Foi dado o primeiro passo no processo eleitoral francês, a completar-se em abril/maio 2017. O turno inicial das “primárias” do partido Les Républicains encerra-se com a vitória de François Fillon. Ainda que um segundo turno deverá completar-se, confrontando Fillon e Allain Juppé, já fica constatada a derrota de Nicholas Sarkozy, este com parcos 21% dos eleitores. Tal resultado já indicam novos rumos a serem seguidos.
Enquanto
Juppé têm adotado posição moderada de centro, aceitando aliança
com segmentos da esquerda, já Fillon situa-se mais no
centro-direita, conquistando um eleitorado através de promessas
liberais, restabelecendo as 39 horas de trabalho, o aumento da idade
de aposentadoria, equalização das aposentadorias públicas e
privadas, abolição do Imposto sobre Fortuna, etc... Apesar de
diferenças quanto à intensidade das plataformas econômicas,
ambos são defensores da continuidade e avanço do projeto
pan-europeu.
A
escolha de um líder dentre estes dois torna-se alvissareira, são só
pela qualidade dos políticos escolhidos para liderar seu partido nas
próximas eleições, mas, talvez mais importante, pela retirada de Sarkozy do cenário político francês.
O eleitorado do maior partido francês
descartou os tons autoritários e racistas propalados pelo
presidente anterior, optando por uma visão mais abrangente que
deverá nortear tanto a França como a União Européia.
Contrariando
o clima anti União Européia acentuado pela vitória do Brexit,
apoiado pelo Front Nacional e defendido por alas radicais do
continente, a rejeição de Sarkozy revela uma opção pro-Europa
pelo mais importante partido da França, esta a segunda potência da
União Européia.
Na
vizinha Alemanha, Frau Merkel prepara-se para conquistar mais um
mandato, o quarto, reforçando, caso vitoriosa, o campo pró-UE. A
provável união de propósitos das duas maiores potências da União
Européia, se confirmada, ocorre oportunamente face à ascensão
potencialmente desestabilizante de Donald
Trump.
Ainda
que cedo para identificar a futura política externa norte-americana,
manifestações do novo Presidente prometem uma rodada de novas
discussões, revisoras dos acordos e práticas em vigor. Uma União
Europeia unida, liderada pelos seus dois países seminais, poderá dar novo fôlego ao notável, ainda que hesitante projeto unificador
e pacificador.
Estas
e outras eleições devem refletir a imponderabilidade dos pleitos neste mundo democrático em crise, evidenciada pelo Brexit, pela
eleição de Trump e a liderança de Fillon nestas primarias onde as
pesquisas prometiam um Juppé vitorioso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário