quarta-feira, 26 de abril de 2017

Eleições na França II

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O dia vinte e quatro de abril acordou ensolarado. Emmanuel Macron com boa vantagem sobre Marine le Pen, ultrapassou a primeira etapa eleitoral. Seguiu-e à vitória o apoio ao jovem político proveniente dos dois partidos tradicionais franceses, o Socialista e os Républicains. Tudo como se deve.

Porém nem tudo vai bem na França. Os dois partidos tradicionais e majoritários foram varridos das urnas, revelando estar o povo francês em procura de novas políticas, novas fórmulas. Les Républicains (sucessor do UMP, egresso do movimento Gaulista) e o Partido Socialista dominaram o cenário político francês desde o término da segunda Guerra Mundial. Seu fôlego parece estar chegando ao fim. Toda uma tradição política e, até mesmo familiar, construída à seis décadas em torno destas duas alternativas, este edifício partidário de sólidas fundações, viu-se derrubado por um jovem politicamente sem eira nem beira.

É bem verdade que François Fillon e seu partido não souberam neutralizar os ventos da desconfiança moral que atingiu o candidato. Ao ignorar as sondagens desencorajadoras e, teimosamente, descartar a formula provavelmente salvadora onde seria substituído pelo sólido e admirado Allain Juppé, Fillon decretou a derrota do seu partido.

Já, François Hollande, que proclamava-se “o presidente normal” na realidade revelou-se medíocre, indeciso. Iniciou seu governo promovendo um choque socialista tendo por resultado uma forte estagnação econômica. Confrontado com o insucesso, procurou em Manuel Valls, como Primeiro Ministro, e Macron como Ministro da Economia, medidas mais ao centro do espectro político. Foram insuficientes e tardias. Perdeu toda credibilidade junto ao eleitorado socialista.

Como filho bastardo, por não participar do tradicional Partido Socialista, surge Jean-Luc Mélenchon empolgando a Esquerda. Preenche o vácuo criado por Hollande. Atinge neste primeiro turno 19,8% do eleitorado, superando o desempenho de sua última candidatura em 56%! Parece evidente ter sido sua colheita em cima de campos abandonados.

Para ter-se uma perspectiva do quadro político para 7 de maio alguns dados são relevantes
  1. A abstenção de 22,7% no pleito preliminar foi superior à das eleições presidenciais anteriores, estimada em 20%. Resta, assim, importante “capacidade política ociosa” cuja conquista ainda é duvidosa.
  2. Foram essencialmente urbanos os votos concedidos à Macron, tendo le Pen a preferencia do campo e das pequenas aglomerações. A distancia eleitoral entre elas é pequena.
  3. Macron comanda, sobretudo o Oeste francês e o Sudoeste enquanto o Front National de Marine domina o Norte e o Sul. Em termos geográficos, a França está dividida de alto à baixo.
  4. Jean-Luc Mélenchon e seu Parti de Gauche poderá vislumbrar vantagens políticas ao associar-se com Marine le Pen. O mapa geográfico-eleitoral revela notável convergência, onde a fraqueza de um é compensada pela força do outro candidato. Não será a primeira vez que o radical da esquerda se une ao radical da direita para compartilhar os espólios políticos.*
  5. Estima-se que segmento relevante de seguidores de François Fillon, radicalmente opostos ao esquerdismo de Macron, optariam pelo apoio ao Front National.
Estas observações recomendam uma avaliação equilibrada, e a constatação de que, se por um lado a chance de vitória de Macron exccde à de sua concorrente, há que se lembrar que les jeux ne sont pas faits.


* Pacto de não agressão entre Hitler e Stalin, tendo por espólio a Polônia.

sábado, 22 de abril de 2017

Eleições francesas


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Fillon, le Pen, Macron




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Jean-Luc Mélenchon


Amanhã será o primeiro turno das eleições francesas. Seu resultado permitirá antever-se a arregimentação das forças eleitorais para a decisão final do povo francês em maio próximo. Esta decisão terá relevante influência nos rumos da União Européia, e, caso vençam os candidatos radicais, na aliança Ocidental e no jogo de poder entre os polos que compõem o mundo.

O presidente francês, contrariamente à maioria dos presidentes parlamentaristas europeus, exerce o poder executivo durante os cinco anos de seu mandato, auxiliado por sua eventual maioria parlamentar. Já a função executiva em outros países do continente, é exercida pelo Primeiro Ministro, demissível, ad nutum, pelo parlamento. 

Dos onze candidatos destacam-se apenas quatro. Marine le Pen, tida por extrema direita populista, oferece o retrocesso anti Europa, uma França fechada em suas fronteiras, paternalista e xenófoba. François Fillon, comanda a direita pró União Européia, propondo uma economia ortodoxa, liberal. 

Jean-Luc Melenchon, reticente quanto à liberdade de trânsito de pessoas, bens, serviços e capital imposta pela UE, retrocede ao modelo protecionista da esquerda extremada. 

Já, Emmanuel Macron surge como o candidato que busca a todos agradar, com uma plataforma inédita que busca o difícil convívio de teses capitalistas e socialistas, preservando o contexto pan-europeu.

Dia 23 próximo, o eleitorado decidirá quais serão os dois escolhidos para disputar o segundo turno. 

Do primeiro turno ter-se-á uma base para a avaliação do segundo, onde as combinações diferentes prometem resultados diversos, ja dizia o Conselheiro Acácio. Porém, como diria Talleyrand,  ça va mieux en le disant.

Vencendo no primeiro turno a dupla Le Pen e Macron, cuja soma dos votos ficará, provavelmente, aquém da maioria absoluta dos sufrágios,  caberá ao eleitorado derrotado o voto de Minerva e determinar o caminho a ser trilhado pela França. 

Dada a complexidade das variáveis, esta coluna não pretende prever o desdobramento eleitoral para o segundo turno. Contudo, útil será  especular-se sobre os caminhos à serem seguidos por Fillon e Melanchon, ambos atraídos pela dualidade das plataformas dos dois vencedores.

As hostes pró Fillon dividem-se entre a ortodoxia econômica, onde Macron parcialmente se situa, e a rebeldia contra qualquer manifestação socialista, onde o mesmo Macron explicita sua preferência. Porém, existe uma direita radical para quem a opção do “quanto pior melhor”, que propõe votar em Marine Le Pen, na esperança que, das cinzas de seu insucesso, decorra um retorno triunfal da Direita. Para muitos franceses, seria ela uma opção suicida.

Já, uma facção dos eleitores de Melenchon poderá encontrar guarida nas propostas nacionalista e anti-globalizantes de Marine Le Pen, ainda que, no momento, seja maior a probabilidade de aderirem à mensagem socialista de Macron.

Muito dependerá do futuro nebuloso que medeia as duas eleições. O tempo e as mudanças impostas pelo ambiente internacional, tais como:


  1. Ações terroristas que venham a ocorrer na França ou arredores,
  2. Efeitos projetados para o Brexit e sua negociação com a União Européia
  3. Iniciativas geopolíticas e econômicas tomadas por Donald Trump que afetem a Europa,
  4. Acontecimentos no Oriente Médio e seus impactos nas populações muçulmanas na França,
  5. e, todas as demais e imprevisíveis ocorrências...

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Armata Brancaleone

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Até uma criancinha de sete anos sabe da periculosidade do ditador Norte Coreano, mas não será ela que tomará as medidas para contê-lo. Nem ela e nem, por enquanto assim parece, Donald Trump, o Commander in Chief da mais poderosa força armada do planeta.

O jogo nuclear iniciado pelo norte coreano chegou ao ponto de preocupar, seriamente, os interesses americanos no quadrângulo geopolítico desenhado pela China, Rússia, Japão e Coréia do Sul. Esta região, vital para os cinco players, somente poderá ser pacificada após identificado o complexo emaranhado de interesses comuns ou conflitantes, os quais, dentro da ótica asiática, o tempo é fator indispensável. A pressa, em contrapartida, poderá levar ao confronto, possivelmente nuclear.

