quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A recuperação do Nível de Emprego

Esta coluna tem o especial prazer de receber, novamente,  colaboração do ilustre economista Dr. Julian Magalhães Chacel.


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A despeito da turbulência que envolve o mundo político, alega-se que as instituições exercem suas funções. Realmente funcionam, mas funcionam mal. Fica mais do que evidente que há um desequilíbrio entre os Poderes. Nada a ver com o “Espírito das Leis” do Barão de Montesquieu.

Tal desequilíbrio, ao quebrar a harmonia das relações entre Poderes gera um clima de incerteza que reflete sobre o processo das decisões de investimento. De tal sorte que nem mesmo a queda da taxa da inflação, a permitir a queda consequente da taxa de juros real ou o anuncio de recuperação do PIB provavelmente alimentada pela safra gigante de grãos altera o ânimo do potencial investidor. Cabe lembrar que este pode calcular o risco implícito em sua decisão de investir, mas este cálculo fica prejudicado pela incerteza que é um conceito fluido que os modelos matemáticos são incapazes de captar.

O certo é que a recuperação do nível de emprego absorvendo os 12 milhões hoje desempregados dependerá de uma onda de investimentos que terá um efeito multiplicador sobre o emprego. A noção de multiplicador entra na Teoria Econômica num ensaio de R.F. Kahn versando sobre a relação entre o investimento interno e o nível de emprego no território nacional.Retomado por Keynes, esse multiplicador sintetiza a relação entre o aumento do emprego primário mobilizado para a atividade de investimento e o resultante aumento total do emprego..

Em linguagem mais simples, a realização de um investimento, seja uma nova fábrica ou uma obra pública significa que, durante certo tempo entre o início e a conclusão da obra, salários serão pagos a operários e engenheiros e encomendas, sobretudo em matérias primas e bens de capital serão feitas a terceiras empresas. Que por seu turno ao ter um crescimento das suas atividades passa a empregar mais gente. Esse é o efeito multiplicador.

Tomando como premissa que a normalidade das relações entre Executivo, Legislativo e Judiciário volte a existir, a condição inicial para reativar os investimentos deveria partir de uma visão crítica dos malfadados Programas de Aceleração do Crescimento. Quais os investimentos a retomar e ultimar e quais, na relação custo benefício, seria melhor descontinuar na perspectiva do curto prazo.

A anunciada decisão da Petrobras de retomar a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, a COMPERJ, que num dado momento chegou a gerar 30 mil empregos, aponta na boa direção. Ainda que para tal se associe com a Chinese Petroleum Company. Com a vantagem de dar um sopro de vida, via Itaborai, na combalida economia do Estado do Rio de Janeiro.

Mas a grande fonte de criação de emprego, capaz de melhorar a produtividade total dos fatores trabalho e capital, reside na escolha seletiva das grandes obras de infraestrutura que fazem falta ao país, desde que bem administradas e livres nas licitações do flagelo da corrupção.

Mas nos tempos atuais há uma condição necessária para que isso possa acontecer. Abandonar, no marco da política, o jogo rasteiro que hoje os brasileiros assistem perplexos, jogo esse mais próprio de um país do Terceiro Mundo.

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