domingo, 16 de abril de 2017

Ganância e truculência

Resultado de imagem para foto expulsion United Airlines

Há pouco um passageiro, já sentado e instalado em sua poltrona viu-se surpreendido com uma ordem de deixar o avião. Era uma vítima do já conhecido “overbooking”, método usado por companhias aéreas para potencializar seu lucro mediante a lotação de seus aviões. Neste caso contudo, a United Airlines buscou maximizar sua "eficiência" recorrendo ao desforço físico. 

Não fora a enorme contribuição social do moderno telefone, o método selvagem para a evicção do pobre passageiro teria sido ignorado. A United Airlines desprezou o surgimento de inesperado defensor do Consumidor, o Youtube e as demais redes sociais.

Esta prepotência só se tornou opção viável do ponto de vista business porque 80% do mercado de transporte aéreo norte-americano é controlado por apenas quatro empresas. Um mercado de constrita concorrência que reduz a probabilidade de perder-se o cliente insatisfeito.

Este incidente, talvez deva levar a considerações sobre o desvio que hoje ameaça o capitalismo  e que parece tornar-se cada vez mais evidente no seu berço, os Estados Unidos. Revela uma tendência a considerar-se o lucro, a qualquer preço ético ou social, como o único objetivo da atividade econômica privada. Esta visão simplista tenta lastrear-se na “mão invisível” de Adam Smith, esquecendo que o velho economista defendia também a existência de controles e supervisão, essenciais à perenidade do capitalismo e o enriquecimento nacional.

Para sua perenidade será necessário manter-se um equilíbrio social, levando em conta os interesses da sociedade e das empresas. Já, outrora, era considerado necessário adequar-se a empresa à condição de Corporate Citizen, ou seja com deveres não apenas para com seus acionistas mas, também, para com seus gestores, seus empregados, seus consumidores e, ainda, o Estado que a acolhe.

À atual visão de capitalismo, que arrisca tornar-se autofágico, se soma a displicência e beneplácito dos órgão reguladores, cada vez mais influenciados pelos interesses econômicos, levando a tolerância à níveis contrários ao bem comum. Tal condição gera uma crescente concentração de empresas e a redução de alternativas na oferta de produtos e  serviços, perdendo o consumidor seu elemento de defesa, a plena e ampla concorrência. 

Dados recentes revelam o valor dos Mergers & Aquisitions, que tendem à maior concentração de ofertas, ter atingido, em 2015 US$ 5 trilhões enquanto novos investimentos, favoráveis à maior disseminação de oferta de bens e serviços, chegaram, no mesmo período, à US$ 12 bilhões. Assim, distancia-se, gradualmente, dos benefícios do mercado equitativo.

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Enquanto isso, que seja o boicote à United Airlines a resposta do consumidor acuado e maltratado. Ele também quer os benefícios do capitalismo.


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