Fillon, le Pen, Macron |
Jean-Luc Mélenchon |
Amanhã será o
primeiro turno das eleições francesas. Seu resultado permitirá
antever-se a arregimentação das forças eleitorais para a
decisão final do povo francês em maio próximo. Esta decisão
terá relevante influência nos rumos da União Européia, e, caso vençam os candidatos radicais, na aliança Ocidental e no jogo
de poder entre os polos que compõem o mundo.
O presidente francês, contrariamente à maioria dos presidentes parlamentaristas europeus, exerce o poder executivo durante os cinco anos de seu mandato, auxiliado por sua eventual maioria parlamentar. Já a função executiva em outros países do continente, é exercida pelo Primeiro Ministro, demissível, ad nutum, pelo parlamento.
Dos onze
candidatos destacam-se apenas quatro. Marine le Pen, tida por extrema
direita populista, oferece o retrocesso anti Europa, uma França
fechada em suas fronteiras, paternalista e xenófoba. François Fillon, comanda a direita pró
União Européia, propondo uma economia ortodoxa,
liberal.
Jean-Luc Melenchon, reticente quanto à liberdade de trânsito de pessoas, bens, serviços e capital imposta pela UE, retrocede ao
modelo protecionista da esquerda extremada.
Já, Emmanuel Macron
surge como o candidato que busca a todos agradar, com uma plataforma
inédita que busca o difícil convívio de teses capitalistas e socialistas, preservando o contexto pan-europeu.
Dia 23 próximo, o eleitorado decidirá quais serão os dois escolhidos para disputar o segundo turno.
Do primeiro turno ter-se-á uma base para a avaliação do segundo, onde as combinações diferentes prometem
resultados diversos, ja dizia o Conselheiro Acácio. Porém, como diria Talleyrand, ça va mieux en le disant.
Vencendo no primeiro turno a dupla Le
Pen e Macron, cuja soma dos votos ficará, provavelmente, aquém da maioria absoluta dos sufrágios, caberá ao eleitorado derrotado o voto de Minerva e determinar o caminho a ser trilhado pela França.
Dada a complexidade das variáveis, esta coluna não pretende prever o desdobramento eleitoral para o segundo turno. Contudo, útil será especular-se sobre os caminhos à serem seguidos por Fillon e Melanchon, ambos atraídos pela dualidade das
plataformas dos dois vencedores.
As hostes pró Fillon
dividem-se entre a ortodoxia econômica, onde Macron parcialmente se
situa, e a rebeldia contra qualquer manifestação socialista, onde o mesmo Macron explicita sua preferência. Porém, existe uma direita radical para
quem a opção do “quanto pior melhor”, que propõe votar em Marine Le Pen, na esperança que, das cinzas de seu insucesso, decorra um retorno triunfal da Direita. Para muitos franceses, seria ela uma opção suicida.
Já, uma facção dos
eleitores de Melenchon poderá encontrar guarida nas propostas
nacionalista e anti-globalizantes de Marine Le Pen, ainda que, no momento, seja maior a probabilidade de aderirem à mensagem socialista de Macron.
Muito dependerá do
futuro nebuloso que medeia as duas eleições. O tempo e as mudanças
impostas pelo ambiente internacional, tais como:
- Ações terroristas que venham a ocorrer na França ou arredores,
- Efeitos projetados para o Brexit e sua negociação com a União Européia
- Iniciativas geopolíticas e econômicas tomadas por Donald Trump que afetem a Europa,
- Acontecimentos no Oriente Médio e seus impactos nas populações muçulmanas na França,
- e, todas as demais e imprevisíveis ocorrências...
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