sábado, 21 de dezembro de 2013

Do otimismo à decepção*


O título não é nosso*. É copiado de jornalista colaborador do maior jornal do Rio de Janeiro. É, também,  Cônsul Honorário de Israel. Em extenso e bem escrito artigo esposa a tese, já tão desgastada, que a todos cabe a culpa pelo incendiado Oriente Médio, menos ao governo Israelense. Alega ser o Oriente Médio “uma selva de mata fechada” onde somente Israel conhece seus meandros. Desqualifica, assim, os demais “amadores”.

Refere-se, especialmente, ao Irã e à Palestina como fulcros responsáveis pela  instabilidade. Rejeita as tentativas de acordo como Irã, e condiciona a negociação Palestina. Esta última depende do reconhecimento de Israel, não apenas como nação, pois já merece  reconhecimento da Autoridade Palestina, mas como um “Estado Judeu”.

Ora, a modernidade política, abraçada pela esmagadora maioria das nações Ocidentais da qual Israel  considera-se parte, adota o formato laico, separando o Estado da Religião. Assim,  obedece  e assegura o princípio da tolerância e igualdade para todos os seus cidadãos, protegidos que devem ser da imposição ideológica.

A contra sensu  da prática de governança internacional, a exigência ora formulada pelo governo Netanyahu, e defendida pelo articulista, torna-se condição sine qua non, para Tel Aviv re-encetar as negociações para o reconhecimento da  nação Palestina. Ameaça que, sem esta submissão ao imposto reconhecimento teocrático, não haverá paz nem libertação.

Assim, a exigência do governo Israelense  descarta, ou despreza  ser 25% de sua população composta de Árabes, do credo  Muçulmano. São eles cidadãos, no mínimo,  mal absorvidos,  e sua deslegitimização será mais acentuada uma vez cumprida a demanda de  Tel Aviv.  É lícito presumir-se que, com a oficialização de “Estado Judeu”, os direitos dos gentios também sofrerão  constrangimento.


Este quadro provoca, sim, a  frustração mencionada no título do artigo, mas para aqueles que respeitam Israel e lamentam seu crescente afastamento da comunidade internacional. É difícil  compreender a miopia, ou malicia, que leva seus atuais dirigentes a descartar os princípios de reconciliação defendidos pelo notável  Yitzhak Rabin. Cabe a dúvida se a persistência na recusa do reconhecimento do Estado Palestino revela estratagemas em série para a contínua e definitiva absorção, ilegal e imoral, das terras da Cisjordânia. 

Um comentário:

Luiz Leitão da Cunha disse...

Muito bom Pedro!

Desde que me conheço por gente, esses povos estão em conflito. Será que um dia surgirá algum político por lá que terá a sensatez de reconhecer o Estado palestino?

Talvez seja necessário, além de sensatez, muita coragem para ir conrra esse status quo.