Ao encerrar-se o período eleitoral constata-se o efeito da
revolução política que tomou conta do país. Em outros países tais mudanças
decorrem, habitualmente, de medidas virtuosas, tanto no campo econômico quanto
no político. O surgimento de novos líderes como Charles de Gaulle na França, Konrad Adenauer na Alemanha, Margaret Thatcher na Grã Bretanha e Ronald Reagan nos Estados Unidos, serviu de
catalisador de energias adormecidas e gerador
de novos conceitos ajustados à
necessidade da época.
Inegável sucesso acompanhou os novos caminhos por eles vislumbrados. Cumpriram a missão de impulsionar seus países de forma a dar-lhes maior substância e riqueza, até que os ventos do tempo trouxeram novas circunstâncias, novas ideias, novos objetivos e novos líderes.
No Brasil o caminho percorrido foi de outro teor. Depois de exaurida a etapa militar, onde os notáveis benefícios econômicos foram contaminados pela truculência de sua continuidade, seguiu-se a emergência de uma nova etapa democrática. A sede de liberdade decorrente da aridez das baionetas trouxe consigo o germe libertário, levando o ímpeto democrático à rejeição do bom e do mal passado, impondo uma tabula rasa alimentada pela vingança subjacente.
A classe política, protegida contra restrições denunciadas como autoritárias, vicejou com tímido balizamento moral e administrativo, somente o governo Cardoso escapando à regra. Os novos antigos líderes apossaram-se do poder pelo caminho mais fácil, aquele da demagogia, onde a dádiva imediata ao povo do povo retirava o bem estar futuro. A venda do amanhã pelo gozo do presente norteou a nova doutrina de poder, desrespeitando, com poucas exceções, os interesses permanentes da nação.
E assim, paulatina e inexoravelmente chegou-se à condição
inevitável onde o Estado, assaltado e
subjugado pela falsa promessa do
Eldorado, na verdade tornou-se prisioneiro de uma celeris societas cujo objetivo era sua perpetuação.
O plano, tido por perfeito, engendrado pelo Partido dos
Trabalhadores, fracassou. Perdeu-se o projeto por desconhecer o homem, por
considerá-lo invariavelmente corruptível. Escolhido pela conspirata, Joaquim Barbosa, homem
negro, estigmatizado, deu o primeiro
grande passo; abriu as comportas da indignação pública, trazendo sob vara os
primeiros poderosos a serem condenados no país. Um outro, Sergio Moro, destemido “juizeco”
do interior, desvendou os subterrâneos que
interligavam corruptores e corruptos. Dois
homens, apenas dois, cada qual no seu domínio, ligados pela coincidência e
pelo caráter, empreenderam a maior revolução vista no país.
Chega-se ao epílogo desta pequena estória, por conta das eleições
municipais recém encerradas. O protagonista neste pleito não foi este ou aquele
político, mas, sim, o povo. Foi este povo, enganado e decepcionado, que rejeitou os falsos profetas. O passeio
dos milhões, coberturas e mansões, não lhe deu emprego nem saciou-lhe a fome. Bem claro ficou, o rei petista e seu
séquito estavam nus. E cruel foi o preço
pago. O Partido dos trabalhadores tornou-se um espectro, um fantasma.
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