Desde 1946
o renascimento da Europa, o berço da civilização Ocidental,
tornou-se um laboratório buscando, ao mesmo tempo, o retorno do
crescimento econômico e, face a devastação de suas terras e o
empobrecimento de sua gente, novas formulas de equidade social.
Sem o
Plano Marshall talvez seu experimento não chegasse a bom term, visto
o campo fértil que a pobreza então endêmica oferecia ao Comunismo.
Confrontado com esta realidade política o governo Truman iniciou um
programa que haveria de preserevar o capitalismo no continente. Ao
Plano somou-se o poderio militar norte americano, revelando-se
suficiente para conter o maior exército do mundo, o Soviético.
Na
periferia das grandes potenciais foram muitas as guerras. No Sudoeste
asiático, na África, no Oriente Médio os conflitos por procuração
dos dois impérios, um financeiro, o outro geográfico, ceifaram
vidas, patrimônio. Nestes anos ameaçadores, a Europa livre perdeu
suas colonias e submeteu-se ao seu grande aliado, único provedor da
segurança. Como se nascesse da coxa de Júpiter, surge a OTAN, mais
Marte do que Dionísio, aliança garantidora do velho Continente.
Finalmente,
quarenta e cinco anos depois ruí o Muro de Berlim concedendo a
vitória indiscutível aos países democráticos. Às portas de
Século XXI, os Estados Unidos assumem a liderança inconteste do
Planeta Terra.
Fast
Forward...
Poucos
homens tem o poder de alterar o rumo da história. Donald Trump, um
impetuoso businessman,
revela tênue cultura internacional,
confundindo diplomacia com deal making.
Detem
o poder de “virar
o jogo”.
Lastreado na agressiva cultura nova yorquina, considera que as
táticas negociais se aplicam ao diálogo com chefes de Estado. Não
conhecendo a história que liga Washington às demais nações,
desrespeita interesses legítimos e sensibilidades arraigadas. Já
demonstrou seu desprezo pelas instituições multilaterais, optando
pelo perigoso bilateralismo na solução de problemas.
Não
será impensável ver-se a Europa, a mais importante aliada, por
razões estratégicas, políticas e comerciais, abalada pela nova
realidade. Será o momento de repensar sua confortável dependência
na generosidade norte-americana? Ameaçada por embates internos, como
a deserção da pérfida Albion, a possível queda de Angela Merkel e a
preocupante ascenssão de Marine Le Pen, vê-se a União Europeia em
módulo defensivo.
Aos
acidentes domésticos soma-se, agora, a instabilidade na liderança
internacional. Novas exigências prometem tensionar a OTAN, nublando
a convergência de propósitos nas politicas comercial e de
segurança.
Ainda,
a singela percepção de Trump sobre as complexidades no Oriente
Médio, não favorece conclusões eficazes. Nesta região, amigos e
inimigos se confundem, ombro a ombro, tornando imprudente conclusões
apressadas. Sua modesta compreensão das circunstâncias históricas
e geo-políticas que movem os players no berço das três religiões
favorece decisões erradas e iniciativas perigosas.
Há cem anos as tropas norte-americanas desembarcam na França,
juntando-se aos exércitos francês, britânico, belga, português e
outros em sua luta contra o Império Germânico. Pouco depois, os
vencedores retalharam o Oriente Médio. Cabe a Donald Trump rever
estes tempos para entender como o presente foi construído. Só então
poderá tratar do futuro.
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