democracia. A diluição moral das assembleias legislativas e de setores executivos desmoralizam-na, levando uns à decepção, outros à busca de opção autoritária. Democracia só é viável com o funcionamento inquestionável da Justiça, em todas as suas instâncias. Sem ela, as vantagens espertamente recíprocas ou auto-concedidas pelos que deteem e exploram o poder  deturpam e reforçam os canais de influência, distanciando-se do mandato concedido pelas urnas. Resta, portanto, sobre os ombros dos Ministros da Côrte Suprema  a esperança de gradual e paulatina dispersão da sombria névoa que cobre a Nação.

"BASTA DE ROUBALHEIRA, CHEGA DE INCOMPETÊNCIA"  é o primeiro grito do ano, daqueles que querem um Brasil melhor. Que o ano de 2014 seja generoso.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Comentários sobre  "A radicalização"


Por isso apreciei tanto o artigo do Pedro. Ter opiniões diferentes, e expô-las faz parte da democracia."
Maria Isabel

Arthur Octavio escreveu: "O pior é que o "ideológico" passa longe das nossas esquerdas e direitas!"


Carlos Alexandre escreveu: "Pedro, concordo com sua análise. No entanto, o que mete medo é que a extrema esquerda já se deu conta de que não dá para chegar ao poder pela revolução. Depois de Gramsci, a coisa ficou mais sutil. Come-se pelas beiradas. Então, quando vemos o aparelhamento do Estado, as tentativas de desmoralização da justiça, as tentativas de amordaçamento da imprensa, a doutrinação nada sutil dos alunos etc, ficamos preocupados!"
Comentários diversos




Meu caro Pedro
Parabens pelo ultimo blog de 2013. Tivemos, no decorrer do ano, a oportunidade de ler teus comentarios sobre os mais variados assuntos tratados sempre com a  clareza e competencia  que te caraterizam.
 Espero que continue em 2014.
 Forte abraço
 Ivo T

Caríssimo Pedro,
Parabéns pelos belos números da performance do Blog ! O ano  que se
aproxima será certamente repleto de eventos momentosos mas com preocupante jeito dos
sempre temíveis “interesting times”... Que assim não seja !
Esperando pelo melhor em 2014,
Com forte abraço,
Paulo P

Pedro
Obrigado pela mensagem de ano novo, Também
desejo ao amigo um ano de paz, saúde e realiza-
ções. Continue com seus artigos sempre oportu-
nos e com uma visão analítica bem fundamentada.
abraço
Paulo R

Pedro
Continue a nos instigar e deliciar com estes ótimos textos.
Um produtivo 2014 para você, Adriana e filhos!
Pedro S
Caríssimo Pedro,
Parabéns pelo êxito do Blog.Merece, pois é de alto nível.
Feliz 2014!
Grande abraço,
Luiz Felipe L

Pedro,
Para v e Adriana, desejamos tb um Ótimo 2014 e sempre mto sucesso para o blog.
Cristina e Carlos L

Continue com seus artigos, sempre inteligentes, provocadores e originais.  Você nos ajuda a sair da mesmice e do óbvio reinante.

Antonio e Helo

22 visitas por dia! Daqui a pouco o google vai querer te comprar!
parabens!!!  Tote