quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Emprego e desafio


Difícil será argumentar contra o controle de despesas públicas.  Depois do descalabro promovido pelo governo petista, onde ordenação  das despesas foi substituída por artifícios populistas, as consequências inevitáveis não poderiam ser evitadas.  O desregramento aconteceu, a economia soçobrou e o povo, aquele que realmente sofre, viu-se, mais uma vez enganado e abandonado por aqueles que pretendiam representá-lo.
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Numa reação surpreendente e admirável, a sociedade parece ter dado a volta por cima. Alijou do poder uma verdadeira máfia cuja missão aviltou-se na determinação de empolgar  e manter o poder a qualquer custo, sobretudo o moral. Desmontou a estrutura corroída que abrigava um misto de idealismo e esperteza, o primeiro se desfazendo no tempo em benefício do segundo.   

Assim, tem-se hoje um governo de coalizão suficientemente forte para redirecionar a economia para o caminho  do crescimento e do  bem comum.  Hoje mesmo, o governo e seus novos aliados, partidos da antiga oposição, levaram a PEC do Teto das Despesas a vencer  a  barreira da Câmara, o que lhe permite antever sucesso quando da etapa senatorial.  Pari passu, o Banco Central obtêm sucesso em sua luta anti-inflacionária, o BNDES se reorganiza contendo excessos anteriores, a Petrobras se redime estancando a hiper corrupção.

Caminha o Brasil para a solução de seus problemas...ou não? As medidas corajosas prometidas e até hoje tomadas obedecem ao receituário da administração prudente e eficaz, porém parece falta-lhe a outra perna, a busca do pleno emprego*  e a consequente evolução do consumo.

Sem a recuperação do poder de compra da classe média e remediada  o restante da economia empaca. As empresas não crescem, a receita fiscal estagna, e, sobretudo, aumenta-se exponencialmente a tensão sócio-política. Para os que duvidam da validade causal, basta observar os efeitos da prolongada recessão no quadro político norte americano, onde um socialista bem perto chegou e um populista ameaça chegar  às portas do poder.

A permanecer o atual cenário em que prepondera o desemprego, difícil será alcançar o sucesso a que se propõe o governo.

É bem verdade que o mundo de hoje não é o mesmo dos anos 30 do século passado.  Enquanto a economia mundial, longe de pujante, hoje trilha em modesta melhoria, naqueles idos o mundo enfrentava  séria depressão. No entanto, os países como a Alemanha post-Weimar e a Itália foram aqueles que mais rapidamente recuperaram suas economias no cenário europeu, através de robustos  programas pró-emprego. Franklin D. Rooseveldt, abraçando as teses de John Maynard Keynes, alcançou a inversão da tendência negativa iniciando uma recuperação  consagrada pela economia de guerra que se seguiu.

Sendo outros tempos,  outras serão as formulas. A enorme liquidez internacional que se observa  promete predisposição ao investimento no Brasil, a prazo longo e custo razoáveis,  onde oportunidades no campo da infra estrutura trarão consigo rápido e relevante impacto no nível de emprego.  Contar apenas com os benefícios da trickle down economy promete ser imprudente. As tensões sociais, aguçadas pela ubiquidade da internet e da mídia, dificilmente  serão contidas pela lenta resposta do já questionável gotejamento econômico.   


O calendário eleitoral de 2018 recomenda a pronta inversão das expectativas das classes média e trabalhadora. Cumprida a reversão renascerá  a esperança e a blindagem contra o resurgimento da demagogia populista.

*com os aperfeiçoamentos necessáriobs na CLT

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