Ainda, buscar-se a solução para tão complexo problema sem dar ouvidos aos atores principais, ou seja, o recurso à diplomacia, parece de extrema imprudência. Optar-se pela violência é criar-se um cenário cujo preço para os envolvidos é uma incógnita. Para China a queda de um governo amigo em estado tampão, substituído, talvez, por governo antagônico (leia-se pró Estados Unidos) parece ser inaceitável. Para o Japão, qualquer solução violenta por parte dos americanos poderá gerar um novo perigo nuclear para seu território, condição incabível. Para a Coreia do Sul, a capacidade retaliatória de seus irmãos ao Norte, representa perigo, também, intolerável. 

Talvez seja a Rússia o único player que veria efeitos negativos e positivos; quanto ao primeiro, mais uma cabeça de ponte norte-americana criada junto às suas fronteiras; quanto ao segundo, um elemento desestabilizador nas fronteira da China pode convergir, em certas circunstâncias, com os interesses de Moscou.

Para qualquer relação negocial entre partes conflitantes, credibilidade é fator primordial. Como em toda negociação, tanto a ameaça do chicote quanto a dádiva da cenoura, oferecidas por um ou outro, para que sejam eficazes, devem ser insuspeitas. Donald Trump declara-se usuário do chicote, não tendo ainda revelado ter seu arsenal estoque de cenouras.

Para ilustrar sua determinação, invoca os misseis enviados à Síria e a super bomba lançada no Afeganistão. Seus emissários, generais, diplomatas e, ainda, seu Vice Presidente, propalam, sombrios, que todas as opções estão on the table. Para dar dentes às palavras ameaçadoras dirigidas à Coréia do Norte, the Donald declara estar enviando uma armada em sua direção, liderada pelo porta-aviões Carl Vinson, incluindo submarinos muito, muito poderosos (sic).

A ameaça é séria e crível. O Sr Kim Jong-Un não pode ignorá-la. Seu Estado Maior, mobilizado, sem dúvida estuda as mais complexas alternativas. Seu conselheiros políticos discutem até onde podem ceder sem perder a face. Aliados observam, entre satisfeitos e temerosos. O cenário está construído. O gigante despertou. Quem cederá, e quanto, e como?


Breaking news!    A  Armada Trump acaba de perder o rumo! Em vez de ter a Coréia do Norte por destino, navega feliz e pacificamente em direção oposta, a dos mares da Austrália.  

Chamem a menina de sete anos!  

domingo, 16 de abril de 2017

Ganância e truculência

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Há pouco um passageiro, já sentado e instalado em sua poltrona viu-se surpreendido com uma ordem de deixar o avião. Era uma vítima do já conhecido “overbooking”, método usado por companhias aéreas para potencializar seu lucro mediante a lotação de seus aviões. Neste caso contudo, a United Airlines buscou maximizar sua "eficiência" recorrendo ao desforço físico. 

Não fora a enorme contribuição social do moderno telefone, o método selvagem para a evicção do pobre passageiro teria sido ignorado. A United Airlines desprezou o surgimento de inesperado defensor do Consumidor, o Youtube e as demais redes sociais.

Esta prepotência só se tornou opção viável do ponto de vista business porque 80% do mercado de transporte aéreo norte-americano é controlado por apenas quatro empresas. Um mercado de constrita concorrência que reduz a probabilidade de perder-se o cliente insatisfeito.

Este incidente, talvez deva levar a considerações sobre o desvio que hoje ameaça o capitalismo  e que parece tornar-se cada vez mais evidente no seu berço, os Estados Unidos. Revela uma tendência a considerar-se o lucro, a qualquer preço ético ou social, como o único objetivo da atividade econômica privada. Esta visão simplista tenta lastrear-se na “mão invisível” de Adam Smith, esquecendo que o velho economista defendia também a existência de controles e supervisão, essenciais à perenidade do capitalismo e o enriquecimento nacional.

