Há
pouco um passageiro, já sentado e instalado em sua poltrona viu-se
surpreendido com uma ordem de deixar o avião. Era uma vítima
do já conhecido “overbooking”, método usado por companhias
aéreas para potencializar seu lucro mediante a lotação de seus
aviões. Neste caso contudo, a United Airlines buscou maximizar sua "eficiência" recorrendo ao desforço físico.
Não fora a enorme contribuição social do moderno telefone, o método selvagem para a evicção do pobre passageiro teria sido ignorado. A United Airlines desprezou o surgimento de inesperado defensor do Consumidor, o Youtube e as demais redes sociais.
Esta prepotência só se
tornou opção viável do ponto de vista business porque
80% do mercado de transporte aéreo norte-americano é controlado por
apenas quatro empresas. Um mercado de constrita concorrência que
reduz a probabilidade de perder-se o cliente insatisfeito.
Este
incidente, talvez deva levar a considerações sobre o desvio que
hoje ameaça o capitalismo e que parece tornar-se cada vez mais
evidente no seu berço, os Estados Unidos. Revela uma tendência a
considerar-se o lucro, a qualquer preço ético ou social, como o único objetivo da atividade econômica
privada. Esta visão simplista tenta lastrear-se na “mão
invisível” de Adam Smith, esquecendo que o velho economista
defendia também a existência de controles e supervisão,
essenciais à perenidade do capitalismo e o enriquecimento nacional.
Para sua perenidade será necessário manter-se um equilíbrio social, levando em conta os interesses da sociedade e das empresas. Já, outrora,
era considerado necessário adequar-se a empresa à condição de
Corporate Citizen, ou seja
com deveres não apenas para com seus acionistas mas, também, para
com seus gestores, seus empregados, seus consumidores e, ainda, o
Estado que a acolhe.
À atual
visão de capitalismo, que arrisca tornar-se autofágico, se soma a
displicência e beneplácito dos órgão reguladores, cada vez mais influenciados
pelos interesses econômicos, levando a tolerância à níveis contrários ao bem comum. Tal condição gera uma crescente concentração de empresas e a redução de
alternativas na oferta de produtos e serviços, perdendo o consumidor seu elemento de defesa, a plena e ampla concorrência.
Dados recentes revelam o valor dos
Mergers & Aquisitions, que
tendem à maior concentração de ofertas, ter atingido, em 2015 US$ 5 trilhões
enquanto novos investimentos, favoráveis à maior disseminação de oferta de bens e
serviços, chegaram, no mesmo período, à US$ 12 bilhões. Assim, distancia-se, gradualmente, dos
benefícios do mercado equitativo.
Enquanto isso, que seja o
boicote à United Airlines a resposta do consumidor acuado e maltratado. Ele também quer os benefícios do capitalismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário