As eleições presidenciais se aproximam e o horizonte político permanece nublado, incerto. O atual presidente desgasta-se, tentando manter-se acima do nível do castigo, e para tal exaurindo o pouco capital político que lhe resta. Perde, assim, as força necessárias ao cumprimento das reformas essenciais à saúde da economia nacional.
Ainda, a penúria do erário é tal que
nem a manutenção do patrimônio, nem novos investimentos se
encaixam no atual orçamento falimentar. Ao inédito desemprego
soma-se o mais cruel de todas as inadimplências, o calote salarial e
previdenciário. As estratosféricas taxas de juros praticadas pelo
sistema bancário retira ao cidadão comum a possibilidade de
atenuar, ainda que temporariamente, a agrura dos tempos difíceis.
Vê-se, assim, grandes segmentos da classe trabalhadora na escuridão
trazida pela falta de meios para sua subsistência. Desta condição
resulta a revolta eleitoral contra os poderes vigentes e a busca por
salvação na figura do candidato que mais prometer.
Tal descalabro promete ser fatal para
as pretensões dos quadros políticos, seja do centro, seja da
direita, quando das próximas eleições. A prevalecer a atual
tendência descendente, e nada faz prever o contrário, a oposição,
qualquer oposição, terá, perante o eleitorado, condições de
rejeitar os candidatos ungidos pelo atual poder politico.
São muitas as providências a serem
tomadas para assegurar a vitória eleitoral em 2018; dentre elas
tem-se a retomada do emprego para que possa reverter a atual anemia
que oprime a dita “base aliada”, dando-lhe alguma condição de
evitar o avanço das alianças à esquerda.
Nesta linha destaca-se a conveniência
de priorizar-se um esforço concentrado em investimento, recuperação
e manutenção da infraestrutura de transportes do país, completando
e criando novas ferrovias, asfaltando rodovias, modernizando e
provendo o acesso aos portos, criando armazenagem e tudo o mais
necessário para o eficiente transporte de bens. Tal programa poderá
gerar grande massa de novos empregos diretos, mas, também, àqueles
indiretos que decorrem do fornecimento de bens e serviços de apoio.
Por resultado ter-se-ia melhor integração dos polos econômicos
nacionais, a queda de custos no mercado interno, como, também,
maior competitividade de nossas exportações e geração de divisas.
Redução do Custo Brasil.
Neste sentido, importa lembrar o efeito
multiplicador que tais investimentos tiveram no excepcional
crescimento da economia chinesa. De forma semelhante, tanto a
topografia quanto a demografia brasileira clama pela aceleração de
uma integração economicamente eficaz, exigindo a solução
ferroviária para as grandes distâncias complementada pela
capilaridade de uma moderna e confiável rede rodoviária.
Para a execução de tal projeto, 120
bilhões de reais poderiam estar disponíveis através da
“mobilização” de US$ 40 bilhões das reservas cambiais
nacionais. O acesso a tal montante de reservas poderia se por
- venda de títulos no mercado internacional, ou, melhor
- levantamento de empréstimo internacional tendo por lastro títulos do tesouro norte americano em “escrow”.
- Grosso modo, tais recursos poderiam viabilizar a construção de vinte mil quilômetros de ferrovias (60 bilhões de reais) e, ainda, construir/pavimentar trinta mil quilômetros e rodovias (60 bilhões de reais).
Importante notar que tal redução de
reserva não fragilizaria a posição do Brasil perante credores
externos uma vez que atenderia aos parâmetros essenciais à
segurança creditícias exigidas
pelas agências financeiras internacionais:
- as reservas nacionais, líquidas da redução proposta, responderiam por 9,1 vezes o valor de três meses de importação, US$ 36 bilhões, “benchmark” para a proteção às importações.
- e de 6,6 vezes o “benchmark” de lastro para a divida externa brasileira de curto prazo, que oscila em torno de US$ 50 bilhões.
No
entanto, toda cautela deve acompanhar o uso de reservas
internacionais dada à confiabilidade do crédito externo
brasileiro que nela se lastreia. O acesso à estas reservas tanto
pode abrir ao Brasil novas portas para seu desenvolvimento quanto,
nas mãos e intenções erradas, redundar no seu esbanjamento com
irreparável dano ao país.
Ainda, a execução de tal plano
deveria submeter-se a procedimentos e fiscalização internacionais,
adotando para tal plena transparência operacional e financeira.
Ignorar os perigos éticos que rondam todo grande projeto seria, como
diria Telleyrand, pire q'un crime, ce serait une faute.
O que vai acima tem por intenção
estimular um debate sobre tema cuja complexidade vai muito alem da
“expertise” desta coluna. Mas parece claro que recursos existem
para devolver ao Brasil à trilha do desenvolvimento, a retomada do
emprego, a reconquista de sua auto confiança.
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