Para sua perenidade será necessário manter-se um equilíbrio social, levando em conta os interesses da sociedade e das empresas. Já, outrora, era considerado necessário adequar-se a empresa à condição de Corporate Citizen, ou seja com deveres não apenas para com seus acionistas mas, também, para com seus gestores, seus empregados, seus consumidores e, ainda, o Estado que a acolhe.

À atual visão de capitalismo, que arrisca tornar-se autofágico, se soma a displicência e beneplácito dos órgão reguladores, cada vez mais influenciados pelos interesses econômicos, levando a tolerância à níveis contrários ao bem comum. Tal condição gera uma crescente concentração de empresas e a redução de alternativas na oferta de produtos e  serviços, perdendo o consumidor seu elemento de defesa, a plena e ampla concorrência. 

Dados recentes revelam o valor dos Mergers & Aquisitions, que tendem à maior concentração de ofertas, ter atingido, em 2015 US$ 5 trilhões enquanto novos investimentos, favoráveis à maior disseminação de oferta de bens e serviços, chegaram, no mesmo período, à US$ 12 bilhões. Assim, distancia-se, gradualmente, dos benefícios do mercado equitativo.

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Enquanto isso, que seja o boicote à United Airlines a resposta do consumidor acuado e maltratado. Ele também quer os benefícios do capitalismo.


domingo, 9 de abril de 2017

Impulsos, emoções e política externa

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Tendo seus impulsos emotivos como base para suas decisões internacionais, Donald Trump acaba de reverter em 180 graus sua visão geopolítica para o Oriente Médio. Há menos de uma semana, acabara de declarar ser conveniente a permanência de Assad no poder como elemento positivo para a erradicação do terrorismo na região. Neste sentido aproximou-se da Rússia, defensora da tese já faz tempo.

No entanto, tomando por base sua indignação face ao uso de gaz letal pelo governo Assad contra cidade rebelde, vitimando adultos e crianças, o líder americano, em 36 horas, decide retaliar enviando cinco dezenas de mísseis Tomahawks em direção à Síria. Teria tido Donald Trump o tempo necessário para refletir e desdobrar as consequências de tal ato para com seu projeto prioritário de derrotar o terrorismo?

Teria a retaliação atingido o objetivo desejado? Pouco provável. A manutenção e ampliação da posição estratégica que o governo Sírio comanda é, provavelmente, essencial para a derrota da Al Qaeda e do Estado Islâmico. Inversamente, a queda do governo Assad, por criar um vácuo cujo preenchimento exigiria uma convergência hoje inexistente de forças relevantes, muito provavelmente levará o Oriente Médio a novo ciclo de guerras tribais e fanatizadas cuja consequência para o Ocidente seria, no mínimo, desestabilizadora. Razoável apontar-se para o caos Líbio como o provável cenário de uma Síria desgovernada. Não bastará simplesmente expulsar o EI de Mosul e de Raqqua; essencial será a consolidação dos governos do Iraque e da Síria sob um governo forte e eficaz.

Talvez a única visão correta no campo internacional, hoje descartada por Trump, tenha sido a arregimentação de forças americanas, russas, e turcas, alem de iraquianos e sírios contra o Estado Islâmico e demais grupos terroristas que infestam a região. Hoje o objetivo tornou-se mais distante senão impossível.

Porém, além deste recente episódio, fica a dúvida sobre a motivação e qualidade das decisões de tão impulsivo presidente. A substituição de uma política externa prudente e cuidadosamente elaborada por arroubos emotivos num mundo nuclearizado eleva, além do permissível, o risco que paira sobre todos.

