domingo, 22 de dezembro de 2013
A mais nova Nação
Quem conhecerá Juba? Capital de que país? Estas e outras perguntas encontrarão o olhar esgazeado do questionado, turvado pelo mais profundo desconhecimento. Onde fica?
Se a esmagadora maioria da população mundial ignora a resposta a estas constrangedoras indagações, poderá o leitor ter certeza que as potencias Ocidentais conhecem-na com riqueza de detalhes. O Sudão do Sul, independente a partir de 8 de julho de 2011, o foi graças as manobras lideradas pelos Estados Unidos e Inglaterra. Moveu-lhes o espirito solidário a um povo em busca de sua própria identidade? Seria o enfraquecimento do Islâmico Sudão um fator? Provavelmente. Contudo tal empatia terá sido fortalecida pela substancial produção de petróleo que jorra no longínquo e jovem Sudão do Sul? Que acha o leitor?
Estimulados pela hostilidade, por vezes compreensível, ao Sudão Islâmico, onde a maioria Muçulmana de origem Negra e Árabe determinava com mão de ferro suas políticas, Washington e Londres partiram para efetivar a recém independência. Esta, surpreendentemente, a partir de determinado momento, contou com a ativa concordância do presidente Sudanês, al-Bashir, concluindo, sabiamente, que o domínio daqueles súditos não valia o esforço.
E hoje temos uma nação feliz, dona de seus destinos, unida pelos laços da fraternidade? Não, infelizmente não. Reina a mais profunda discórdia, a mais cruel violência dentre os novos cidadãos, nas entranhas da nova pátria. Divididos por várias tribos, dentre as quais se destacam os Nuer e os Dinqua, a cizânia reina, em frenética busca por poder e hegemonia. Busca pelo domínio do petróleo que o Ocidente já considerava seu.
Que importância terá aquele pobre país? Muito pouca. Porém, relevante é a constatação da inépcia da política externa do "mundo livre". A interferência de Washington e seu habitual cúmplice desequilibrou a tênue estabilidade do status quo ante, o qual, ainda que por vezes cruel, mantinha aquela sociedade organizada. De pouco serve, pelo visto, a avassaladora competência da ubíqua espionagem, de telefones, e-mails e até (questão de tempo) cérebros.
Apesar de desta pouco inteligente inteligência, nota-se que o fio da navalha tornou-se excessivamente fino e cortante, negando condições ao novo equilíbrio. Repete-se, assim, a sequência de intervenções, diplomáticas ou militares do "mundo civilizado", que ignorando os meandros culturais, étnicos e históricos de suas cobaias, engendram conflito, confusão e destruição.
Ontem, avião norte-americano foi recebido a tiros por aqueles que lhe devia gratidão. Alguns mortos e feridos. Enquanto corre o tempo, centenas de milhares de refugiados brotam como grãos em malvada colheita.
Nota do New York Times: South Sudan was born in the summer of 2011 with great hope and optimism, cheered on by global powers like the United States that helped shepherd it into existence.
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