Nunca cometa-se o erro de acreditar em calmaria no Oriente Médio. O numero de protagonistas envolvidos no jogo de poder naquela região impede qualquer tentativa de pacificação, uma vez que cada agente tem sua agenda cuja coincidência com os interesses alheios, se houver, tenderá a ser passageira.
Todos, rigorosamente todos os
países semitas¹ estão envolvidos no
conflito de uma forma ou outra. A neutralidade é desconhecida e o engajamento
obrigatório. Igualmente presentes estão as grandes potenciais, estas
representadas pelos Estados Unidos e
Rússia, bem como as potenciais regionais, a Turquia e o Irã.
Movidos por fanatismo religioso, ódios históricos, cobiça territorial e ganância econômica os semitas eternizam suas mazelas, facilitadas pelos artificialismos geopolíticos advindos das continuas invasões de suas terras. No passado Gregos, Persas, Egípcios, Romanos, Mongóis, Turcos e Ingleses² invadiram, partilharam, transformaram e exploraram a seu bel prazer as terras tornadas ricas em petróleo, pobres em água, habitadas, porém, por gente singularmente resiliente fortalecida por uma religião guerreira.
Hoje, joga-se lá uma extremamente complexa partida de xadrez onde vários tabuleiros são superpostos e interconectados. Particularmente canhestro no trato do assunto, Washington, por aliar-se com elementos inimigos entre si, tem dificuldade em determinar qual o seu “end game”, qual o seu objetivo final.
Enquanto aliado da Turquia, os Estados Unidos fortalecem a minoria Curda, por sua vez inimiga mortal de Ancara. Enquanto combate o Estado Islâmico, apoia e arma pequeno contingente de rebeldes sírios, estes sob o comando da Al Qaeda³, inimigo mortal dos Estados Unidos. Estes, aliados do Iraque xiita, abastece a sunita Arábia Saudita em sua guerra contra o Iêmen xiita. O preço destas contradições se avoluma tornando improvável, senão inviável, o sucesso de seus planos.
Do ponto de vista ideológico, enquanto a Rússia apoia o regime secular de Bashar al Assad, protetor das minorias, dentre elas os xiitas e os cristãos, Washington, em aliança com a Arábia Saudita 4, apoia as forças Sunitas, ligadas ao Islã fanático, contra o regime Sírio.
É inevitável a perda de “produtividade político-militar” exibida por Washington, graças às incongruências de suas posições e alianças. Em contraste, seguindo uma agenda essencialmente antiterrorista, com alianças racionais e convergentes, parece formar-se um novo polo de poder regional.
A reunião recém convocada a se realizar em Moscou, com a presença da Turquia e do Irã, tem por base a vitória militar em Aleppo, dando ao conflito antiterrorista uma nova e eficaz configuração. Dela, emblematicamente, foi excluída a participação dos Estados Unidos.
Parece abrir-se uma nova pagina neste conflito, sob a liderança da Rússia com a inclusão do Irã, da Turquia, da Síria, e, possivelmente, com a eventual adesão implícita do Iraque.
A partir de 20 de janeiro, caberá ao governo Trump reavaliar a política norte-americana neste teatro. Juntar-se à Rússia na empreitada ou persistir no atual mosaico de alianças conflitantes? Será o assassinato dos embaixadores, o americano na Líbia, o russo na Turquia, o único traço que una as duas potencias?
1.
Judeus
e árabes são semitas.
2.
Trazendo
a reboque os Franceses
3.
Sob o
nome de Al Nousra
4.
Reino
sob domínio Wahabita, a mais radical versão Sunita
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