sábado, 22 de abril de 2017

Eleições francesas


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Fillon, le Pen, Macron




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Jean-Luc Mélenchon


Amanhã será o primeiro turno das eleições francesas. Seu resultado permitirá antever-se a arregimentação das forças eleitorais para a decisão final do povo francês em maio próximo. Esta decisão terá relevante influência nos rumos da União Européia, e, caso vençam os candidatos radicais, na aliança Ocidental e no jogo de poder entre os polos que compõem o mundo.

O presidente francês, contrariamente à maioria dos presidentes parlamentaristas europeus, exerce o poder executivo durante os cinco anos de seu mandato, auxiliado por sua eventual maioria parlamentar. Já a função executiva em outros países do continente, é exercida pelo Primeiro Ministro, demissível, ad nutum, pelo parlamento. 

Dos onze candidatos destacam-se apenas quatro. Marine le Pen, tida por extrema direita populista, oferece o retrocesso anti Europa, uma França fechada em suas fronteiras, paternalista e xenófoba. François Fillon, comanda a direita pró União Européia, propondo uma economia ortodoxa, liberal. 

Jean-Luc Melenchon, reticente quanto à liberdade de trânsito de pessoas, bens, serviços e capital imposta pela UE, retrocede ao modelo protecionista da esquerda extremada. 

Já, Emmanuel Macron surge como o candidato que busca a todos agradar, com uma plataforma inédita que busca o difícil convívio de teses capitalistas e socialistas, preservando o contexto pan-europeu.

Dia 23 próximo, o eleitorado decidirá quais serão os dois escolhidos para disputar o segundo turno. 

Do primeiro turno ter-se-á uma base para a avaliação do segundo, onde as combinações diferentes prometem resultados diversos, ja dizia o Conselheiro Acácio. Porém, como diria Talleyrand,  ça va mieux en le disant.

Vencendo no primeiro turno a dupla Le Pen e Macron, cuja soma dos votos ficará, provavelmente, aquém da maioria absoluta dos sufrágios,  caberá ao eleitorado derrotado o voto de Minerva e determinar o caminho a ser trilhado pela França. 

Dada a complexidade das variáveis, esta coluna não pretende prever o desdobramento eleitoral para o segundo turno. Contudo, útil será  especular-se sobre os caminhos à serem seguidos por Fillon e Melanchon, ambos atraídos pela dualidade das plataformas dos dois vencedores.

As hostes pró Fillon dividem-se entre a ortodoxia econômica, onde Macron parcialmente se situa, e a rebeldia contra qualquer manifestação socialista, onde o mesmo Macron explicita sua preferência. Porém, existe uma direita radical para quem a opção do “quanto pior melhor”, que propõe votar em Marine Le Pen, na esperança que, das cinzas de seu insucesso, decorra um retorno triunfal da Direita. Para muitos franceses, seria ela uma opção suicida.

Já, uma facção dos eleitores de Melenchon poderá encontrar guarida nas propostas nacionalista e anti-globalizantes de Marine Le Pen, ainda que, no momento, seja maior a probabilidade de aderirem à mensagem socialista de Macron.

Muito dependerá do futuro nebuloso que medeia as duas eleições. O tempo e as mudanças impostas pelo ambiente internacional, tais como:


  1. Ações terroristas que venham a ocorrer na França ou arredores,
  2. Efeitos projetados para o Brexit e sua negociação com a União Européia
  3. Iniciativas geopolíticas e econômicas tomadas por Donald Trump que afetem a Europa,
  4. Acontecimentos no Oriente Médio e seus impactos nas populações muçulmanas na França,
  5. e, todas as demais e imprevisíveis ocorrências...

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