Até uma criancinha de
sete anos sabe da periculosidade do ditador Norte Coreano, mas não
será ela que tomará as medidas para contê-lo. Nem ela e nem, por enquanto assim
parece, Donald Trump, o Commander in Chief da mais poderosa força
armada do planeta.
O jogo nuclear iniciado
pelo norte coreano chegou ao ponto de preocupar, seriamente, os
interesses americanos no quadrângulo geopolítico desenhado pela
China, Rússia, Japão e Coréia do Sul. Esta região, vital para os
cinco players, somente poderá ser pacificada após identificado o
complexo emaranhado de interesses comuns ou conflitantes, os quais,
dentro da ótica asiática, o tempo é fator indispensável. A
pressa, em contrapartida, poderá levar ao confronto, possivelmente
nuclear.
Ainda, buscar-se a
solução para tão complexo problema sem dar ouvidos aos atores
principais, ou seja, o recurso à diplomacia, parece de extrema
imprudência. Optar-se pela violência é criar-se um cenário cujo
preço para os envolvidos é uma incógnita. Para China a queda de
um governo amigo em estado tampão, substituído, talvez, por governo
antagônico (leia-se pró Estados Unidos) parece ser inaceitável.
Para o Japão, qualquer solução violenta por parte dos americanos
poderá gerar um novo perigo nuclear para seu território, condição
incabível. Para a Coreia do Sul, a capacidade retaliatória de
seus irmãos ao Norte, representa perigo, também, intolerável.
Talvez seja a Rússia o
único player que veria efeitos negativos e positivos; quanto ao
primeiro, mais uma cabeça de ponte norte-americana criada junto às
suas fronteiras; quanto ao segundo, um elemento desestabilizador nas
fronteira da China pode convergir, em certas circunstâncias, com
os interesses de Moscou.
Para qualquer relação
negocial entre partes conflitantes, credibilidade é fator
primordial. Como em toda negociação, tanto a ameaça do chicote quanto a dádiva da cenoura, oferecidas por um ou outro, para que sejam eficazes, devem ser insuspeitas.
Donald Trump declara-se usuário do chicote, não tendo ainda
revelado ter seu arsenal estoque de cenouras.
Para ilustrar sua
determinação, invoca os misseis enviados à Síria e a super bomba
lançada no Afeganistão. Seus emissários, generais, diplomatas e, ainda, seu Vice Presidente, propalam, sombrios, que todas as opções estão on the table. Para dar dentes às palavras ameaçadoras dirigidas à
Coréia do Norte, the Donald declara estar enviando uma armada em sua direção,
liderada pelo porta-aviões Carl Vinson, incluindo submarinos muito, muito poderosos (sic).
A
ameaça é séria e crível. O Sr Kim Jong-Un não pode ignorá-la. Seu Estado
Maior, mobilizado, sem dúvida estuda as mais complexas alternativas.
Seu conselheiros políticos discutem até onde podem ceder sem perder
a face. Aliados observam, entre satisfeitos e temerosos. O cenário
está construído. O gigante despertou. Quem cederá, e quanto, e como?
Breaking news! A Armada Trump acaba de perder o rumo! Em vez de ter a Coréia do Norte por destino, navega feliz e pacificamente em direção oposta, a dos mares da
Austrália.
Chamem a menina de sete anos!
Chamem a menina de sete anos!
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