No Brasil, como todos
sabem, tudo pode acontecer. Se não é a invenção de novas coisas,
será a imaginosa
transformação de velhas práticas. Nestas
últimas semanas viu-se de tudo; as mais diversas
defenestrações, os mas curiosos nascimentos políticos (vide
o pimpolho Maia), as mais engenhosas
falcatruas, e, last
but not least, o mais surpreendente
desrespeito à corte suprema do país.
Este,
oferta de conhecido politico. Defeitos terá ele, porém acusá-lo de
falta de audácia, isso não. Comanda por conhecer as fraquezas de
seus comandados, cabra da peste petulante, queixo levantado de
Coronel dos pobres, capacidade impudica de torcer as
próprias
palavras, porém, não há como negar-lhe,
dedicado amante. O Tesouro Nacional que o diga.
Será
perspicaz aquele que do relato conclua ser o protagonista o
presidente do Senado. Seu combate à lei, ou, inversamente, sua
preferência pela impunidade, levou-o ao confronto com a opinião
predominante na sociedade. É questão de tempo; pagará. O aqui se
faz, aqui se paga teima em tornar-se a nova realidade brasileira.
Neste
quadro conturbado busca-se na corte máxima, no Supremo Tribunal
Federal um Norte, uma indicação para onde deve trilhar uma nação
desorientada pela incúria dos governantes.
Hoje,
o respeito institucional se concentra unicamente naquela senhora
vendada, balança na mão esquerda, espada no punho direito.
Os
que hoje exercem este poder, o de julgar e condenar, comandam o
respeito da Nação. Estes nove Ministros têm em suas mãos a
esperança de um Brasil melhor. Suas decisões não podem, sob o
risco de desmoronamento da base republicana e democrática,
sacrificar os princípios gravados em lei pelos benefícios fugazes do
casuísmo. Cada decisão sua exige uma nítida clareza onde a
isenção no julgamento e a autoridade da sentença dão-se as mãos.
Assim
sendo, observa-se a recente decisão do Supremo ao reverter a liminar
concedida pelo Ministro Marco Aurélio Mello, que determinara a remoção
do senador Renan Calheiros da presidência do Senado, por ter-se
tornado réu, condição incompatível com o cargo ocupado. A recusa
de Calheiros em receber o oficial de justiça, um crime de per se, e
de afastar-se da Presidência do Senado colocou em cheque a própria
Constituição brasileira que exige o cumprimento de decisão emanada
do Supremo Tribunal Federal.
Optou a vetusta côrte pelo casuísmo, relegando a segundo plano o espírito e a letra da lei. Concedeu a permanência de Calheiros revertendo decisão anterior.
Assim pagou-se o preço político, explícito e implícito, exigido por um Renan recém ressuscitado, para arregimentar o Senado em apoio ao Presidente. Sem ele a "PEC das despesas" não passaria? Resta saber se Renan Calheiros, em retribuição pelo apoio recebido, de fato jogará seu peso político em favor do presidente Temer. Que outras exigências e contrapartidas serão ainda exigidas pelo Senador?
Assim pagou-se o preço político, explícito e implícito, exigido por um Renan recém ressuscitado, para arregimentar o Senado em apoio ao Presidente. Sem ele a "PEC das despesas" não passaria? Resta saber se Renan Calheiros, em retribuição pelo apoio recebido, de fato jogará seu peso político em favor do presidente Temer. Que outras exigências e contrapartidas serão ainda exigidas pelo Senador?
Quanto
ao Supremo Tribunal, a este coube pagar o preço por toldar sua
imagem. Ao reverter a liminar concedida por
Marco Aurélio Mello,
validou-se a rebelião do político face
uma decisão da côrte suprema. Mantendo Renan na presidência do
Senado lavrou-se precedente para rebeldias futuras, onde as
soluções encontrar-se-ão nas “articulações” e não mais na
lei.
Face
à crise institucional resultante, o estamento político levou o
Tribunal a optar por decisão salomônica, em favor daquele que, pelo
seu desrespeito à lei, engendrou a crise. O veredito buscou
neutralizá-la, porém ao preço de toldar a imagem regeneradora do
tribunal.
Em breves minutos, flexibilizou-se o que deveria ser firme, e, ao fazê-lo, retirou da simbólica imagem da Justiça a sua venda, revelando o alerto olho do oportunismo.
Em breves minutos, flexibilizou-se o que deveria ser firme, e, ao fazê-lo, retirou da simbólica imagem da Justiça a sua venda, revelando o alerto olho do oportunismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário