Meditações Asiáticas
A primeira
reação de um brasileiro quando perguntado sobre a Ásia será provavelmente, num
primeiro memento, de pouco interesse. Afinal, neste planeta, nada nos é mais
distante do que aquele Continente.
Mas é só
arranhar a superfície deste descaso, para nos depararmos com a enorme
influência das decisões que nos chegam do Oriente. A economia brasileira é
quase refém da chinesa, tanto nas exportações de grãos como na de minérios, as quais representam a
parte mais significativa de nosso comércio exterior. Para o nosso consumo de
qualidade, o Japão é importante fornecedor, seja através de importações, seja,
ainda mais importante, seja pelos investimentos Nipônicos por nós recebidos
Assim, fica
bem claro que alterações políticas ou econômicas que afetem aqueles países
longínquos trarão conseqüências no desdobrar de nossa prosperidade.
No campo
econômico já se verifica uma inflexão do ritmo de crescimento chinês, causado,
externamente, pela dificuldade de expansão acelerada de suas exportações, pelo
dano ambiental já considerado excessivo e, ainda, pelo gradual aumento de
custos internos. Uma melhoria de produtividade e qualidade será o próximo passo
bem como a inclusão dos 600 milhões de
chineses ainda afastados da China moderna. Assim, o Império do Meio tenderá,
provavelmente, a priorizar a expansão de seu mercado interno, sem descurar das
conquistas no mercado internacional.
Já o outro
gigante econômico Asiático, o Japão, apresenta uma economia madura, de alta
eficiência e qualidade de sua produção, seja para o mercado interno, seja para
o externo. Por outro lado, o acentuado
envelhecimento de sua população revela tendência secular negativa no aumento do
consumo impondo a necessidade de crescimento de suas exportações. Contudo, o deságüe
de suas exportações continuará a ser protegido pela aliança com Washington.
No campo
geopolítico pode-se prever crescente fricção entre as duas potencias. A China
acompanhará a sua expansão econômica na Ásia como nas rotas Africanas, com o
crescimento de sua capacitação militar. Esta garantirá os canais de
abastecimento e exportação, bem como exercerá pressão política quando do
surgimento de contencioso. Sua condição de potencia nuclear servirá para
afastar qualquer ameaça a seu território sem, contudo, inibir-lhe conflitos rápidos e localizados. Seu
calcanhar de Aquiles é a crescente necessidade de combustível, porem, é improvável
que se repetirá o seqüestro que levou o Japão à Pearl Harbour.
Já o Império
do Sol Nascente, diminuto territorial e demograficamente face à China, reforça
sua aliança com os Estados Unidos, a maior potencia militar do planeta, pronta
a suprir o “guarda chuva” nuclear a Tókio se ameaçada por Pequim.. No entanto,
o tempo conta contra o Japão no seu latente confronto com o Leviatan na outra margem do Mar do Japão.Será “fight
them or join them”...
Não cabe ao
Brasil a preferência por um ou outro. No entanto, a força de atração
gravitacional da China será irresistível, em eventual detrimento do Japão. Para
escapar à submissão econômica que tanto preocupa setores nacionais quando se
trata dos Estados Unidos, recomendável será reforçarmos nossos laços comerciais
com Washington, assim atenuando futura e excessiva dependência de Pequim, condição nociva ao equilíbrio de nosso
comercio internacional e, em última análise, à nossa soberania.
P.S. Atenção para a reunião Obama e Xi na semana entrante