Enquanto isso, o trágico prevalece. Vítimas da guerra, do terrorismo. tanto na Síria como no Iraque no Iêmen. Nas ruas explodem os fanáticos, dos céus caem as bombas. Para as crianças que morrem e sofrem todos os dias, o martírio continua porque os adultos não sabem como contê-lo.



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Trump e um novo mundo


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Já com mais de dois meses no governo, Donald Trump parece confirmar as expectativas. Sua ignorância em matéria de política externa vem contaminando suas escolhas e decisões no comando deste setor, crucial para a estabilidade internacional. De suas decisões ter-se-á, ou não, tranquilidade e prosperidade nas nações que compõem o mundo.

Vale lembrar a visão norte-americana sobre sua missão e status no planeta. Desde o final da Segunda Guerra Mundial tem o país assumido a liderança de boa parte do mundo, concluindo, com acerto, que, para a sua segurança, é prioritária a proliferação de Estados democráticos e capitalistas (aceitando como tal a social-democracia). Tais estados tornar-se-iam, necessariamente, seus aliados face à ameaça comunista, expansionista e totalitária. Neste contexto, os Estados Unidos proveriam a segurança militar e, mediante a natural atração de sua grande massa econômica aliada à emissão isolada de moeda reserva internacional, asseguraria sua condição de polo determinante da atividade política e economica no mundo dito livre*.

Porém, com a queda da União Soviética, ruiu também o simplismo maniqueista. Impulsionado pela revolução da informática, a informação sobre tudo e todos amplia-se, iluminando os mais escuros corredores do outrora secreto. Adveio não tão somente a globalização comercial e financeira, mas àquela do conhecimento e da informação. O nascimento das redes sociais democratizaram o acesso e a divulgação das opiniões e crenças, derrubando mitos, contradizendo afirmações, revelando manobras.

E de bipolar o mundo tornou-se multipolar. A consolidação da União Européia, a emergência da China e o re-equilíbrio da nova Rússia levaram à criação de novos polos de atração reduzindo, pela sua diversidade, a intensidade da preponderância, antes inconteste, dos Estados Unidos.

Face à nova realidade internacional o novo presidente parece revelar uma visão simplista e ultrapassada, de um Estados Unidos omnipotente. Torna suas obrigações e compromissos para com a comunidade das nações como se mera negociação comercial fosse. Não se dá conta que ao levar à mesa de negociação a exclusiva prioridade de seus interesses abre mão, simetricamente, de seu poder de liderança onde o respeito aos interesses dos comandados e o equilíbrio resultante são essenciais. Ignora que, na medida que imponha seus próprios interesses sobre àqueles outrora mútuos, seus parceiros passam a sofrer crescente atração pelos polos concorrentes, tais com a União Européia e sua esfera de influência, a Rússia no seu entorno e a China no continente asiático.

Trump parece menosprezar, ainda, quão necessário será a colaboração internacional para a contenção e derrota do maior desafio que o país enfrenta, desafio que adentra pela primeira vez suas fronteiras: o Terrorismo, seja ele estruturado, seja individual. Sem a leal colaboração dos serviços de inteligência internacionais, tão mais difícil será atingir-se o objetivo. E para que haja lealdade entre nações, é necessário que haja, na base, convergência de propósitos e interesses. Quanto mais confrontacional for a política do “America First” tanto menor será o potencial de convergência e efetiva colaboração.

O atual cenário internacional é extremamente complexo, sobretudo devido a multiplicidade de atores relevantes. No cenário militar, são inúmeros os pontos de tensão com potencial de conflagração como as fronteiras da Rússia, o Mar da China, o golfo Pérsico, a Coréia do Norte. Já, as áreas de efetiva beligerância no Oriente Médio e vários pontos da Africa não prometem pacificação a prazo médio.

A prosseguir o atual governo norte-americano no atual rumo de sua politica internacional pari passu com a penúria dos quadros que a dirigem, razoável prever-se tempos difíceis. 

* Muitas ditaduras, caudatárias dos Estados Unidos, fazem parte desta congregação.