O
governo Bolivariano reflete o resultado de uma formulação política em desastrada busca por justiça social desprezando, no entanto, a
disciplina que a economia impõe para atingir-se uma equilibrada riqueza nacional.
Ainda, ultrapassando o período Chavista, Maduro elimina, através do
autoritarismo, o “feed back” dos diversos segmentos sociais e
econômicos, necessários ao ajuste e à correção de rumo político
e econômico, exercício essencial ao sucesso do projeto.
Por
resultado tem-se um país em estado pré-falimentar apesar de sua
imensa riqueza decorrente do petróleo, onde os investimentos
cessaram, onde a inflação atinge mais de 700% a.a., onde seu PIB,
mensurado pelo poder de compra, despencou mais de 20% entre 2014 e
2016.
Hoje,
a Venezuela é uma país empobrecido socialmente, desorganizado
economicamente, desabastecido comercialmente, amordaçado
politicamente.
Uma
observação mais abrangente sobre a questão venezuelana revela uma
progressão que se encontra em muitos países latino americanos.
Nestes, a percepção do desequilíbrio econômico e social entre as
classes que compõem a sociedade, contida enquanto regimes fechados,
vêm à tona ao instalar-se a democracia. A prevalecer tais
desproporções, as forças políticas se congregam em torno da
maioria eleitoral que abrange, sobretudo, o lúmpen, de modesto
nível cultural. Torna-se assim, presa fácil do discurso das
soluções milagrosas, das medidas salvadoras. Daí para a
entronização do populismo, é um pequeno passo.
Seguindo
este modelo, o movimento Chavista herdou do presidente Caldera um
país rico, porém para poucos. Seu nível de pobreza atingia, no
último ano de seu governo, 50% da população, o Índice de
Desenvolvimento Humano oscilava em 67, o Índice de Gini em 49.
Com
Chaves, estes índices evoluiram para 36%, 76, e 39* . Porém, ao
corrigir estas relevantes distorções e colher a irrestrita
admiração do povo, caiu na armadilha da omnisciência e do
desprezo às realidades que regem o comportamento da economia. Seu
sucessor, Nicolás Maduro, tão mais despreparado quanto mais
profundo o desregramento público, enveredou para a ditadura
explícita buscando na morte de opositores o silêncio, ceifando a
vida de cidadãos indignados.
Após
longo período, hoje surgem reações de um povo não mais admirado,
mas, sim, revoltado. Tal reação não mais se atêm à ações
políticas mas, também armadas. Talvez seja um começo que venha
provocar a centelha que leve à derrubada da ditadura, o
redirecionamento da Venezuela.
Pois
no momento em que as primeiras luzes prenunciam a reversão de quadro
tão nefasto, tem-se a manifestação de outro “player”,
conhecido pela suas impensadas intervenções. Ao ameaçar
militarmente a Venezuela, Donald Trump torna mais difícil a
arregimentação do movimento oposicionista. A ojeriza que pauta o mundo Latino Americano às
intervenções de Washington ao longo se sua história, exerce poder
aglutinador contrário às ameaças “yanquis” e, por analogia
inversa, acentua o apoio às suas pretensas vítimas. Assim, corre-se
o risco de Maduro receber de Washington inesperada blindagem.
Para
atenuar os estragos causados pela Casa Branca, e seguindo caminho
inverso, agiu bem o Itamaraty ao levar o Mercosul a formalmente
recomendar a repulsa à solução armada externa, privilegiando o
diálogo e a diplomacia como instrumento para a solução. Em outras
palavras, cabe aos venezuelanos, politicamente se possível, armados
se necessário, reconduzir seu país à trilha da democracia. Ao
Brasil a atual situação venezuelana representa um risco à sua
segurança, cabendo-lhe auxiliar as iniciativas, ostensivas ou não,
que restaurem a democracia naquele país.
*
Quanto
menor o Índice Gini, melhor a distribuição de renda do país
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