Tal desvio se acentua quando assentado sobre seu endêmico desconhecimento sobre os assuntos que lastreiam seu processo decisório. Tendo saído da Escola das Agulhas Negras como Tenente e deixado o Exército anos depois, ainda como Tenente (título de Capitão decorreu de seu afastamento), não mais demonstrou aprofundar seus conhecimentos. Limitando sua atuação parlamentar, uma vez eleito, conteve sua contribuição à missão corporativa promovendo o aumento de soldo de militares e policiais. Não ofereceu, nos seus oito anos de luta legislativa, qualquer projeto de lei que pretendesse melhorar os destinos do país.
Uma vez eleito à presidência, substitui a busca de consenso na sua equipe pela afirmação autoritária de "quem manda sou eu". Assim, corre o risco de embasar suas decisões monocráticas em intuições e emoções, estas validadas pela posse da proverbial "caneta".
Imprudentemente, Bolsonaro amarrou suas ambições eleitorais à pronta derrota do Corona virus. Assim, negou sua gravidade inicial taxando-o de "gripezinha", defendeu remédios exdrúxulos, menospresou máscara e distanciamento social, minimizou a perda de vidas (...e daí?), tudo na esperança que o virus cedesse em favor da retomada econômica necessária à sua reeleição..
Como se não bastasse, Jair Messias Bolsonaro agora comete o que poderá vir a ser capitulado como crime, ao intrometer suas preferências políticas em assunto diretamente ligados à saúde pública, daqueles que tem por missão proteger.
Aliando-se mais uma vez a Donald Trump, em subserviência que talvez se desvende em estudos freudianos, lança-se o presidente brasileiro em campanha contrária à China, como se tal fosse do interesse do país. Sobrepondo-se aos métodos científicos para a seleção de vacinas anti Covid 19, o presidente declara-se contrário ao uso da CoronaVac, de origem chinesa, sem que, para tal exponha as razões que sustentem a sua decisão.
Dando sequência à esta preferência, Bolsonaro, mais uma vez, constrange seu Ministro da Saúde. Impõe ao Gen. Eduardo Pazuello a revogação da autorização por ele concedida à importação de insumos essenciais à produção da vacina. Em decisão meramente opinativa e política, sem qualquer base científica, o presidente interrompe processo em desenvolvimento (cujo atraso redunda em maior número de mortes) essencial à saúde pública.
As vacinas em elaboração são do interesse vital do cidadão brasileiro ameaçado. Lhe cabe escolher dentre aquelas aprovadas pela Anvisa. Tendo-se em vista a enorme demanda prevista em país com mais de duzentos milhões de habitantes, a diversidade de opções é desejável.
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