Desde as últimas
observações desta coluna, o conflito, por enquanto verbal, entre Pyongyang
e Washington vem se exacerbando. Agora, a última palavra é
de cunho tecnológico: Termonuclear. Esta é a denominação
para a última bomba desenvolvida e testada com sucesso pelo
regime norte coreano.
Por resultado tem-se a
escalada diplomática, apimentada pelos comentários desencontrados
de Donald Trump, que ora defende o diálogo, ora a fúria
de uma retaliação. De seu lado, o sinistro e
rechonchudo Kim mantém o tom desafiador.
Como se estivesse tratando com país de
terceira categoria, não demonstrando o menor receito de desafiá-lo. Pretenderá ele levar Donald à mesa de negociações e extrair um tratado de Paz que ha sessenta anos escapa aos dois vizinhos?
Mas por trás do pano
que esconde os bastidores da platéia, ambos os lados sabem que estão
patinando em gelo fino. A qualquer momento as ríspidas palavras podem se tornar bombas de verdade.
De seu lado, Kim
Chang-uh e seu estado maior apostam (ou blefam?) em manter o
adversário desequilibrado pelo inesperado,
assim ganhando tempo. Tempo para dar às
suas armas a confiabilidade e o upgrade que paralise a resposta
violenta do opositor. Busca construir uma versão
mirim do MAD* que garantiu a convivência durante a Guerra Fria.
A isto, assistem Xi
Jinping e Vladimir Putin, com um misto de satisfação e temor, o
desenrolar do contencioso. A ameaça
coreana lhes favorece por desequilibrar os Estados
Unidos criando uma incerteza que se traduz por fraqueza. Ainda, leva Washington a recorrer, tanto a Beijing quanto a Moscou, para a contenção de Pyongyang.
Por ouro lado,
a eclodir o conflito, sua extensão será imprevisível bem como
a contenção de danos aos países limítrofes, China e Rússia. Ainda, a eventual queda, ou morte, de Kim trará a instabilidade de uma sucessão desconhecida.
Já, no campo
norte-americano, o problema torna-se bem mais grave. De início, a
preeminência da nação, até bem pouco líder do planeta, se deixa arranhar por um impetuoso aventureiro. Vê-se confrontada, não por uma potência,
mas sim por um minúsculo país cuja população corresponde à um
décimo da sua, cuja economia tem dimensão distrital, com exército
antiquado, e marinha e força aérea nulas.
Ora, a autocontenção
bélica não é uma característica norte-americana; por
muito menos os Estados Unidos invadiram o Iraque. Nem seu
“commander in chief”, Donal Trump, parece ser de natureza
pacífica. Portanto, é
razoável presumir-se que, se até este momento nenhuma ação
militar foi deslanchada, esta aparente calmaria
dever-se-ia à um cuidadoso
estudo dos riscos militares decorrentes de ataque à
Coréia do Norte:
- identificar a localização precisa dos mísseis coreanos, muitos destes sobre lançadores móveis em constante movimentação
- planejar a neutralização da artilharia convencional ao longo do Paralelo 38 ** que ameaça a Coréia do Sul
- mapear a infraestrutura nuclear, tal como estoques, laboratórios, centrifugas, etc...
- interditar todo transporte e comunicação, e mais importante
- neutralizar a capacidade retaliatória dos mísseis coreanos que escapem ao primeiro ataque.
Talvez seja
este último item a principal razão para a hesitação observada em Washington. Conquanto o exército norte americano possua
foguetes anti-mísseis para interceptação em baixa altitude, os
experimentos realizados em misseis para interceptação estratosférica
tem sido duvidosos. Estaria protegida a base norte-americana de Guam? Será esta a razão
real para a surpreendente paralisia militar yankee?
* Mutual Assured Destruction
** Fronteira informal que até hoje separa as duas Coreias
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